terça-feira, 28 de julho de 2009

Comer...f@#er



Minha mulher ganhou o best seller “Comer, rezar, amar”, da jornalista Elizabeth Gilberth. Leu e achou o livro apenas mediano. (Se você que a presenteou estiver lendo este texto, por favor, não se ofenda, valeu a intenção.)

O livro conta a história de uma mulher que estava frustrada, infeliz, e resolve chutar o balde e partir em busca de si mesma. Vai à Itália para se entregar à gula, à Índia para uma viagem de desenvolvimento espiritual e à Indonésia para apaixonar-se por um brasileiro em Bali. Bem, por aí, já deu para sacar qualé a do livro, né? Acho que minha mulher tem razão, mesmo com os 5 milhões de exemplares vendidos mundo afora.

Semanas atrás, vi numa livraria a versão masculina. Chama-se “Beber, jogar e f@#er”. Ah, sem frescura: “Beber, jogar e foder”. Foi escrito pelo publicitário Andrew Gottlieb e o roteiro é similar: um cara de saco cheio da porra da vida vai encher a cara na Irlanda, tentar a sorte em Las Vegas e trepar horrores na Tailândia. Embora sejam as brasileiras as mais lindas do mundo.

Mas se o livro sai com o gringo dizendo que veio f@#er no Brasil, ia chover reclamação e revolta. Iam acusar o cara de denegrir a imagem da mulher brasileira, de apologia ao condenável turismo sexual etc etc. Então, deixa o cara ir lá na Tailândia mesmo.

Quando vi o título do livro, caí na gargalhada, pela paródia despudorada e pela distinção sexista, estereotipada, mas ainda assim, verdadeira. Homens, de maneira geral, investem muito tempo nessas três atividades. Ou, pelo menos, pensando nelas. Quanto ao livro propriamente dito, não deve ser levado a sério. Há que se encarar com bom humor, e é tremendamente oportunista.

Não é o único. Basta esticar o olhar para as mesas de livros ao redor e ver outras publicações bem oportunistas. Depois do estrondoso sucesso de “Marley & eu”, você já reparou a quantidade de livros que saíram contando as peripécias dos respectivos donos com outros bichos?! Tem o livro do cachorro Spike, da cachorra Lava, do gato Dewey, do leão Christian (isso lá é nome de leão?!), e até do papagaio Alex! Não duvido que em breve saia algum livro contando a relação movimentadíssima e interativa de alguém com um peixe em seu aquário.

Todo mundo querendo faturar algum na esteira do sucesso alheio. Até eu, que estou escrevendo este texto com título apelativo sobre dois livros que não li. E não vou ler. Nem f@#endo.

domingo, 26 de julho de 2009

Sobre a viagem

Cat Stevens era um artista de muito sucesso nos anos 1970 até que surpreendentemente se converteu ao Islã, adotou o nome de Yusuf Islam e abandonou a carreira musical.

Em minha memória ficou marcada uma entrevista, já na década seguinte, em que ele afirmava ter encontrado na religião as respostas que sempre buscara em vão na poesia.

Eu não gosto muito de religião (e religião é tão diferente de religiosidade quanto amor é de sexo), mas me impressionou positivamente a expressão serena de Yusuf Islam nesta apresentação em Nápoles, Itália. Há cerca de dois anos, ele retomou a carreira e lançou disco inédito.

A música é The Wind, uma bem curtinha. Como Yusuf mesmo diz,”é uma canção antiga, talvez vocês a reconheçam, e fala sobre a viagem.”

É a mesma canção que sublinha um dos momentos mais delicados e emocionantes do filme Almost Famous (Quase Famosos), em que a groupie Penny Lane, interpretada por Kate Hudson, dança na pista do ginásio depois de um show.

Eu continuo buscando minhas respostas - e minhas perguntas – na poesia.

Cartas de navegação e despedida



Neste domingo, minha amiga D. emigra legalmente para o Canadá. Vai para o lugar que é o seu no mundo, embora não tenha nascido lá.

Nos últimos tempos, acompanhei o seu processo de desligamento daqui. E posso dizer que ela teve uma oportunidade invejável.

