domingo, 27 de março de 2011

sábado, 19 de março de 2011

Sendo homem

Hoje cedo, li a coluna de estreia de Reinaldo Moraes no caderno Ela. É, eu sempre começo a leitura do jornal de sábado pelo Ela. Moraes é autor do excelente “Pornopopéia”, que muitos apontam como um dos melhores livros brasileiros deste século. No jornal, ele substitui o ótimo e ácido João Ximenes Braga, que assinou o espaço quinzenalmente por catorze anos.


Em seu texto, Moraes anuncia-se um “Macho Light”, hetero que “tem seus momentos de delicadeza e relativa elegância visual que aprendeu com las chicas desde a mais tenra meninice”. Afirma que seu “zelo com a conduta e a estampa” era parte de seu “aprendizado civilizatório com as mulheres” e que vivia em busca da “menor oportunidade de abrir portas ou catar coisas caídas no chão pras mulheres, e também de tocá-las, nem que fosse só num cotovelo para atravessar a rua.”

Eu me enquadraria nesse perfil, mas não curto esse negócio de rótulos. Gosto do mundo masculino: futebol (Mengo!), cerveja & uísque, muscle-cars, Harley-Davidson, rock & blues, churrasco, filmes do Tarantino, pornografia e falar muita sacanagem e baixaria. E, claro, amo mulher sobre todas as coisas. Mais até do que algumas mulheres com quem me relacionei gostariam, considerando que nem sempre minhas paixões foram sequenciais, mas simultâneas. Desculpem aí pela sinceridade. Atire a primeira pedra quem nunca foi cafa.

Por outro lado, me identifico tanto quanto com algumas coisas comumente associadas ao gosto feminino: moda, shopping, decoração, arquitetura, poesia, arte, comédias românticas, para ficar em alguns exemplos. Até discuto a relação de vez em quando. Bem, raramente. E com objetividade.

O fato é que, desde pequeno, sempre preferi estar nas rodas de conversa femininas do que nas do Clube do Bolinha. Ouvindo-as, aprendi. O que só aumentou meu fascínio pelo universo das mulheres.

Acredito que não há combinação mais poderosa do que força e delicadeza. Gentileza, elegância e sensibilidade podem – e devem – se equilibrar com a indispensável virilidade.

Macho classic, light, diet ou zero, eu não quero nem saber. Só quero continuar sendo simplesmente homem. Imperfeito assim.

domingo, 13 de março de 2011

Eca!

Palitar os dentes para remover aquele fiapo de carne ou couve que teimou em fixar residência na sua boca é um troço horrível. Só deve ser feito se não houver fio dental disponível em um raio de 10 km e mesmo assim na solidão do banheiro. Aliás, tudo o que se faz em um banheiro deve ser feito na mais absoluta solidão. Portas fechadas, sempre. Intimidade demais é uma merda. Vamos combinar que vê-la enxaguando a boca com Listerine não é a mais estimulante preliminar para uma sessão de sexo oral, por exemplo.


Dia desses, eu estava sob marquise do prédio onde trabalho, pitando um cigarrinho, quando passou um sujeito palitando. Os ouvidos.

Isso mesmo. Nada de cotonete. Palito de dente orelha adentro. Sem medo de furar os tímpanos.

A cena bizarra me fez lembrar – sem traço de saudade – de um colega de trabalho que tive no início da carreira, em fins dos anos 1980. Era um senhor bigodudo que ainda usava gel no cabelo. Ele tinha o hábito de usar a tampa da caneta Bic para dar aquela coçadinha nos ouvidos, enquanto limpava a garganta ruidosamente como se tivesse um roto-rooter embutido. Alternava com o uso do mindinho. Ato contínuo, usava a tampa para eliminar resíduos sob a unha comprida. Fazia isso sem a menor cerimônia, na frente de todos no escritório.

Ele tinha outro hábito desagradável. Colecionava artefatos orgânicos retirados das amplas narinas sob o tampo da mesa ou o assento da cadeira do escritório. A gente o chamava de Zé Meleca, alcunha que ele fazia jus por merecer. E acho até que se orgulhava.

domingo, 6 de março de 2011

Até a Sandy

Sandy deu o que falar nesta semana. O que falar, eu disse. A cantora, ex-ela & Júnior, é a nova estrela da campanha da cervejaria Devassa, em substituição a realmente devassa Paris Hilton, gelada demais até mesmo para uma cerveja. Em propaganda, vale a máxima de Oscar Wilde: “Não importa que falem mal, desde que falem de mim”.


Sandy, como todos sabem, tem sua imagem atrelada à castidade e a um bom-mocismo que beira a chatice. Tem o rosto bonito, mas aquela cara de que a qualquer momento pode se internar em um convento. O mote da campanha é “todo mundo tem um lado devassa.” No caso, da Sandy, é difícil de acreditar. Mas tudo bem, o jogo é este mesmo. O antagonismo entre sua imagem e a da cerveja. Achei a escolha acertada e gosto da campanha. Ruim seria se todo mundo tivesse um lado Sandy santa.

Putas e santas habitam o imaginário masculino. As putas para satisfazer nossos desejos e fantasias. As santas, porque queremos corrompê-las. Lembre-se do clássico da literatura “As ligações perigosas”, de Choderlos de Laclos.

Logo pipocaram na internet entrevistas anteriores à campanha, em que Sandy declara não gostar de cerveja e afirma só gostar “de bebida docinha.” Ah, que mimo. E qual o problema dela só beber cerveja mediante cachê? Eu também só beberia Devassa se me pagassem. Além disso, alguém acredita que a Xuxa só usava produtos Monange e a Tônia Carrero, Leite de Aveia Davene? Hellooouu!

No primeiro filme da campanha, Sandy sobe ao palco do bar, ameaça um strip e uma dancinha com a cadeira. No segundo filme, Sandy diz o texto com propriedade, é convincente. Mas aí ela dança “Conga”(da saudosa Gretchen, precursora das popozudas hipertrofiadas) sobre o balcão de um bar. Bem, sobre sua performance, ela é bem humorada, mas posso dizer que a minha querida vovozinha faria algo mais sensual...

Sandy também estará no camarote da cervejaria durante o Carnaval carioca na Marquês de Sapucaí. Pelo jeito, será um calmarote.






ps.: se quiser ler sobre a campanha da Devassa com a Paris Hilton, clique aqui
http://mardecoisa.blogspot.com/2010/02/devassidao-gelada.html  e  http://mardecoisa.blogspot.com/2010/03/puritana.html