sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

La Marra

La Bombonera. Foto: Leandro Wirz


Sou carioca e flamenguista, dois atributos – ou melhor, duas virtudes – que me tornam marrento. Mas mesmo marrento, sei reconhecer meu lugar. Sou mero aprendiz. Existem marrentos muito mais adoráveis do que eu: Romário, Liam Gallagher, Prince e até o marrento-bufão Túlio Maravilha. E outros mais marrentos, mas nem tão adoráveis: Ed Motta, Nelson Piquet, Edmundo.

Recentemente, fiz a peregrinação à Catedral da Marra. Claro, fica na Argentina. Você conhece povo mais marrento? Se você comprar na Bolsa um argentino por quanto ele vale e conseguir revender pelo valor que ele acha que vale, não há crise econômica mundial. Não há Dow Jones ou Ibovespa que segure. É investimento de lucro certo.

Use seu Google Maps e vá aproximando a imagem. Argentina, Buenos Aires, La Boca, La Bombonera. Chegamos. Ninguém é mais marrento nesse mundo do que um argentino residente no bairro de La Boca e torcedor do Boca Juniors. La Boca é como Belém para os católicos. Deus veio de lá. Pelo menos, o deus deles.

La Bombonera, o estádio do Boca, faz nossos alçapões parecerem hospitaleiros campos neutros. O time visitante já começa perdendo. Enquanto o time da casa entra em campo por uma – com trocadilho – boca grande, o túnel do time de fora é um corredor estreito e opressivo. O gramado tem as menores dimensões oficiais possíveis e as arquibancadas são extremamente verticalizadas, de forma que a torcida fica assustadoramente próxima dos jogadores adversários. E pode ser bastante “amistosa” com os visitantes. É pressão pura. Bafo quente no cangote.

Os boquenses, claro, arrotam que La Bombonera é a catedral do futebol. Visão tão míope e limitada que soa ridícula, ainda que afirmem que Deus se criou lá. Mas a gente alivia porque sabe como esses argentinos são marrentos. La Bombonera é, na verdade, a catedral da marra.

Camisetas à venda nas lojas de souvenires ao redor dão a dimensão da marra: Numa, lia-se “La Republica Popular de La Boca”, elevando o bairro de origem proletária a uma nação. Ora, amigos, nação, para mim, é a rubro-negra. Que tem mais torcedores do que toda a população da Argentina. (Circulando por Buenos Aires, vi uma mulher com uma similar nacional, embora bairrista e não futebolística. Estava escrito: “Nacionalidade:carioca”). Outro exemplo, ainda mais contundente são camisas na linha “Yo vi D10s”, em um trocadilho visual do número 10, de Maradona, com a palavra Díos. Tem uns malucos fundamentalistas que até fundaram uma religião, o Maradonismo, na qual o marrento-mór Diego Armando é O Próprio. Não dá para levar a sério. Eu nunca vi Deus (nem estou com pressa para isso), mas tenho certeza de que ele não tem a cara do Maradona. Pelas imagens que já vi, Deus parece mais com o Zico.

A solidariedade marrenta me faz simpatizar com o Boca Juniors, o time mais popular (nos dois sentidos) de lá, assim como o Flamengo é o daqui. Além disso, seria impossível eu torcer pelo time da elite de lá, o River Plate, apesar do patrocínio da brasileira Petrobras. É que o uniforme do River traz uma faixa diagonal que sobe da direita para a esquerda. As cores são diferentes, mas já pensou se alguém me vê usando isso e pensa que eu sou torcedor de um time cruz-maltino que vai disputar a Segunda Divisão este ano?! Deus me livre. Além disso, a camisa do River traz nas costas, ali bem juntinho da nuca, a frase “El más grande”. Eu, hem! Esses argentinos...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

É Carnaval!!!!! UUUhhhhuuuuuu!!!!!!

"5 dias de folia não compensam os outros 360". Em muro no Humaitá, Rio. Foto: Leandro Wirz

Outra noite, fui ao aniversário de um grande amigo, praticamente um irmão caçula, numa boate moderninha. Eu e minha mulher fomos recebidos pela hostess, também amiga do aniversariante. Quando soube do motivo de nossa ida ao local, ela se transformou como se tivéssemos apertado um botão. Ficou eufórica, esfuziante, tresloucada, excitadíssima numa vibe exagerada e totalmente diferente da nossa, mais serena. Nos entreolhamos e ficamos parados com cara de paisagem diante da moça que, minutos depois, sossegou a periquita.

