sexta-feira, 29 de maio de 2009

On the road



Já que falei antes e com certa nostalgia do meu primeiro carro e do espírito estradeiro que tenho, me ocorreu fazer uma lista de canções sobre a estrada ou boas para se ouvir na estrada. Seja em função do tema, ou da melodia, ou do ritmo ou até mesmo pelo clima (da música), listei estas. Dá pra queimar um (ou dois) CD com elas e pegar a estrada. A ordem é aleatória, como uma viagem sem destino, easy-rider. Boa viagem!

Born to be wild – Steppenwolf (claro, né?)
Joyride – Roxette
Good morning starshine – Hair
What a wonderful world - Ramones
Hit the road, Jack – Ray Charles
Riding with the king – BB King & Eric Clapton
Steve McQueen – Sheryl Crow
Fly away – Lenny Kravitz
Highway star – Deep Purple
Highway to hell – AC/DC
Running free – Iron Maiden
Riders on the storm – The Doors
Me and Bobby McGee – Janis Joplin
Sweet home, Alabama – Lynyrd Skynyrd
Take me home, country roads – John Denver
On the road again – Willie Nelson
Breathless - The Corrs
Breathless – Jerry Lee Lewis
Ticket to ride – The Beatles
Middle of the road – Pretenders
Head over hills – Go-go’s
Destination anywhere – The Commitments
Where the streets have no name – U2
Sleeping in my car – Roxette
Shut up and I drive – Rihanna
Pump it – Black Eyed Peas
Livin’ la vida loca – Antonio Banderas & Eddie Murphy
Fast car – Tracy Chapman
I drove all night – Roy Orbinson
You can sleep while I drive - Trisha Yearwood


Em toda a lista, percebemos mais as ausências do que as presenças. Eu parei em 30 faixas e deixei no acostamento um monte de gente boa, que eu acho que combina com pista e acelerador: Aerosmith, ZZ Top, Nickleback, Danni Leigh etc.

Certamente, vc vai sentir falta das suas favoritas aqui. Então, lembro que esta não é a única lista, nem a melhor lista, nem a lista definitiva. É apenas a minha lista, que ficou mais entre o rock pesado e o country/folk. Aceito sugestões.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Nostalgia do Chevette



A Bloomberg noticia que na próxima segunda-feira, 1º de junho, a General Motors deve anunciar sua concordata. A empresa, gigante da indústria automobilística e ícone norte-americana, é dona das marcas Chevrolet, Cadillac, Pontiac, Opel, Hummer, Buick, Oldsmobile, Saturn,GMC, Daewoo, Saab e outras. Pelo menos de meia dúzia delas, você já ouviu falar.

Meu primeiro carro foi um Chevette 1983 azul marinho, com três anos de uso, parecido com este aí da foto. Foi passaporte para a idade adulta e, de certa forma, para uma tão sonhada liberdade de ir e vir. Era muito bom não ter que depender de transporte público, nem de caronas. Eu podia simplesmente rodar por aí, por onde quisesse, na hora que quisesse. And I did it my way.

Trilha sonora incidental: “I’ve lived a life that’s full. I’ve traveled each and ev’ry highway. But more, much more than this, I did it my way.” (Sinatra)

Foi com meu chevettinho que eu tomei gosto pela estrada...

Afinal, sou adepto da máxima de que a felicidade nunca esteve no destino, mas sempre foi o caminho.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Com que roupa?



Direto da Fonte, coluna assinada por Sonia Racy no Estadão, publicou hoje, 26/5, que a Casa Branca passa a divulgar com antecedência os figurinos da sempre elegante Michelle Obama.

Creio eu que a intenção deva ser a de alertar as outras madames sobre com que roupa a primeira dama vai comparecer aos eventos. E assim, evitar constrangimentos com modelitos repetidos, desastre quase fatal para a maioria das mulheres. Quando acontece de se formar um par de jarros em uma festa, não adianta amarrar a cara, o melhor é levar a situação com bom humor.

Comigo aconteceu de eu estar jantando em um restaurante em Buenos Aires e entrar um outro cara com uma camisa idêntica a minha. Não era uma camisa tão comum assim e nem de uma grife globalizada. Era de uma marca brasileira, razoavelmente cara, a ponto de eu pensar dez vezes antes de comprar a camisa. Coincidências acontecem. Embora Buenos Aires seja praticamente uma cidade povoada por brasileiros.