A oportunidade de acertar as contas, de não deixar pendências. Ela pôde demitir-se, pôde sair de sua casa, vender e doar seus móveis e objetos pessoais, livros e discos e, pôde, sobretudo, dizer o que quis a quem ela tinha algo a dizer.

D. vai embora zerada. É como morrer. Só que com a imensa vantagem de não morrer. Ela renasce e leva na bagagem sua experiência de quase 30 anos. Pronta para uma nova vida que eu desejo seja muito feliz.

Eu muitas vezes quis partir também. Mas casei a primeira vez muito cedo, passei em concurso público muito cedo e fui um pouco covarde, talvez, desde sempre. D. não é a primeira amiga que, com coragem e responsabilidade, parte para viver em outro país. Muitos foram por uns tempos e voltaram. Alguns não devem voltar jamais. Por motivos diferentes, R. foi para o Porto, F. já morou em várias cidades americanas, M. foi para Londres, A. para Paris, B. para Berlim, L. para L.A, D para Atlanta e A. para Pittsburgh.

Inscrevi todos os que partiram na memória.

E escrevi cartas de navegação e despedida.

Mas melhor que despedida é recomeço.

See you, D.

ps.: na véspera de embarcar, D. foi assaltada. Levaram seu o celular e o relógio. Foi a saideira.

sábado, 25 de julho de 2009

Vida a dois

Este vídeo é um extrato do filme “About Last Night” (Sobre ontem à noite), de 1986, estrelado por Demi Moore e Rob Lowe.

A música é “Livin’ inside my heart”, de Bob Seger.


sexta-feira, 24 de julho de 2009

Livros geram livros


Para praticar o desapego aos livros que se aboletam na sua estante, uma boa alternativa além dos sebos e da simples doação, é participar de rodadas de bookcrossing. Quando morava em Brasília, eu participei de uma. Abandonei um livro no café no CCBB local e um outro num bar da Asa Norte. O conceito de bookcrossing surgiu nos EUA e pode ser resumido como a prática de deixar um livro num local público, para que outros o encontrem, e voltem a “liberta-lo” depois de o lerem, e assim sucessivamente.

A Estação das Letras realiza periodicamente um evento chamado “Livros na mesa”, que é uma evolução do bookcrossing. Após as trocas, começa o encontro de leitura com escritores ou pesquisadores e personalidades do mundo dos livros. Amanhã, 25 de julho, é dia. 10h30: Troca de livros; 11h30 às 13h00 - Encontro de leitura com Francisco Orban e Astrid Cabral. A Estação fica na Rua Marquês de Abrantes, 177 - Loja 107, no bairro de nome mais bonito da cidade: Flamengo.

O bookcrossing é uma prática econômica e ótima forma de renovar a sua biblioteca e de compartilhar suas leituras. Além disso, é poética e mesmo romântica. Abandonar um livro por aí, a esmo, ao léu, com uma dedicatória a um leitor desconhecido.

Ou, melhor ainda, largar por aí um livro com dedicatória afetuosa a alguém. E esperar anos até sair em busca daquele preciso exemplar que foi solto no mar. Fuçar sebos na tentativa de reencontrá-lo.

Imagina, achar um livro anos depois com uma declaração de amor a alguém identificado. Bate uma tremenda curiosidade sobre qual a história entre quem recebeu e quem assinou a dedicatória. Estarão ainda vivos? Ainda unidos? O que passaram juntos? Ou terá sido um amor nunca realizado?

Pesquisando na Estante Virtual (um sebo no cyberespaço) vi que há exemplares de livros meus autografados à venda. Quem será que se desfez deles? Gente que não gostou? Gente que morreu e o espólio foi passado adiante? Gente que amei? Que me amou um dia? Ex-amigos? Terão se desfeito dos livros com raiva ou mero desprezo?

E aí temos uma história. Ou várias. Livros geram livros.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Eu tenho medo de casas sem livros



Cresci numa casa com grandes estantes, livros em abundância, consumidos vorazmente pela minha mãe e pelo meu irmão, mais do que por mim. Eu era mais da música do que da literatura. Se eu tivesse lido mais, certamente escreveria melhor hoje. Sorry, leitores.