Uso esse exemplo extemporâneo para falar do carnaval.

Quando eu era jovem (o que não faz tanto tempo assim) e solteiro (o que faz muito tempo, já que venho emendando longos relacionamentos) eu gostava de carnaval. Naquela época, os hormônios à flor da pele mandavam em mim mais do que mandam hoje e os dias de folia tinham basicamente dois objetivos: ficar doidão, usando aditivos diversos, e beijar na boca até a língua ter cãibra.

Eram outros tempos e não precisava beijar dez, doze, dezenove parceiras numa noite, como a garotada busca fazer hoje, sem sequer saber o nome da dona da língua. Bastava beijar uma mulher por noite porque a meta era trocar amassos fogosos e, com algum talento e sorte, terminar fazendo sexo com aquele amor eterno de uma noite só.

Hoje em dia, os blocos superlotam as ruas e dão um nó no trânsito. Detesto. Não tenho mais vinte anos. Sou ruim da cabeça e doente do pé. Não gosto de samba e bom sujeito não sou.

O que sempre me intrigou no Carnaval carioca e suas variantes baiana ou pernambucana é a euforia despropositada, exagerada, desmedida.

Toca uma musiquinha qualquer, ruim na maioria das vezes, e as pessoas, do nada, começam a quicar e a gritar numa alegria infundada, extrema, sem motivo algum. Como se simplesmente virassem uma chave e agora fosse a hora de celebrar entusiasticamente qualquer coisa super importante da vida.

Vejam bem, não faço apologia da melancolia blasé, que, na pretensão de ser cool, revela, na verdade, afetação. E é igualmente irritante e incoerente. Mas eu nunca consegui – nem nos etílicos carnavais da minha juventude – transformar-me subitamente nesse hiper animado Gremlin às avessas.

Dito isso, meus caros leitores, divirtam-se na folia momesca. Viajo. A gente se fala nas cinzas.
Ashes to ashes. Dust to dust.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Coletivo carioca

O Rio de Janeiro cabe num ônibus. A princípio, pode parecer que isso não tem o menor cabimento. Mas eu explico.

Costumo ir à praia de bicicleta. Mas no último sábado, como tinha um almoço pós-praia e não teria onde guardar minha bike, encarei o 157, Central-Gávea.

De cara, peguei o ônibus errado. O que não tem graça nenhuma nem quando é de graça, ainda mais quando custa R$ 2,50. Enquanto sacolejava, espremido entre trocentos e cinquenta e três passageiros, à mercê da direção dolosa do motorista, percebi que o ar-condicionado não dava vazão, óbvio. Todos fechados ali, bufando no cangote alheio, criávamos um ambiente no mínimo insalubre. Eu deveria ter pego o 157 sem ar-condicionado, mas de janelas abertas. Nesse caso, o clássico slogan da empresa dedetizadora – “É um pouco mais caro, ah, mas é muito melhor”, não se aplica.

O ônibus estava cheio de estudantes do tradicional Colégio Santo Inácio, saindo da aula matutina de sábado, jovens dourados indo à praia e elas – Fatinha e Vanessa.

Se você tem um fiapo de curiosidade deve estar se perguntando quem são Fatinha e Vanessa. Mas antes, eu preciso contar sobre a moradora da Lagoa.

Uma senhora sentada lá na frente do ônibus resolve descer em seu ponto. Lá vem ela, tentando ser tão gentil quanto é possível a uma pessoa que carrega três sacolas em um ônibus lotado. Esbarrando em todos, ela se desculpa: - “Gente, eu preciso descer, eu não posso mudar de casa”.

Fatinha e Vanessa tornaram meu calvário naquele busão suportável. Muito antes de chegar ao meu ponto, eu já estava completamente entretido pela conversa delas e do amigo Adailton, cujo nome elas invariavelmente pronunciavam sem a consoante final.

Os traseiros de Fatinha e Vanessa, condensados em justíssimos shorts jeans, não fariam feio num baile funk e aposto que não fizeram no Terreirão do Samba, onde haviam passado a noite anterior bebendo cerveja até às 6h. Por conta do exagero etílico da madrugada, Fatinha garantia que naquele sábado só “beberia muito líquido”.