Quando um homem convida uma mulher para sair, antes de desligar o telefone, ela já começou a pensar com que roupa irá, mesmo que falte uma semana para o encontro. Faz planos, revira o guarda-roupas mentalmente fazendo uma auditoria de todas as peças, pensa em zilhões de combinações possíveis, qual seria a mais adequada, qual transmitiria a intenção certa, qual o clima entre ambos, se vai estar frio ou calor, o tamanho do decote, se vai estar arrumada demais ou largada demais, ou sexy demais, ou oferecida demais, ou recatada demais etc. etc. etc. etc. etc.

Antes de chegar a uma conclusão sobre a roupa que vestirá, o que só acontece minutos antes do cara tocar o interfone, ela terá praguejado algumas vezes que não tem roupa. Provavelmente, terá tirado do armário metade de suas roupas, experimentado uma dúzia delas, até definir a que está a fim de vestir naquele dia, em função do seu humor. O que, especialmente entre as mulheres, é uma variável e tanto.

Michele simplesmente perdeu essa liberdade, tipicamente feminina. Não pode decidir na hora, conforme o seu humor naquele momento, com que roupa irá. Ou pior, talvez não possa sequer escolher com antecedência, uma vez que a tarefa pode ter sido delegada a algum personal stylist.

Sei não, mas acho que minha mulher não ia gostar de morar na Casa Branca.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Mesmo sem deixar saudades




O trabalho, duas viagens curtas, uma delas a serviço, e muitos chopps com amigos me mantiveram afastado do blog nos últimos dias. Não tenho mais fígado para escrever de ressaca.

Seja como for, o noticiário recente me deixara ligeiramente desanimado. Volto a escrever agora que o jejum de gols do ataque do Flamengo acabou. Pelo menos, até o sofrimento da próxima rodada.

Como saiu na coluna do Ancelmo Góis, “é difícil entender por que Lula, na visita a Istambul, deu na veneta de bater em Dom Pedro II, que esteve na Turquia em outubro de 1876 e, segundo o nosso presidente, ‘parece não ter deixado saudades’.”

Desnecessária é o mínimo que se pode dizer dessa declaração. Por outro lado, desnecessária é também essa CPI da Petrobras, fabricada com fins político-eleitoreiros e, obviamente, nada nobres. É vergonhosa a barganha por cargos e mamatas. Deixem a empresa trabalhar em paz.

Solidário ao nosso último imperador (D.Pedro, não o centro-avante Adriano), achincalhado pelo atual presidente, senti saudades (mesmo sem tê-lo conhecido pessoalmente) e subi a serra até Petrópolis. Não para visitar o Museu Imperial, mas para apreciar o visual da estrada e curtir o friozinho. Aproveitei para revisitar o Quitandinha e fiquei satisfeito em ver como ele está sendo bem preservado pelo Sesc.

Imaginei seus amplos salões fervilhando com o glamour de sua atividade original: hotel e cassino. Viva Las Vegas! De preferência, com show de Elvis que, como todos sabem, não morreu.

Falando em prazeres e vícios, coisa mais chata essa cruzada antifumo do Serra. A dura lex sed lex entrará em vigor em 7 de agosto e, como publicado no caderno Cotidiano da Folha de S.Paulo de domingo (24/5), o “Governo Serra vai estimular dedo-duro, na lei antifumo. Clientes poderão enviar até fotos para denunciar desrespeito à legislação.”

É isso, já que todos os problemas de segurança pública estão resolvidos, a onda será ir fazer a ronda nos bares para dar flagrante em quem estiver fumando (cigarro!), denunciar o estabelecimento e chamar a polícia que estará à toa mesmo, já que não tem bandido nenhum pra prender. Ah, fala sério!

Vão fazer um exército de alcagüetes, de X-9, de dedo-duros. Escreveu o jornalista Ricardo Kotscho em seu Balaio: “E São Paulo se transformará num imenso arraial da delação, como todo mundo dedando todo mundo até que o último santo possa assumir o poder.”

Não contem comigo. Meus dedos servem para digitar. Não para delatar.

Em tempo (1): A Souza Cruz apresentou lucro recorde no ano passado.

