quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Cheio de graça e graxa

Bermuda, camiseta, chinelo e caixa de madeira velha de engraxate na mão. Então, o moleque chegou junto, cheio da ginga malandra carioca:


- Aí, Doutor, vai uma força na graxa aí, por gentileza?

Serviço feito.

- Valeu, Mestre, leva mais dois contos aí pela educação.

- Aí, mestre eu não sou ainda, não, mas eu chego lá. Agora, educação, claro que tenho, Doutor. Sou botafoguense, não sou flamenguista.

Foi nessa hora que este rubro-negro aqui quase esqueceu a sua própria educação...

Manual da redação

Preciso, direto e conciso este comentário de Ricardo Noblat, que tomo a liberdade de reproduzir aqui. O texto foi postado hoje 26/8, às 16h56, lá no Blog do Noblat. http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/08/26/sobre-imparcialidade-do-jornalista-319321.asp


"Sobre a imparcialidade do jornalista

Este é um dos mitos cultivados há mais de século: jornalista é imparcial. Ou tem obrigação de ser.

Ninguém é imparcial. Porque você é obrigado a fazer escolhas a todo instante. E ao fazer toma partido.

Quando destaco mais uma notícia do que outra faço uma escolha. Tomo partido.

Quando opino a respeito de qualquer coisa tomo partido.

Cobre-se do jornalista honestidade.

Não posso inventar nada. Não posso mentir. Não posso manipular fatos.

Mas posso errar - como qualquer um pode. E quando erro devo admitir o erro e me desculpar por ele.

Cobre-se do jornalista independência.

Não posso omitir informações ou subvertê-las para servir aos meus interesses ou a interesses alheios.

Se me limito a dar uma notícia devo ser objetivo. Cabe aos leitores tirarem suas próprias conclusões.

Se comento uma notícia ou analiso um fato, ofereço minhas próprias conclusões. Cabe aos leitores refletir a respeito, concordar, divergir ou se manter indiferente.

Jornalista é um incômodo. E é assim que deve ser. Se não for não é jornalista."

terça-feira, 24 de agosto de 2010

42

42 hoje. Mesma idade com que Elvis morreu. Se Elvis tivesse morrido, é óbvio. Nem novo, nem velho. Mais ou menos. No meio do caminho (espero). Experiente. Maduro. Homem feito. Pronto. Ok, vá lá, semi-pronto. Afinal, pronto mesmo nunca se está.


Vivi pra caramba. Me falta outro tanto. Mas estou quite. É. Estou quite com meu passado e quite com meus sonhos. Não consegui tudo o que queria, não sou tudo o que gostaria. Mas tô bem legal. Me perdôo. Me aceito. Me curto.

Fico mais reflexivo que contente em aniversários. Não gosto que cantem parabéns. Mas recebo de bom grado abraços, beijos, palavras. Fico meio sem graça e olha que é difícil eu ficar envergonhado. É sempre assim, todo ano. Sou virginiano. Mas não acredito em horóscopo. Tampouco em religiões. Não acredito em muita coisa. “Homem de pouca fé”, diz um amigo. Homem de muita sorte, digo eu. Sou afortunado. Bem humorado. Feliz.

E sigo tentando fazer da vida uma coletânea de alegrias, pequenas e grandes. E aproveito para dizer o quanto é bom viver ao lado de quem faz eu me sentir assim. Renovado.





ps.: Quer me dar um presente? Torne-se seguidor(a) deste mar de coisa. É só clicar ali, à direita, no cardume. Valeu!

domingo, 22 de agosto de 2010

A voz não engorda

Mariah Carey sempre esteve ali no tênue limite entre a gordura e gostosura, e em seus clipes ela dá a impressão de se achar a mais maravilhosa das mulheres. Usa todos aqueles clichês: caras & bocas, decotes para valorizar o peitão e roupas curtíssimas ou tão justas que não sei como ela consegue respirar. Mas ok, nós homens, somos assim mesmo: gostamos dessa sensualidade óbvia que tangencia o vulgar.


Somos fáceis e isso nos impressiona. Assim como é impressionante como as mulheres, de maneira geral, se incomodam e adoram falar mal dos corpos das outras. Li no portal Terra que na noite da última quinta-feira, 19/8, a jornalista da Rede Globo, Renata Capucci, usou o Twitter para detonar a cantora Mariah Carey que veio se apresentar na festa de Barretos, no interior de São Paulo. "O que é a Mariah Carey?????????????????? Que bucho!!!! Uma baleia, gente!!!", escreveu. Em seguida, completou: "Desculpem as exclamações, mas é que tomei um susto! Ela tá enooooome. Ainda bem que a voz não engorda."

A questão aqui não é se Mariah está ou não muito acima do peso. O que me causou estranheza foi uma jornalista, ainda que usando um canal de comunicação pessoal, pegar pesado com a personagem da pauta que ela foi cobrir. É ético, do ponto de vista profissional?