No ônibus elas estavam aflitas para encontrar o “broco” carnavalesco que, conforme prometido pelo Adailto, desfilaria ali na Lagoa. Traziam uns tabuleiros de madeira e mochilas cheias, de forma que deduzi que venderiam alguma coisa aos foliões da Zona Sul.

O que me fez mesmo debruçar de modo invasivo sobre as duas e sua conversa foi a história da amiga Cristiane.

Cristiane havia comido, em um churrasco na laje oferecido por uma rival amorosa, um espetinho de coração. Foi tiro e queda. No dia seguinte, amanheceu paralisada das pernas. O namorado, pivô da desavença, chegou a sentir um aperto no peito e alertar: não coma isso. Mas os olhos de Cristiane foram maiores do que a barriga e ela acreditara nas boas intenções da outra.

Vanessa vaticinou: “Foi macumba do mal.” E Fatinha, malandra escolada, completou: “É por isso que eu não como nada que me oferecem. Eu, hem, sei lá!”

Levaram Cristiane a um centro espírita na tentativa de reverter aquele trabalho terrível. Mas não adiantou. Ela continuou a definhar e agora já não fala coisa com coisa. Fatinha nem gosta mais de visitá-la. Ver essas coisas lhe parte o coração.

Àquela altura, eu viajava, não naquele ônibus, mas na idéia de que o Rio, metonimicamente, estava todo ali: o carnaval de rua, o samba no Terreirão, a cerveja, as ambulantes, os alunos da escola de bacanas, os moradores da Zona Sul, as louras e as negras, a religiosidade, a praia, o calor, a pouca roupa, a descontração. Faltou o futebol, mas esse, literalmente, não anda bem das pernas.

Enfim, Fatinha e Vanessa avistaram, pela janela do coletivo, os playboys, as gatinhas, os vendedores de cerveja. E levantaram, nada discretas, gritando ao motorista:
- “Ô coisinha, pára aí pra mim descer, olha o broco!!”

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Tiozão

Hoje cedo, saí para comprar pão e cruzei na rua com uma foliã de vinte e poucos, tentadora em sua fantasia de diabinha, indo concentrar no Suvaco do Cristo.

Então, ela disse:

- “Lindo o seu cachorro, senhor.”

Meu cachorro, educado, agradeceu.

Mas eu senti o peso da idade.

Criança que faz criança...


Esta semana, os jornais ingleses fizeram correr o mundo a notícia de um garoto de 13 anos e de uma menina de 15 que acabam de ser pais. Alfie Patten tinha 12 quando engravidou a namorada, Chantelle Steadman. Ambos esconderam a gravidez nas 18 primeiras semanas. A filha, Maisie Roxanne, nasceu na segunda-feira passada, 9/2. O caso chamou mais atenção porque o garoto, na verdade, parece um moleque de oito.

Neste meu Brasil varonil, gravidez de adolescente é, lamentavelmente, coisa corriqueira. Vide, apenas como exemplo, outra gravidez anunciada nesta semana: a da filha de 15 anos da funkeira carioca Tati Quebra Barraco, que tornar-se-á avó aos 29 anos!! Afinal, tradição é para ser respeitada.

No jornal O Dia, edição de hoje na internet, li também que mãe e filha, respectivamente de 33 e de 14 anos, estão ambas grávidas de oito meses. Família que engravida unida ...

Ou seja, educação sexual se aprende (ou se desaprende) em casa.

Muito “educativa” é também a atitude do pai do adolescente Alfie, que avisou que pretende ganhar dinheiro com toda a história. Tudo vira showbiz.

Que falta fazem umas aulas de educação sexual, um pouco de juízo, um tanto de responsabilidade, uns métodos contraceptivos e, em casos extremos, até mesmo um aborto.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

No topo da parada




Amiga mais chegada que uma irmã me trouxe de Atlanta dois discos de presente: “Working on a dream”, de Bruce Springsteen e “The Fray”, homônimo à banda.

Bruce Springsteen sempre foi um cantor democrata. Desde sua estréia em 1973, conta estórias do americano médio, dos meio ferrados, dos feios, dos infelizes, dos batalhadores em busca do sonho americano. Durante o período das trevas do governo Bush, lançou odes aos heróis do 11 de setembro e discos de protesto.

Recentemente, tocou na posse de Obama e na final do Superbowl, campeonato de futebol americano, assistida por 100 milhões de telespectadores. A música, nos dois eventos, foi a que dá título ao seu décimo sexto álbum de estúdio: “Working on a dream”.