Hoje, tenho uma estante razoavelmente farta, mas me desespero com a fila de livros aguardando para serem lidos crescendo sem que eu tenha tempo de dar cabo dela. Ir às livrarias, a cada vez, se torna mais angustiante. Olho, folheio, leio trechos, quero levar pra casa. Mas aí lembro da fila. E da fatura do cartão no mês passado. E deixo os volumes por lá até, quem sabe, qualquer dia. “Me espera, amor, que um dia, eu volto”.

Quando visito a casa de alguém e não vejo livros, eu estranho. Parece que os moradores são inertes intelectualmente. Eu tenho medo de casas sem livros.

No entanto, li outro dia uma frase de Paulo Coelho em que ele dizia dar todos os livros que lê, assim que acaba a leitura. Justificava o comportamento afirmando que os livros na estante só serviam para envaidecer o dono, como demonstração de presumida erudição.

Faz sentido.

Parênteses para outras considerações: 1. Alguém pode dizer que Paulo Coelho não tem livros, porque, na verdade, não os lê. Discordo e acho preconceituoso. 2. Antes de jogar pedra em Paulo Coelho, leia-o. Até para poder criticar. 3. Eu queria vender livros como vende Paulo Coelho. Eu não queria escrever como escreve Paulo Coelho. Eu o respeito. 4. Paulo Coelho presta um serviço à literatura nacional. Seus livros podem ser porta de entrada para que, após tomar gosto e hábito de leitura, a pessoa escolha outros textos mais sofisticados. 5. Definitivamente, é melhor ler Paulo Coelho do que não ler coisa alguma. Fecha parênteses. Abre polêmica.

Eu ainda não consegui exercer esse desapego de passar adiante os livros que leio. Ainda os mantenho mais ou menos organizados na estante, ilustrando minha suposta cultura. Mas eu acho que deveria repassá-los. Em minha defesa, devo dizer que, ao menos, eu empresto meus livros, sem medo. E também faço algumas indicações bibliográficas para os amigos.

Se eu doar os meus livros, terei medo de ficar sozinho em casa.

Por outro lado, os livros que lemos nos tornam solitários, porque nos fazem únicos.

Ih, viajei.

É árduo e longo o caminho.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Correndo 200 ml




Eu faço turismo numa academia perto da minha casa. Dessas modernas, bem equipadas, com milhões de tvs de plasma, aparelhos de última geração contando batimentos, calorias, e com lugar para conectar o ipod nas esteiras que só faltam falar.

Não é a minha primeira incursão (ou excursão, depende do ponto de vista) às academias. Fiz isso já uma dezena de vocês. Em nenhuma consegui permanecer sequer um semestre, tempo que seria suficiente para dar uma ajeitada no visual e melhorar o condicionamento de quem fumou durante metade da vida.

Meu corpo é um sedentário convicto. Meu cérebro só não tem preguiça para inventar desculpas para eu não ir malhar. Faz isso diariamente. Por outro lado, ele não trabalha o bastante para preencher os intermináveis 40 minutos na esteira. Não tenho conteúdo para pensar em tanta coisa enquanto corro.

Outro dia, enquanto eu quase morria para correr a 9 Km/h, um sujeito ao meu lado estava a 12,5 Km/h e com a maior cara de que estava fácil. A academia me deprime. Tem uns caras sarados, sem barriga e com bíceps definidos, que eu nunca terei. Eu os invejo. E tem um monte de mulheres esculturais, com aquelas roupas de ginástica coladas ao corpo. Mulheres com as quais, mesmo que eu fosse solteiro e rico, eu não teria a menor chance.

É por isso que eu bebo.

E agora sei que faço a coisa certa. Estudo divulgado no início deste mês pelo Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) da Espanha afirma que, além de matar a sede e relaxar, a cerveja ajuda na recuperação metabolismo hormonal e imunológico depois da prática desportiva de alto rendimento e também favorece a prevenção de dores musculares

O estudo recomenda o consumo de três tulipas de 200 ml de cerveja para homens e duas para mulheres por dia. O intervalo indicado para a cervejinha da hidratação é de duas horas antes ou depois de suar.