Se a Mariah está a fim de se tornar Aretha Franklin, deixa ela, pô.

Mariah em SP, em 19/8. Foto: Grizar Junior/AE

Humor livre

Condenável é a censura. E não há eufemismo para o que determina a lei eleitoral que proíbe emissoras de rádio e TV de usarem “trucagem, montagem ou outro recurso de áudio e vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação.”


A censura é torpe, deplorável, revoltante, nojenta, vergonhosa e ridícula. Praticamente os mesmos adjetivos aplicáveis a maior parte dos políticos de nosso País.

Não há tema ou tabu que não possa ser objeto de trabalho do humor. Seja política, seja religião, seja grupo social, seja doença, seja tragédia. A piada pode ser boa ou ruim. Engraçada ou idiota. Grosseira ou inteligente. De bom ou de mau gosto. Mas não pode ser vetada.

Hoje, acontece passeata na orla em Copacabana pelo humor sem censura. Os humoristas não podem perder a piada.

Ela e ele

A trilha sonora da minha noite de sábado foi Tok Tok Tok. Não, não foi ninguém batendo à porta insistentemente, mas sim o duo formado pela cantora nigeriana Tokunbo Akinro (linda) e o multi-instrumentista alemão Morten Klein. A banda existe desde 1998 e já lançou doze álbuns, mesmo número de anos em que eu estou atrasado em conhecê-los e em dar esta dica.


Passei a noite ouvindo ao álbum “She and He”, o penúltimo, de 2008. Tinha lido há tempos uma crítica favorável e ontem, fuçando prateleira, me deparei com o disco. Sou antigo, vocês sabem. Não vivo só de downloads. Sim, eu ainda compro CD (pirata, jamais!). Hoje, são cerca de 1.300 organizados na estante. Já foram muitos mais, mas em um dos divórcios, tivemos que dividir a coleção, já que ela também era aficionada por música. Posso lhes assegurar que dividir os discos é tarefa dolorosíssima, dentre as várias que uma separação envolve.

Enfim, vamos ao som do Tok Tok Tok. Misto de soul e de jazz, sensual, gostoso de ouvir. Foi bom pra mim.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Eles

Maria e João se casaram e tiveram um menino, o Filho A.
Poucos anos depois, Maria e João se separaram.
Mais adiante, Maria conheceu José, se casaram e nasceu outro menino, o Filho B.
Não tardou e Maria e José se separaram.
Numa reunião de pais e mestres na escola das crianças, João e José tiveram a oportunidade de conversar mais, já que antes só se cumprimentavam naqueles encontros breves entre atuais e ex-cônjuges no rodízio de filhos.
Num chopp na semana seguinte, descobriram muitas afinidades, além de falar mal da Maria.
João e José se casaram e criam juntos os meninos A e B.
Maria faz terapia.
A terapeuta faz cara de parede.

Johnnyzinho

Teacher:
“Can you tell me the name of 3 great Kings who have brought happiness & peace into people's lives?”


Student ("Johnnyzinho"):
“Smo-king, Drin-king and Fuc-king”.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O mundo vai ser nosso outra vez

O mundo vai ser nosso outra vez. Bem, na real, nunca foi, nem nunca será. The dream is over desde 1970.


Mas estive lá no primeiro Rock in Rio, em 1985, e estarei lá no final de setembro e início de outubro de 2011. Minha carreira de espectador shows começou em 1982, com Peter Frampton. Em seguida, Kiss no Maracanã em 1983 e depois alguns Rock in Rio, vários Hollywood Rock e dezenas de shows avulsos.

No clipe oficial do ainda empolgante tema do festival, causam estranheza as presenças de Sandra de Sá, Ivo Meirelles e Ivete Sangalo (com um dedinho ao estilo chacrete ao final do vídeo). Mas houve estranhos no ninho desde a primeira edição.

Entre os que seriam bem-vindos, senti falta de Herbert Vianna. Os Paralamas fizeram uma apresentação consagradora naquela época.

No mais, fiquemos com o uivo sexy da Pitty.

E com o sonho. Sempre com o sonho.

domingo, 15 de agosto de 2010

Original


Eu não devoraria Leonardo Di Caprio como um dia Caetano Veloso disse que faria. Mas admiro o trabalho do ator desde que, aos 19 anos, foi indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante interpretando um adolescente excepcional em “Gilbert Grape, o Aprendiz de Sonhos”. Isso foi bem antes de ele se tornar The King of The World na proa do “Titanic”.


Então, fui assistir a “A Origem” (“Inception”, no título original), o novo blockbuster em que ele atua. Resumindo toscamente, ele é um cara que entra no cérebro das pessoas durante os sonhos e rouba suas ideias. Só que desta vez, ao invés de extrair, ele tem que inserir uma ideia na cabeça do herdeiro de uma mega corporação.