O disco abre com um épico de primeira, a longa e ótima “Outlaw Pete”, sobre um carinha que começou menino a assaltar bancos. Com direito a citação instrumental do clássico "I was made for loving you", do Kiss. A segunda faixa, "My Lucky Day", traz o que Springsteen tem de pior: otimismo. Que se repete na terceira, a faixa título, com seu discurso oportuno em tempo de crise. A quarta canção é uma boa balada, mas no pior estilo Roberto Carlos: “Queen of the supermarket” é brega até o último produto da gôndola no mercado, mas é uma delícia.

Depois, o disco volta a engrenar e vai bem em mais sete faixas até o final, que empolgam, embora vez ou outra o tom um pouco épico e grandiloquente canse um pouco. Bruce sabe envelhecer bem. Tem estilo próprio, a voz miúda e rouca é, inconfundível e viril, a guitarra tem uma levada simples e ele conta com a sua afiadíssima e veterana E-Street Band, capitaneada por Little Steven. O disco é ótimo, daqueles que você ouve inteiro. Mesmo as faixas mais fraquinhas não precisam ser puladas.

Para quem ainda se liga nessas antiguidades, o novo disco tem bela capa e encarte. E traz como faixa bônus a ótima "The Wrestler", com versos tão tristes como "If you've ever seen a one legged dog then you've seen me" (se você já viu um cachorro de uma perna só, você já me viu). A canção, feita especialmente para o filme "O Lutador", de Darren Aronofsky, foi encomendada pelo amigo Mickey Rourke, que faz o papel principal. O redivivo Rourke ganhou o Globo de Ouro e tem grandes chances de faturar o Oscar.

Nesta semana, o CD do The Fray desbancou o de Bruce Sprinsteen no topo da parada norte-americana. Trata-se do segundo disco desta banda de Denver formada em 2002 por Isaac Slade (voz e piano) e Joe King (guitarra e voz). Seu CD de estreia, "How to save a life", vendeu mais de 3 milhões de cópias e lhes rendeu três indicações ao Grammy.


É bom rock, flerta com o pop, moderninho, ligeiramente melancólico, calcado no piano e também se ouve inteiro, com algumas canções merecendo mais atenção. Não chega a provocar emoções fortes, mas é bem bacana.

Podres poderes

Nas últimas semanas, não tive tempo – e às vezes, disposição - o bastante para escrever sobre os assuntos que me chamaram atenção. Enfim, vou convenientemente me apegar ao lema de que antes tarde do que nunca para não deixar passar algumas coisas em branco. Peço desculpas pelo delay, mas confio que meus leitores tenham “o vício da amizade” e me absolvam pelo texto dormido.

Foi colocando a culpa nesse vício que o ex-Corregedor da Câmara dos Deputados, Edmar Moreira, do DEM, justificou porque acreditava que deputados não deviam julgar deputados. Isso me fez lembrar uma frase repetida exaustivamente em O Planeta dos Macacos: “Símios não matarão símios”. Claro que a regra foi quebrada, entre primatas e humanos, há tempos. O deputado teve seus lamentáveis 15 minutos de fama e chocou o País com o seu suntuoso castelo erguido no meio de São João Nepomuceno, cidade pequena de Minas Gerais que foi, então, encontrada no mapa. Além de ser um provável indício de enriquecimento ilícito, a obra faraônica aponta para um ego inflado, megalômano. O sujeito tem que ser muito doente para construir aquilo. Não sei é caso de cadeia, mas certamente é caso para muita terapia.

Sonia Racy, em sua coluna no Estadão, de 11.02.2009, escreveu que: “Hoje é o Dia do Zelador. Que seria dos vereadores, se não tivessem essas coisas para cuidar?”. Pois é, o Dia do Zelador é tão irrelevante como o Dia do Jornalista, ou o Dia do Publicitário, ou o Dia do Vereador, se é que há um. Aliás, tem coisa mais irrelevante que vereador?

No âmbito do Poder Executivo, Tia Dilma está em escancarada campanha eleitoral, apesar das óbvias negativas governistas.

Os Excelentíssimos Ministros do Supremo Tribunal do Federal, com honrosas exceções de Joaquim Barbosa e Ellen Gracie, decidiram, encastelados em seu reino da fantasia jurídica, que a impunidade é mesmo a lei número 1 deste País.