Tá na hora agora.



ps.: Uma amiga me conta que viu no vestiário da academia uma mulher passando um creme anti-celulite chamado Balea Body. Balea Body??!! Isso é que é piada pronta, nem precisei suar.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Os Carlos da vida

Amigos são a família que a gente escolhe. Huumm, comecei mal. Puta clichê.

Hoje é o Dia do Amigo. Mais uma data bobagem que inventam, como o Dia do Rock, dos Namorados, Pais, Mães, Crianças, Mulher. Outro clichê: todos os dias deveriam ser deles, das pessoas queridas. E todo dia é dia de rock, obviamente.

Hoje é dia de enviar por email aqueles powerpoints ridículos com pores do sol, cachoeiras, ursinhos, labradores e coraçõezinhos embalados por uma trilha sonora breguérrima e mensagens cafonas como a que a abriu este texto. Recomendo: envie aos seus. Aos inimigos, naturalmente. Por que amigo não merece uma sacanagem dessas.

Hoje é dia de ouvir Canção da América, do Milton Nascimento. Pense que é melhor ouvir isso do que...

Especialmente nesses últimos cinco anos, a vida me proporcionou chances de aprender a dar muito mais valor aos meus amigos. Todos me são muito caros. Alguns são, de fato, irmãos. Sem expor nomes, porque quem é, o sabe.

E cada abraço reafirma o desejo de continuarmos juntos.

Se também resvalei a pieguice, perdão, mas é “que se chorei ou se sorri, o que importa é que emoções eu vivi”. E viva Roberto & Erasmo!

domingo, 19 de julho de 2009

Man on the moon

E já que estamos falando em Homem na Lua, vamos de R.E.M com 'Man on the moon". Este vídeo é de uma apresentação no Rock'n'Roll Hall of Fame e conta, nos vocais, com o auxilio luxuoso de Eddie Vedder, do Pearl Jam.
Juntas, então, duas das minhas vozes favoritas no rock contemporâneo.

Os pequenos passos




Há 40 anos, precisamente às 23h56 do dia 20 de julho de 1969, o astronauta Neil Armstrong disse a celebre frase, que garante ter sido concebida apenas quando descia os degraus da nave para pisar a superfície da Lua: “Esse é um pequeno passo para o homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade.”

A Apollo 11 era tripulada por Neil Armstrong, Edwin ‘Buzz’Aldrin e pelo piloto Michael Collins. Hoje, os três têm 79 anos.

Transcrevo a seguir, os principais trechos da ótima reportagem ‘Feitiço da Lua’, de José Meirelles Passos, publicada em O Globo, de 18.07.

“Mas por que, afinal, Armstrong foi o escolhido para a histórica primazia de tomar posse da Lua em nome dos terráqueos? Essa pergunta, que muita gente ainda faz, atormentou Aldrin desde a concepção até a conclusão da viagem. Egocêntrico, ele tentara várias vezes fazer com que a Nasa mudasse de ideia: ele se achava o melhor dos três.

Aldrin caiu em depressão profunda ao voltar da Lua, e mergulhou no alcoolismo durante vários anos, atazanado por algo inaceitável para ele: o eterno rótulo de ‘segundo homem’ a ter pisado lá.

Quando, por fim, se recuperou, acabou se contentando em ter sido pioneiro em duas outras coisas. Presbiteriano, foi o primeiro a comungar na Lua (levara uma hóstia que seu pastor lhe dera para a ocasião). E foi também o primeiro a urinar naquela superfície - como o próprio Aldrin revela num livro que acaba de lançar, sob um título autodescritivo: ‘Desolação magnífica’.

Segundo Chris Kraft, então chefe de operações de voos espaciais em Houston, Armstrong foi escolhido para ser o primeiro a pisar na Lua devido ao seu temperamento reservado. A Nasa sabia que o privilegiado por aquela tarefa teria muito mais do que 15 minutos de fama. E via em Armstrong o astronauta mais bem capacitado do que o extrovertido e temperamental Aldrin, de lidar com a fama - com a qual teria de conviver pelo resto da vida - sem se deixar seduzir por ela e, nesse processo, vir de alguma forma a comprometer a imagem da própria Nasa.
- ‘Neil era Neil. Calmo, calado e de confiança absoluta. Ele não tinha ego algum’.