Em tempo (2): Eu sou um fumante que estou há dois anos e meio sem fumar. Mas os cigarros entre dedos me deixaram saudades.

terça-feira, 19 de maio de 2009

O encontro entre duas pessoas idem




1: Oi, tudo bem?
2: Oi, tudo bem. Ou melhor, daquele jeito.
1: Indo, né?
2: Indo. Sem grandes novidades. E vc?
1: Comigo também.
2: Na mesma?
1: É, do mesmo jeito.
2: E a família?
1: Ah, o de sempre. E a sua?
2: Tá bem, normal. E o trabalho, continua lá?
1: Continuo.
2: Como está o pessoal?
1: Também , tudo na mesma.
2: Bons tempos aqueles, né, não?
1: Eu penso da mesma forma. Mó saudade.
2: A gente não pensava em nada. Era só curtir. Tu manda um recado pra tua prima?
1: Claro. Diz aí.
2: Tu fala pra ela que o dia que ela cansar daquele cara, eu continuo por aqui, na área.
1: Pode deixar que vou transmitir ipsis litteris.
2: Valeu. Pô, irmão, tá na beca, bonita camisa.
1: A sua também é linda, Fernandinho.
2: Obrigado. Cinza é a minha cor favorita.
1: A minha também.
2: Escuta, vc vai fazer o que nesse final de semana?
1: Cara, eu tô pensando em ir ao show do Parecido & Igualzinho.
2: Rapaz, vc não vai acreditar! Eu ia te propor a mesma coisa!
1: Que bom, isso é que é coincidência!
2: Pois é, sintonia total.
1: Acho os caras a melhor dupla sertaneja.
2: Eu penso como vc. Já comprou o seu ingresso?
1: Já, pela internet. É o jeito mais prático, né? .
2: Concordo com vc. Também já comprei o meu. Eu vou de pista.
1: Também. Então vamos juntos.
2: Fechado. A gente se encontra às nove lá na porta.
1: Combinadíssimo. Aí, cara, bom te ver.
2: Idem.
1: Tudo de bom aí pra vc.
2: Igualmente.
1: Até sexta.
2: Valeu. Até mais.

No osso

Eu bem que procurei, mas nesta semana não encontrei anúncio do Espaço Brasa. Eu estava ansioso para saber qual seria, depois do porco e do cordeiro, a carne nobre para pessoas idem.

Mas acho que acabou o rodízio. Ou melhor, a verba para a campanha. Com a crise, tiveram que cortar na carne.

Não sobrou chã, patinho ou lagarto para eu fazer uma carne moída ou uma crônica.

sábado, 16 de maio de 2009

Passagem desnecessária



A rede americana de fast-food Burger King veiculou na Inglaterra uma campanha publicitária em que divulgava um desconto nos sanduíches com a seguinte frase: “One way ticket to Rio not necessary. You’ll feel like you’re robbing us” (algo como “Não é necessária uma passagem só de ida para o Rio. Você vai se sentir como se estivesse nos roubando”).

De acordo com sites britânicos, a intenção era fazer uma brincadeira com a história do inglês Ronald Biggs que em 1963 participou do célebre assalto ao trem pagador e fugiu para o Rio, onde viveu por quase 30 anos até ser extraditado.

A campanha é de péssimo gosto, e quase tão ruim como a junkie food que a rede comercializa. Mas ninguém pode acusá-la de ser propaganda enganosa. O Rio é mesmo um paraíso para os fora-da-lei, sejam os “de fabricação caseira”, sejam os “importados”. Não é qualidade exclusiva do Rio, o Brasil todo é praticamente uma terra sem lei, onde a impunidade dos vigaristas afronta os homens de bem.

Washington Olivetto decidiu tomar as dores do Rio, candidato a sede das Olimpíadas de 2016, e revidar com um anúncio publicado hoje. O texto do anúncio diz: “Praia. Céu azul. Pessoas felizes. Para quem mora no Rio, nunca passou pela cabeça comprar uma passagem só de ida para Londres”. Quem assina é a Ediouro Publicações. “Há 70 anos amando e respeitando o Rio de Janeiro. E o Brasil.”

Isso sim é propaganda enganosa. Basta ver a quantidade de pessoas que nas últimas décadas decidiu emigrar e tentar melhor sorte na terra da Rainha Elizabeth. Se me dessem um bom emprego por lá, eu compraria feliz uma passagem só de ida para a cinzenta Londres.