Em suma, o que entendi é o seguinte: criminoso tem que responder processo em liberdade. O meliante só pode ir em cana depois que a condenação transitar em julgado. Ou seja, depois que não couberem mais recursos jurídicos. Como a legislação brasileira tem mais janelas do que o Windows Vista e é super mega hiper ultra lerda, ninguém vai para cadeia. Até que o caso chegue à última instância, o crime já prescreveu.

Teve ministro que justificou o voto alegando que prisões estão super lotadas. Preso estou eu, atrás das grades do meu prédio classe média, sem poder sair as ruas depois de determinada hora, porque o poder público não cumpre o seu papel de oferecer segurança aos cidadãos.

“Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval
Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase
Ser indecente mas tudo é muito mau” – Caetano Veloso

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Conversas de cafetinas


Nesta quarta, 11/2, acontece o lançamento de um livro arretado: “Conversas de cafetinas”, do meu amigo Sérgio Maggio, subeditor do jornal Correio Braziliense. O livro é um mergulho na vida de oito cafetinas de Salvador e cidades do interior baiano. A pesquisa de Sérgio também resultou na peça teatral “Cabaré das Donzelas Inocentes”, que foi selecionada para a programação deste ano do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília. Eu tive o privilégio de ler o texto da peça e aposto no sucesso.

Enquanto as meninas não estão no palco, vamos nos deliciar com a leitura do livro, bem temperado na pimenta e no dendê.

"Conversas de Cafetinas"
Noite de autógrafos de Sérgio Maggio
Editora: Arquipélago Editorial
Local: Livraria Saraiva Shopping Salvador - Av. Tancredo Neves, s/nº - Salvador
Dia: 11 de fevereiro
Hora: a partir das 19h
Investimento: R$ 31

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Play


Faça um minuto de silêncio. Ou melhor, passe um minuto sorrindo. Homenagem a um cara chamado Hans Beck, que morreu em 30 de janeiro, aos 79 anos. Se você nasceu depois de 1974, provavelmente se divertiu muito graças a este alemão.

Foi ele quem criou um bonequinho de 7,5 cm, que, seguindo o mesmo desenho básico, é vendido paramentado como soldado, caubói, pirata, legionário, índio, policial, operário etc (calma, não se empolgue, não estou descrevendo o Village People).

Falo do Playmobil, brinquedo lúdico e educativo, responsável por alguns momentos muito especiais da minha infância.

Danke, Hans!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Economia doméstica



Hoje cedo, quando voltava do passeio matinal com meu cachorro, ouvi a conversa do porteiro do prédio com um amigo dele:

- “É melhor ser corno do que pagar pensão. Porque o dinheiro que você paga de pensão para ela, vai para ela e para o Ricardão.”

Faz sentido.

Ou não.

Porque se você paga pensão, é porque ela é a sua ex. Se ela é sua ex, você não é (mais) corno. E dane-se como ela gasta o dinheiro que era seu, mas agora é dela.

Tenho para mim que pior é ser corno. E ela usar o seu dinheiro para ficar linda e cheirosa para o Ricardão é o menor dos problemas nesse caso. No caso dela com o Ricardão.

Me parece que o porteiro é um sujeito econômico, zeloso com o seu dinheiro. Ser corno sai mais em conta, segundo seu planejamento orçamentário.

O que sei é que ouvindo esse papo brabo, estilo Reginaldo Rossi, logo de manhã, me lembrei de uma sentença do filme/livro “Pequeno Dicionário Amoroso”, dirigido por Sandra Werneck e estrelado por Andréa Beltrão e Daniel Dantas na década de 1990:

-“Mulher é por um tempo. Ex-mulher é para sempre”.

Talvez o porteiro tenha assistido a este filme.

Verão

O calor infernal que tem feito nos últimos dias no Rio de Janeiro me convence de que o ar condicionado é a melhor invenção da humanidade.
Depois da roda e da pólvora.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Coisas do mundinho

Saiu no caderno Ela, do O Globo, no sábado, 31/01. Front São Paulo, com Carolina Isabel Novaes e Patrícia Veiga cobrindo a São Paulo Fashion Week:

“Existe uma explicação – Nobu Oagta, da grife OEstudio, explicou o que significava o vaso sanitário exposto na passarela: o gráfico (feito de linha vermelha) mostrava as oscilações da Bolsa de Valores, até que a linha vermelha (representando a Bolsa) despencou tanto que entrou dentro da privada (ou seja, deu m.), estourando a bolha (da privada saíam bolhas de sabão). Pois é, teve esse tipo de pensata na São Paulo Fashion Week”.