Collins, o terceiro homem da tripulação, tido até hoje na Nasa como o mais afável e bem humorado daquele trio, se conformou com a sina de ser o principal piloto da Apollo 11, o que implicava chegar muito próximo da Lua, mas sem a invejável chance de pisar nela.

Perguntado, dias atrás, se não se sentira só e abandonado, girando em torno da Lua enquanto o mundo inteiro não tirava os olhos das ações de seus dois colegas em solo lunar, Collins disse que não tinha como negar uma sensação de solidão. Ele, no entanto, fez somente uma queixa, mas bem humorada, em pleno vôo: ‘Sou a única pessoa no mundo inteiro que não está vendo isso tudo na televisão. Por favor, guardem um videoteipe para mim’ – pediu ao coordenador em Houston.

Por alguns momentos Collins tornou-se a pessoa mais solitária do Universo, pois, ao atingir, a outra face do satélite, o chamado lado escuro da Lua, durante as suas circunavegações, ele perdia totalmente a comunicação de rádio com a Terra e com os outros dois astronautas.

Collins, no entanto, garantiu jamais ter se sentido preterido ou menosprezado: ‘Já existem heróis demais e que devem ser reverenciados. Mas não coloquem os astronautas entre eles. Nós fizemos apenas um trabalho para o qual fomos contratados. Eu jamais quis ser o centro das atenções, jamais quis ser uma celebridade.’

Armstrong também sempre cultivou o anonimato, e de uma forma ainda mais intensa do que Collins. Ele não dá entrevistas há mais de uma década. Numa visita ao pai, dois meses antes do lançamento da Apollo 11, ele sequer contou que tinha sido escolhido para ser o primeiro homem a pisar na Lua.

‘O silêncio é a resposta de Neil. A palavra ‘não’ já é, para ele, uma declaração completa’ – disse sua ex-mulher Janet.

No evento comemorativo que celebrará a conquista da Lua, em Washington, Armstrong falará por 15 minutos. Mas já avisou que não responderá perguntas da platéia, nem atendera à imprensa., nem posará para fotos ou dará autógrafos.

O astronauta recusa tais amabilidades com fâs desde que, em 2005, descobriu que o seu barbeiro vendera por US$ 3 mil um chumaço do seu cabelo a um colecionador.

Armstrong viva há décadas em sua pequena fazenda, numa cidadezinha com menos de dez mil habitantes, em Ohio, onde ninguém o incomoda.

Aposentado, Collins às vezes trabalha como consultor espacial. Mas também continua fugindo dos holofotes. Seus dias são tomados por atividades prosaicas: ‘Me ocupo em pescar, nadar, andar de bicicleta, pintar, ler, cozinhar e procurar garrafas de um bom cabernet que custe menos de dez dólares.’

Diante da reclusão de seus colegas, o vaidoso Aldrin, que quatro anos atrás fez uma cirurgia plástica rejuvenescedora, finalmente vem saboreando, nas comemorações do 40º aniversário da conquista da Lua, o papel de protagonista que tanto desejara”.

Achei a matéria interessantíssima por apresentar a dimensão humana dos astronautas. Sua pequenez combinada a sua grande proeza. A competência, a discrição, a depressão, a vaidade, a competição, a inveja, o inconformismo, a reclusão, a humildade, a solidão, a exposição, a necessidade de reconhecimento, o silêncio, a simplicidade, o bom humor, o mau humor. Somos todos assim, pequenos e grandes, sejamos astronautas ou apenas lunáticos.

sábado, 18 de julho de 2009

Realidade nua e bem passada




No Prosa & Verso de 4 de julho, li a crítica de José Castello ao livro “Histórias reais”, da francesa Sophie Calle. Ela esteve na última edição da FLIP, em Paraty, e sua participação em uma mesma mesa que seu ex namorado, o escritor Grégoire Bouillier, foi muito comentada.

Bouillier rompeu o relacionamento por e-mail, terminando o texto com a frase "Prenez Soin de Vous"("Cuide de você"). Calle então pediu a 107 mulheres das mais diferentes profissões que lessem e interpretassem sua reação diante daquela resposta. Esse conjunto de expressões femininas foi filmado por Calle, tornou-se uma obra de sucesso, e representou a França na Bienal de Veneza, em 2007.