No mais, esse patriotismo/bairrismo é uma infantilidade. Como diria o bardo William, “much ado about nothing.” Muito barulho por nada.

Deus salve a Rainha. E eu não estou nem aí para o Rei. Entre o King e o McDonald’s, eu fico mesmo é com o Bob’s e seu imbatível shake de Ovomaltine

Música para os olhos



Desde a revolução provocada pelo advento da MTV, pelos clipes do Duran Duran e do Michael Jackson, na remota década de 1980, a gente sabe que música não é mais só para ouvir. É para ver também.

Ênfase no “também”: ouvir e ver, também. Música não é arte visual, não pode ser exclusivamente para ser vista.

Eu li com estes olhos que a terra um dia há de comer que nesta semana, em São Paulo, lançaram um grupo sexual, digo musical, chamado Sexy Dolls. Integrado por três das principais atrizes do cinema pornô nacional: Júlia Paes (não confundir com a Juliana do mesmo sobrenome), Sabrina Boing Boing (uma loura com assustadores peitos turbinados XXL) e Carol Miranda (esta tem pedigree, é sobrinha da Gretchen).

Musicalmente, o grupo é uma tremenda picaretagem, embora as três garantam ótima performance ao microfone. Visualmente, é um banquete de peitos siliconados, mega bundas, e muitas celulites gritando desesperadas pelas generosas frestas das roupas curtas e justas. As cantoras (sic) se apresentam vestindo trajes sumários de couro e vinil, e estimulam o fetiche com coreografias praticamente eróticas. Pura apelação caça-níqueis.

Não vão vender nem um disco, nem um mísero download. Mas vão arrastar uns marmanjos para os seus shows. Que, com alguma sorte, podem acabar em strip-tease.
Na bilheteria, vou levar minha carteirinha, e perguntar: “Moça, quanto é a meia-entrada?”

Quem se importa com a música?

Como canta Don McLean em American Pie, a música morreu em 1959, quando caiu o avião que transportava Buddy Holly e Ritchie “La Bamba” Valens.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Silence of the lambs



Eu juro que não é implicância. Nem tão pouco é uma questão pessoal e nem é um daqueles casos clássicos de "a inveja é uma m....".

Mas a campanha publicitária do restaurante Espaço Brasa continua. "Carnes nobres para pessoas idem". Desta vez, ao invés do porco com cartola, temos uma ovelha (ou cordeiro, sei lá) com um óculos de sol estilão celebrities. Estou na dúvida se esse óculos é assim meio retrô, tipo vintage, super fashion ou se o óculos traz uma proposta mais esportiva.

Então, será que a costela do cordeiro que vamos degustar no Espaço Brasa é carne magra, como as fashion victims? Ou será que a costela do cordeiro que vamos devorar no Espaço Brasa é carne sarada quase gorda, como as madrinhas de bateria ultra mega hiper turbinadas?

A ovelha da foto tem, detrás das lentes escuras, ares enigmáticos de monalisa ovina e o silêncio dos não tão inocentes. Não parece ter nobres intenções. Ela tem uma cara sacana, acho que ela é ovelha negra da família. Eu sou Neguinha, cantaria ela, como canta Caetano. Porque a música da Rita Lee é muito chata.

Seja como for, o Espaço Brasa continua ocupando o espaço publicitário da revista do jornal e o espaço nobre deste blog escrito por uma pessoa que não é idem e que continua sem entender.

Cordeiro de Deus, que tirai os pecados do mundo, perdoa esses publicitários...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Eu mataria por um oásis



Ontem à noite eu quis matar um amigo. Metaforicamente, óbvio, porque meus pendores homicidas são domesticados.

Estou em casa bebendo uma Quilmes, assistindo à transmissão ao vivo do show do Oasis no Rio de Janeiro, quando minha mulher me conta a história do amigo C.

Anteontem à noite, C voltou de uma viagem a trabalho de Santiago do Chile. Em um avião normalzinho e chinfrinzinho, daquela companhia aérea que tem nome de carro e lembra futebol, desses que não têm divisão entre primeira classe, executiva, econômica.