E aí chegamos ao ponto. Não o final, mas o de partida. Sempre que assisto a filmes assim, fico tentando imaginar como funciona a cabeça do autor. Como é que surge a ideia de criar um roteiro cheio de nuances, em que as pessoas descem a quatro níveis dentro do subconsciente e em cada camada se travam lutas, conflitos e há revelações, habitantes, cenários, regras, mundos paralelos. Ufa, uma confusão do cacete. O que me fascina é como são os sujeitos e como eles criaram coisas malucas como, por exemplo, este “A Origem”, “Minority Report”, “Senhor dos Anéis”, “Matrix”, e outros tantos e tais. Enfim, quero saber a origem mesmo. Em vão.

Sobre o filme, endosso as palavras do jornalista Maurício Stycer (http://mauriciostycer.blog.uol.com.br/): “Não há o que entender ou deixar de entender em ‘A Origem’. É só diversão”. E, de fato, ele diverte.

Aliás, em relação à vida, também deveria ser assim, né não?

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Adiós, palomas

Li no Pelo Mundo, o blog dos correspondentes da Folha de S.Paulo, que “a Prefeitura de Barcelona contratou a morte de mais 64.700 pombas até o final do próximo ano. As aves são mortas asfixiadas por dióxido de carbono depois de serem capturadas por uma empresa especializada, com redes.


Um levantamento indicou que havia até 6.500 pombas por quilômetro quadrado em Barcelona, número considerado muito acima do recomendado por especialistas em questões sanitárias.

Funcionários da prefeitura criticam o hábito de alimentar as pombas na rua. Mas o método que escolheram para matar as aves é criticado por ambientalistas.”

O texto foi escrito por Roberto Dias e cerca de 10 horas após sua publicação havia 31 comentários, a maioria contrária ao extermínio dos pombos. Quer saber o que eu acho? Sou a favor, claro. Já escrevi aqui no Mar de Coisa duas vezes pró-columbicídio. E você, o que pensa?

Fonte: http://pelomundo.folha.blog.uol.com.br/arch2010-08-08_2010-08-14.html

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sem GPS

A loura nos abordou numa esquina com acentuado sotaque nordestino:


- Brasileiros?

- Sim. Respondemos, eu já com certo receio de ter dado a resposta errada.

- Mas brasileiros mesmo? Insistiu ela como se houvesse gente de outras nacionalidades em “Brasiloche”. Mal há argentinos por lá.

- Sim. Repetimos.

- É que eu estava andando com meu noivo e me perdi dele...

- Hã?! Como assim?!

Não fizemos o teste do bafômetro, mas eram 11h da manhã e posso lhes assegurar que ela estava sóbria.

- Eu estava andando, olhando as coisas, me distraí e a gente se perdeu um do outro.

Minha mulher, boa samaritana, tentou ajudar.

- Você não sabe em que hotel você está?

- Não. Quer dizer, eu sei qual é, mas não sei o nome da rua, nem do hotel...

- Um ponto de referência, um restaurante talvez.

- Ah, tem. O fondue.

Até a santa da minha mulher já estava perdendo a paciência.

- Mas quase todos os restaurantes de Bariloche servem fondue. Você não sabe o nome?

- Não...

- Olha só, para não desencontrar de novo, é melhor você ficar por aqui, perto de onde vocês estavam. Ele também deve estar te procurando.

Na boa, se fosse eu o noivo, não estaria procurando, não. Estaria feliz da vida num táxi rumo ao aeroporto.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Conversas na mesa ao lado I


Minha mulher é jornalista e também não desliga nunca. O radar está sempre funcionando. E não é que nos falte assunto (felizmente não somos aqueles casais deprimentes que não trocam palavra durante o jantar), mas prestamos muita atenção em tudo que se desenrola ao redor. Inclusive conversas alheias, ô coisa feia. Fazemos as duas coisas ao mesmo tempo. Conversamos e prestamos atenção no entorno.

Então, inaugurando a série conversas na mesa ao lado, estávamos jantando um bom filé com vinho quando ouvimos que “ela é um dragão”.

Volta a fita: um casal janta com um guri de cerca de 10 anos. Filho dela, enteado dele. Ela, loura, olhos claros, bonita hoje, mas menos do que deve ter sido uns anos atrás. Estilo ex-modelo. Ele, marrento, metido a mais jovem do que é, pretenso estilo, contador de vantagem. Falou para o guri que tinha ficado com a Camila Pitanga no início da adolescência. Aqueles namoricos quase infantis.

A loura, despeitada, reagiu: “huum, mas eu acho ela um dragão”.

Primeira e óbvia conclusão: tem gente que não tem espelho em casa. Para chegar à segunda conclusão, precisei esperar que acabassem de jantar. Quando a loura se levantou, vi que, além de despeitada, ela era também desbundada.

Já a Camila Pitanga, linda, valha-me meu São Jorge...