Alguma outra reação possível, que não seja gargalhar? Talvez ficar estupefato. Ou passado. Ou bege.

Fal Azevedo, colunista do Ig, publicou em seu Palavras da Fal, em 28 de janeiro:

“Temporada de desfiles pra tudo quanto é canto, e a televisão cobre todos, e eu – que de moda só sei a teoria, a história, acabo vendo coisiquita aqui, coisiquita acolá. E não foi que aprendi que tem moços e moças (Deus nos livre da velhice, essa coisa feia, vergonhosa, em nossas telas só jovens ou criaturas que juram por Deus que estão nos enganando) que são pagos pra serem comentaristas de desfile. Ah, o mercado é uma coisa maravilhosa, pois não? E dentre esses doutos profissionais, eis que me deparo com mocinho cuja principal função era determinar se esta ou aquela modelo “agregava energia” a cada desfile. Sério. “Agregar energia”. Nós nos tornamos tão rasos, tão imbecis, tão absolutamente nada nalgum dado momento, ou sempre fomos assim e eu é que sou tonta demais pra perceber. Explique o conceito “agregar energia”, por favor. Não quer dizer nada. Aqui vamos nós, absolutamente dispensáveis, cada um de nós. Para usar outra frase que também não quer dizer coisa alguma e que, exatamente por isso, ilustra nossas vidas e nosso tempo, seguimos “vivendo a vida e entendendo o momento”.

“Agregar energia” é só uma atualizadazinha básica e fashion do dialeto marqueteiro e seu infame “agregar valor”, cujo conceito é exatamente o mesmo: porra nenhuma. Mas atenção, “agregar valor”, ficou tão déja vu, que agora é démodé.

Pensando melhor, talvez agregar energia seja juntar pilhas.

E daí, fazer uma instalação com elas – que tal “Empilhando pilhas”? -, já que os limites das artes plásticas estão tão dilatados. Tudo é arte. Ou pode ser. Até mesmo a obra da jovem artista Bianca Bernardo (não confundir com Bernardo & Bianca, desenho da Disney), que participa da 5ª edição da mostra coletiva “Abre alas”, distribuída entre as galerias A Gentil Carioca, Centro de Arte Hélio Oiticica e Barracão Maravilha, em cartaz no Rio.

A obra é um amontoado de rosas secas e murchas no chão.

Mas o conceito – ah, o conceito, vide bula! - é uma “homenagem a prostitutas argentinas assassinadas”.

Então, tá. E aquela tela toda branca significa o profundo vazio existencial da alma humana.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Afinidades e desafinadas



Meu melhor amigo e eu nos conhecemos desde os meus 14. E lá se vão 26 anos de cumplicidade, afinidades e sacanaeadas.

Estávamos em um “churras” no sábado discutindo o quanto ficamos velhos para certas coisas. Um desses sintomas é a dificuldade crescente de absorver novidades musicais,
Ficamos lá com nossas idiossincrasias e preferências mais remotas. Tipo AC/DC continua bom pra c.... e Pink Floyd, salvo umas cinco exceções, continua chato pra c.....
Com todo respeito aos fanáticos seguidores do Rock Progressivo. Progressivo e pretensioso.

Apaixonados por música desde sempre, acompanhamos meio à distância e com certo fastio as novidades da hora. Tem umas coisas boas rolando, mas nada que brilhe demais os olhos. Ou ouvidos.

Hoje, que show eu realmente quero muito ver e ainda não vi? Red Hot Chili Peppers e Morrissey. (O The Smiths nunca veio ao Brasil, mas Johnny Marr eu vi tocando com o Pretenders). O resto, eu já assisti.

Hoje, esperamos ansiosamente o disco de quem? Eu espero sempre o novo do U2. E só. Sabe aquela coisa de ter a discografia completa? Pois é.

Meu amigo, meu melhor amigo, espera o da Kelly Clarkson !!!!! Segundo ele, a vencedora de uma das edições do American Idol canta pra cacete.

A amizade quase acaba aqui. É salva pela longa história e perdões mútuos.

Digo que ele perdeu completamente a moral para criticar o fato de eu gostar de Bon Jovi. Sarcástico da melhor estirpe, ele diz que só o que há de bom em Bon Jovi é o shampoo, que mantém aquele cabelo estilo “leãozinho”.

E as divergências acabam entre risos e goles de cerveja.