Voo praticamente vazio e, nas poltronas à sua frente, eles, os irmãos Gallagher e toda a entourage do Oasis. O avião ainda ficou parado durante uma hora em São Paulo e Liam, entediado, dava voltas dentro da aeronave, até que puxou papo com o nosso amigo.

C., mineiro muito tímido, estava entretido com um livro e não quis parecer chato, nem tiete deslumbrado, e não deu trela para a conversa com Liam.

Então, sem reconhecê-lo, veio uma moça puxar assunto com o inglês:

- Oi, disse ela.
- Oi.
- De onde você é?
- De Manchester
- Ai, que legal, eu morei em Londres.
- Eu moro em Londres.
- O que você faz?
- Eu canto em uma banda.
- Que legal, que banda?
- Oasis.

Então, caíram o queixo e a ficha da mulher que até então não tinha ligado o nome à pessoa. Ou melhor, a imagem à pessoa. Advinhem qual a cor do cabelo da moça?

Definitivamente, Deus não dá asas a cobra. Se eu tivesse tido a chance do meu amigo, de estar praticamente a sós com todo o Oasis, enclausurado num avião, eu teria conseguido uma exclusiva para este blog.

C. não é jornalista e talvez nem tenha se tocado da oportunidade perdida. O inusitado é que ele deu uma de blasé e esnobe com um dos caras mais marrentos da cena rock’n’roll. Ele não fez uma entrevista, não tirou foto, não descolou convite para a área VIP do show.

Mas sua quase conversa com o Liam Gallagher rendeu esta quase crônica que poderia ter sido uma puta entrevista. E fez também com que eu quase tivesse vontade de matá-lo.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Gisele é isso




No último domingo começou a veiculação da campanha “HDTV é isso”, da Sky, assinada pela agência Giovanni + Draftfcb. Mas dadas as proporções da campanha, a gente bem pode conjugar o verbo “Estrear”.

No Fantástico, da Globo, e em programas dominicais de outras emissoras, a campanha estreou com filme de 2 minutos, estrelado por Gisele Bundchen. Refastelada em um sofá no lobby do Aeroporto de Congonhas, a bela assiste aos personagens dos programas de TV se misturarem com o público atônito. Assim, temos jogadores de futebol americano (Dá-lhe Tom Brady!), soldados, monstros, músicos, invadindo a cena, conforme o gênero do programa exibido na TV enquanto Gisele zapeia.

Nas revistas semanais, seqüências de cinco páginas. Superprodução no filme, übermodel no elenco, e nada de economia na veiculação.

Olhando para a reprodução de um dos anúncios da campanha com Gisele de pernas de fora e pose de roqueira, a gente é obrigado a concordar com o texto: “Shows como você nunca viu”.

Eu quero ver Gisele em alta resolução.

Meus heróis morreram de overdose...



Eu não gosto de jogar videogame. A razão é simples, embora irracional: eu sou velho demais. Eu nasci antes, muito antes, do Telejogo, do Atari, do Nintendo, que são os precursores jurássicos do Play Station, do X-Box, do Wii. Eu passei a infância entretido com as brincadeiras tradicionais dos moleques: bola, pipa, bicicleta, pique, porrada, forte apache etc. Daí que quando chegou a era dos videogames, eu já estava em idade de namorar. Aliás, naquela época, eu só pensava em namorar e em exterminar as espinhas da cara.

Mas há uma exceção no mundo dos games. Recentemente, descobri na casa de um amigo quase tão velho, mas bem mais moderno do que eu, o Guitar Hero. É uma espécie de videokê, que é diversão favorita dos malas. Só que ao invés de cantar, você toca guitarra. Silenciosamente, para alegria dos vizinhos, que só ouvem a gravação da música e não você desafinando com a voz ou com o instrumento. Naquela tarde, eu fiquei pagando mico tentando acertar os acordes de About a girl, do Nirvana, e The one I love, do R.E.M. Sobre minha sofrível performance, posso dizer que algumas long necks prejudicaram um pouco minha coordenação motora. Ou talvez seja justamente por causa das cervas que eu tenha achado divertido.

