Já se vai quase um mês desde que entrou em vigor a reforma ortográfica e eu ainda estou me acostumando que o vento levou o “chapéu” de voo e tirou o acento da ideia.
O etimologista Cláudio Moreno, sem nada melhor para fazer, contou que perderam o acento 904 paroxítonas com os ditongos “oi” e “ei” e 32 palavras com “u” e “i” tônicos após ditongo. 22 perderam o acento diferencial e 18 ficaram sem circunflexo em seus “oo”.
E o finado trema, que não era de todo inútil, deixou de existir em 358 palavras da nossa língua. Então, meu caro, nunca mais trema em cima da linguiça. A não ser, claro, que isso lhe apeteça.
A reforma ortográfica é bem-intencionada, porque pretende, ao unificar as grafias em todos os países lusófonos, dar mais vigor ao idioma. Algumas mudanças são fáceis de incorporar, outras mais complicadas. Acho que os portugueses terão mais dificuldades. Não, isso não é uma insinuação de piada para sacanear os patrícios d’além-mar. Mas é que eles, por exemplo, terão de trocar “facto” por “fato”. Escrever é fácil. Mas contrariando o ditado popular, falar é que é difícil.
Enfim, com o tempo quase tudo se resolve. Língua é dinâmica. Ou melhor, línguas são.
ps.: Não deixa de ser uma ironia do destino que a Reforma Ortográfica e a Lei Seca tenham sido assinadas no governo de um presidente que escreve mal e é bom de copo.
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