Esta, portanto, não é a primeira vez que Sophie faz da sua vida, arte. Ou vice-versa.

Em seu ótimo texto, “Sophie, a encoberta”, Castello classificava o livro como “assombroso, tirado do jogo entre palavras e imagens.” Pensei, de imediato: preciso ler isto.

Ademais, quem pode resistir a essa capa? Somos mamíferos. Aí está nosso movimento mais primitivo, nosso básico instinto. Depois da primeira mamada, tudo passa a ser a busca pelo prazer.

Li o livro duma tacada só. São histórias curtas (reais?), algumas aparentemente banais, mas ao mesmo tempo estranhamente fortes, profundas, densas. Todos os microcontos são ilustrados por foto, compondo um conjunto instigante, embora algumas imagens sejam excessivamente literais.

Não sei se conseguir persuadir você, leitor(a), como José Castello e o seio de Sophie fizeram comigo. Mas vá até a livraria mais próxima, compre o livro e leia no caminho de volta para casa, no metrô.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Dinheiro na mão



Por força do trabalho, faço quase à força um curso de mercado de capitais. Nada contra, mas é que sou louro e fiz comunicação. Meu cérebro só reconhece arquivos .doc. No máximo, .txt. Um .xls já é demais para minha cabeça.

Para as contas que não constam da tabuada que decorei menino uso, sem pudor, uma calculadora. E, óbvio, que não é uma hp.

Enfim, tenho uma professora competente, simpática e esforçada para inserir algum conteúdo nessa minha cabeça de vento. Vou chamá-la aqui de Tia Penha, singela homenagem à apresentadora de programa infantil que não gostava de crianças. Personagem do ator Marcelo Médici, na hilária “Cada um com seus pobrema”.

Entre os cerca de 20 alunos, estamos cinco de comunicação, estranhos no ninho nessa prestigiosa escola de administração e finanças. Estamos aqui para melhor entender o economês, idioma de muitos dos nossos entrevistados, e para termos condições de escrever matérias melhores. Somos, naturalmente, os burrinhos da turma. Desde a primeira aula, Tia Penha pergunta se “o pessoal da comunicação está conseguindo entender?” Porque se nós estamos,...

Hoje, em um exercício, Tia Penha perguntou o que eu faria se ganhasse R$ 1 milhão na loteria. De pronto, pensei:
a) pediria demissão
b) torraria a grana
c) sumiria por uns tempos
d) não deixaria “prima” pobre
e) todas as alternativas acima.

A resposta correta era, sim, a letra “e”. Só que a redação sugerida por Tia Penha era:
e) nenhuma das respostas anteriores (n.r.a., para os íntimos das provas de múltipla escolha).

Tia Penha exasperava-se com minha índole perdulária e hedonista. Buscava a todo custo (opa!) convencer-me do que é “certo” fazer.

Segundo ela, eu deveria aplicar o dinheiro provisoriamente num investimento com liquidez diária, que desse 100% da taxa CDI, até efetuar um planejamento de longo prazo. Sugeria reservar ao menos 10% do dinheiro para a aposentadoria.

Na seqüência, o planejamento de médio prazo. Comprar um apartamento, por exemplo.

Finalmente, o planejamento de curto prazo. Comprar um carro, talvez.
As melhores opções de investimento seriam definidas conforme a meta estabelecida para cada período do planejamento.

Prioritariamente, o longo prazo. Tia Penha não está errada, não. Mas é que, para mim, “...dinheiro na mão é vendaval....”

Lembro de uma cena do filme “Meu nome não é Johnny”, em que um traficante diz que está saindo do negócio porque realizou o objetivo de ganhar US$ 1 milhão. Johnny então responde que seu objetivo é gastar US$ 1 milhão.

Qual o seu objetivo? Onde está o seu maior prazer?

terça-feira, 14 de julho de 2009

Tomo guaraná



“Tomo guaraná, suco de caju, goiabada para sobremesa”, cantava Tim Maia.

Guaraná natural é a minha bebida não alcoólica favorita. Consumo diariamente qualquer coisa que tenha o prefixo Guara: Vita, Viton, Plus, Power e... Gay?!