Nesta semana, a produtora Activision anunciou novas versões da série. Além do Guitar Hero 5, vem aí Guitar Hero Van Halen, com o repertório da banda dos irmãos Eddie e Alex Van Halen; Band Hero, com 40 músicas que vão tentar agradar desde as crianças até os pais mais resistentes; e DJ Hero, com controle que simula as picapes reais das pistas de dança. Música eletrônica, hip hop e dance são alguns dos gêneros que devem estar na lista quando o jogo for lançado. O jogador poderá criar novas versões de músicas conhecidas, gravando seu próprio remix.

Isso também é um sinal dos tempos. A garotada hoje quer manipular a parafernália eletrônica que os DJs usam para criar seus sets e animar a galera nas festas e raves. Eles querem ser Tiesto, David Guetta ou fazer parte de alguma dupla israelense, como o Skazi. Quando moleque, eu batia cabeça e queria ser Angus Young, Jimmy Page, Clapton, Blackmore, Hendrix.... E picapes não eram instrumentos musicais. Eram meros toca-discos, que reproduziam músicas dos outros.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Porca miséria!




“Carnes nobres para pessoas idem”, diz o anúncio do restaurante Espaço Brasa.


Confesso que não entendi.


A carne de porco é nobre? Os lombos servidos no Espaço Brasa são nobres? O porco é nobre? Eu sou nobre? Eu sou um porco?

Tem também a falta de senso de oportunidade. Todo mundo alarmado com a gripe suína - embora os porcos sejam inocentes - e eles soltam um anúncio justo com o porco?! Pior ainda se justificarem dizendo que a campanha quis justamente aproveitar que está todo mundo falando em porco por causa da gripe.

Isso sem falar que “pessoas idem” é duro de engolir, né não?

Você é uma pessoa idem?

Eu sou publicitário formado, com duas pós, anos de experiência, mas esse anúncio está além (ou aquém) da minha compreensão.

Das duas uma: ou o anúncio é uma porcaria ou eu sou um...burro!

terça-feira, 5 de maio de 2009

Quintal



Hoje faz 15 anos que Mário Quintana foi para o andar de cima. O escritor gaúcho, morto aos 87 anos, era um poeta das coisas simples, com estilo marcado pela ironia.

Para homenagear um dos melhores poetas brasileiros, segue uma coletânea de seus versos e frases:

“O segredo é não correr atrás das borboletas... É cuidar do jardim para que elas venham até você.”

“Se alguém te perguntar o quiseste dizer com um poema, pergunta-lhe o que Deus quis dizer com este mundo...”

“Amar é mudar a alma de casa.”

“Sonhar é acordar-se para dentro.”

“Tão bom morrer de amor e continuar vivendo.”

“Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!”

“A maior dor do vento é não ser colorido.”

“Da observação
Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...”

“Linha Curva
O caminho mais agradável entre dois pontos.”

“Melancolia
Maneira romântica de ficar triste.”

“Há noites que eu não posso dormir de remorso por tudo o que eu deixei de cometer”.

“O Assunto
E nunca me perguntes o assunto de um poema: um poema sempre fala de outra coisa.”

“Quem não compreende um olhar,
tampouco compreenderá uma longa explicação”

“A esperança é um urubu pintado de verde.”

“Todos estes que estão aí
Atravancando o meu caminho
Eles passarão
E eu passarinho....”

“Não faças da tua vida um rascunho.
Poderás não ter tempo de passá-la a limpo.”

“Da felicidade
Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão,por toda parte,os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!"

“Confesso que até hoje só conheci dois sinônimos perfeitos: 'nunca' e 'sempre'.”

“Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!”

“A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer”

“Não tem porque interpretar um poema. O poema já é uma interpretação.”

“O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso.”

“O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...”

“A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe.”

“Quem pretende apenas a glória não a merece.”

“Não importa saber se a gente acredita em Deus: o importante é saber se Deus acredita na gente...”

“Quero todo o teu espaço
e todo o teu tempo.
Quero todas as tuas horas
e todos os teus beijos.
Quero toda a tua noite
e todo o teu silêncio.”

“Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.”

segunda-feira, 4 de maio de 2009

As camisetas que nos deixam nus




Diga-me o que consomes e eu te direi quem és. O consumo é um elemento formador de nossa identidade e como nos vestimos é um modo de expressão.

As camisetas com imagens e/ou textos são uma maneira bem explícita de anunciar quem somos. Por meio delas, afirmamos valores, gostos, preferências, humores etc

Algumas são clássicas: as da Harley-Davidson, as do Jack Daniel’s, as do finado clube punk nova-iorquino CBGB, as do Che Guevara, a do alvo azul de apoio à campanha de prevenção ao câncer de mama, além das indefectíveis bandas favoritas. Eu gosto de sair por aí com minhas camisetas do Ramones e do The Doors.

E existem as engraçadinhas. Aí se veste o perigo. Primeiro, porque são como piada. Tem graça só na primeira vez. Depois, de novo, porque são como piada. Ou seja, facilmente podem resvalar para o mau gosto, a idiotice ou a grosseria.

A Banca de Camisetas, a Q-Vizu e a B2 são t-shirterias especializadas no segmento bem humorado. Acertam muitas vezes e erram outras tantas. Grifes convencionais também fazem uso das mensagens nas camisetas e nos tornamos outdoors ambulantes, ideológicos e/ou divertidos. A maioria das frases funciona melhor em inglês, talvez porque fique mais sutil, talvez porque seja possível ser mais conciso.

Listo algumas tiradas espirituosas, de diversas marcas: “Take me drunk, I’m home”, “Pablo who?”, “Rehab is for quitters”, “The best things in life are not things”, “Art.Science.Philosophy”, “Beer Poker Money Cicciolina”, “Same shirt, different day”, “No, not you. The pretty one”, “Departament of Redundance Departament”, “In dog we trust”, “Não fui eu.”, e uma que vi ontem: “Detesto camiseta com alguma coisa escrita”.

Por outro lado, as mais sexuais costumam ser um desastre infantilóide de gente que precisa ficar (auto)afirmando sua virilidade. Tipo “The Man (com seta para cima), the Legend (com seta para baixo)”, ou “I wrote the Kama Sutra”. E há ainda aquelas que se enquadram na categoria bizarrices baixo nível do tipo: “Instrutor Sexual”, "Agite antes de usar" ou “Eu gosto de trepar. Nos coqueiros de Porto Seguro”.

Outra dia, vi um marmanjo de quase 40 anos, usando uma camiseta com a imagem de um cara sentado no vaso sanitário, imitando a posição da escultura O Pensador, de Rodin, e com a palavra: “Download”.

Pensei se alguma das minhas amigas sairia com um cara que estivesse usando essa camiseta. Se alguma disser sim, mesmo que esteja desesperada e mesmo que esse cara seja o George Clooney ou o Rodrigo Santoro, a amizade acaba.

Trivice




Nova sede do Botafogo, trivice-campeão carioca.

Pentatri




A urubuzada (eu incluso)está feliz com a conquista, pela quinta vez, do tricampeonato carioca!

domingo, 3 de maio de 2009

O voo das gaivotas



Eu tinha futuro e não sabia. Culpa da minha mãe e dos professores que tive na escola.

Sim, eu era bom naquela brincadeira de fazer “gaivota” e jogar pela janela do apartamento ou mesmo dentro de sala de aula. Eu ficava com meu irmão e outros amigos gastando um monte de folhas de papel do caderno (êita, consciência ambiental) e promovendo campeonatos para ver qual avião planava mais tempo ou ia mais longe. Certa vez, acertei involuntariamente a nuca do professor de química, o que, claro, me rendeu uma bela suspensão mais um extenso – e justo – sermão pelo desrespeito.

Mas se minha mãe e meus professores soubessem que aquela brincadeira dos aviõezinhos de papel poderia virar um esporte sério, não teriam me reprimido. Afinal, eu poderia ter tido um futuro de campeão, com medalha de ouro no peito, alto do pódio, enrolado na bandeira do Brasilzão, hino nacional...

Li que o Brasil acaba de conquistar o bicampeonato mundial deste relevante esporte. O Red Bull Paper Wings, o Campeonato Mundial de Aviões de Papel, foi realizado em Salzburgo, na Áustria. O campeão é um estudante de engenharia, paulistano, de 27 anos. Ele venceu na categoria tempo de voo, com a marca de 11,66 segundos. Na categoria distância, o campeão foi um croata, cuja “gaivota” percorreu no ar impressionantes 54,43 metros. Na categoria voo acrobático – seja lá o que isso signifique -, o troféu coube a um japonês. O primeiro lugar por equipes ficou com a Polônia.

Esta é a segunda edição do Campeonato Mundial, patrocinado pelo energético que te dá asas, e realizado com periodicidade bienal. No primeiro torneio, o título também ficou com um brazuca.

Em tempos de Wii, Playstation e X-Box, e outras tantas virtualidades, não deixa de ser um alento que uma atividade tão lúdica como lançar ao ar aviões de papel ainda tenha entusiasmados adeptos mundo afora.

Então, fica aqui o alerta aos pais e mestres: não reprimam o talento natural do seu filho ou aluno. Ele pode ser um futuro campeão. Alçar altos voos e trazer muitas glórias e orgulhos a essa maltratada nação.

A propósito, está soprando um ventinho bom...

sábado, 2 de maio de 2009

Cardume




O ator norte-americano Aston Kutcher, cujo melhor papel é o de marido de Demi Moore, alcançou há duas semanas a inédita marca de um milhão de seguidores no twitter.

O Rei Roberto Roberto Carlos, que comemora 68 anos de idade e 50 de carreira, também já cantou que queria ter um milhão de amigos.

Eu não sou tão pretensioso. Não quero um milhão acompanhando este blog. Mas quero você.

É rápido e fácil. Vai lá, à direita, e clica em “Seguir”.

E pesque neste mar de coisa.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Sentado na lua minguante



Noite dessas, vendo a lua minguante como um brinco perfeito em um céu negro, voltou forte à minha cabeça a canção “Pessoas”, do Hojerizah.

Saudoso, ao chegar em casa, me apliquei em alto volume uma boa dose da banda, que como o jornalista Arthur Dapieve escreveu em seu livro BRock, foi uma das duas melhores da divisão de base da cena carioca dos anos 1980, junto com o Picassos Falsos.

O nome Hojerizah é a estilização de ojeriza, sinônimo de aversão, e vem da raiz espanhola ojo (olho). Tudo a ver com uma banda que causava estranheza não só pela voz operística de Toni Platão, como por apresentar melodias pesadas e letras líricas e depressivas em plena new wave coloridíssima daquela década.

A formação mais duradoura foi Toni Platão (vocal), Flávio Murrah (guitarra e principal compositor), Marcelo Larrosa (baixo) e Álvaro Albuquerque (bateria). Surgido no fim de 1983, o Hojerizah foi considerado durante bom tempo de difícil assimilação pelas gravadoras. Não sem razão. Seu som, primoroso nos arranjos, era mais sofisticado e suas letras bem mais difíceis do que as baboseiras pop de então. Afinal, se a década de 80 produziu Legião, Paralamas, Titãs, Barão, Kid Abelha, Capital, Ira!, Engenheiros, também gerou Dr.Silvana, Absyntho, Grafitte e outras aberrações esquecíveis.

A única música que virou hit nas rádios FM foi 'Pros que Estão em Casa', que tem um sensacional riff inicial de guitarra. Após quase sete anos de estrada, o Hojerizah dissolveu-se, pouco depois de ter sido dispensado pela gravadora. Lançou dois álbuns: o primeiro, homônimo à banda(e cuja capa ilustra este texto) e o segundo, "Pele".

Toni Platão partiu para a carreira solo e vem desenvolvendo um trabalho sólido, um dos mais interessantes atualmente na MPB . O baixista Marcelo Larrosa e o batera Álvaro de Alburquerque formaram a cozinha da banda que acompanhava o ex-Picassos Falsos Humberto Effe. O genial Flávio Murrah encarou uma longa internação para tratamento psquiátrico e em meados da década de 1990 voltou à cena underground, com a Hordha.

A seguir, a letra que me provocou a nostalgia em noite recente.

Pessoas (letra e música de Flávio Murrah)

Pessoas à minha volta
Escravos da mesmice
O cheiro da derrota
Gestos estudados
E o tão pouco parece muito
E o tão pouco parece muito

Caminham em bandos guiados
pelo acorde monocórdico
de uma lei que está oculta,
mas todos obedecem.
E tudo me parece pendente
como um pescoço depois de enforcado.
Pode ser que Deus goste de mim,
mas o demônio é meu próximo

E hoje eu resolvi sentar
numa das pontas da lua minguante
Sente na outra, por favor.
Eu sou o dito mal
Você o bem, o bem, o bem,
acredito que os dois lados existam
como os dois lados de uma moeda
que já não tem valor
que já não tem valor.