Como assim ?! (Sem duplo sentido, por favor)

Li no O Globo, de 12/7, que a empresa Viton 44, que produz os guaranás Viton e Vita está lançando o Guaragay. Segundo o proprietário da empresa, Neville Proa, um comprador encheu o caminhão com o produto e foi vendê-lo na última Parada Gay de São Paulo. Mas, por enquanto, de acordo com ele, o produto ainda não tem uma saída expressiva e, no momento, é mais vendido “para pessoas que querem fazer uma brincadeira com os amigos, com o chefe”. Ou seja, é o Guarazoação.

Fala sério. Isso não é exatamente uma ação afirmativa, anti-preconceito. A maioria dos gays que conheço quer estar inserida em uma sociedade que não faça distinções entre heteros e homos.

Enfim, não consigo pensar em nenhum dos meus amigos gays bebendo um guaraná que seja “exclusivo” para eles. Por que um guaraná para gays? Ou uma cerveja? Ou um refrigerante sabor cola? Acaso o paladar deles é diferente? Claro que não. Não faz o menor sentido. Será que alguém vai usar o Guaragay para dar pinta ou sair do armário? Será que o sujeito vai ter a brilhante idéia de lançar o Guarasapa? Que tal o Guarabofe?

A embalagem deste refresco (opa!) de guaraná rosa com o arco-íris é também um primor de mau gosto. Nada que surpreenda quem já viu os anúncios na TV do Guaraviton e do Guaravita. Os produtos parecem praticamente colados grotescamente sobre belas paisagens. Nenhum publicitário sóbrio assinaria um anúncio daqueles. Mas descobri, lendo a matéria, que o próprio Neville diz que cuida do marketing da empresa e das campanhas publicitárias.

Espero que o produto não emplaque. Que seja o Guaranão.

Mudando de assunto, mas ainda sobre guaraná. Logo que me mudei para Brasília, em 1999, fui a um restaurante e pedi um guaraná natural. O garçom prontamente me trouxe um Antártica sem gelo. Foi o meu primeiro choque cultural no Planalto.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Hoje é dia de rock



Hoje, 13 de julho, é o Dia Mundial do Rock. A data foi instituída em 1985, quando realizou-se o Live Aid, evento organizado por Bob Geldof, que reuniu um naipe de primeira linha do rock para angariar recursos para combater a fome na África.

Para mim, todo dia é dia de rock. Aos 8 anos, eu já me trancava no quarto e, no último volume da eletrola, tentava cantar e rebolar os quadris como Elvis.

No início da adolescência, cheguei a ter aulas de guitarra e teclado, mas eu era completamente indisciplinado para estudar com afinco e tinha praticamente nenhum talento musical. Não passei do bê-a-bá. Ou melhor, do dó-ré-mi. A única música que lembro como tocar é a facilíssima Love me tender, do Rei do Rock.

Menino cheio de sonhos, eu queria virar um rockstar. Sonhava em escrever e tocar ótimas canções, cantadas por fãs em estádios lotados, performances incendiárias no palco, solos alucinados de guitarra, discos de platina, groupies histéricas, surubas com louras gostosas, muito álcool, drogas, indefectíveis e permanentes Ray-ban, camarins com infinitas toalhas brancas e garrafas de uísque, quebradeiras em quartos de hotel, mansões, carrões, harleys, euforia, melancolia, solidão em meio à multidão, e morrer aos 27 de overdose.

Acho que só sobraram os óculos escuros e as tatuagens. Os longos cabelos também já se foram faz muito tempo.

Hoje vou ouvir pela enésima vez os dois primeiros discos que eu comprei com a minha mesada, há décadas. E que mudaram a minha vida. “Machine Head”, do Deep Purple e “Back in Black”, do AC/DC. Continuam sendo discos excepcionais.

Meninos nunca crescem.

sábado, 11 de julho de 2009

Cuidado com o cão




Feliz com o micro novo, puta tela de LCD de 19 polegadas, banda larga de 3 gigas, ela decidiu aproveitar a noite fria e preguiçosa para baixar um filminho na internet.

Escolheu o fofo “Marley & eu”, esperou a conclusão do download, fez pipoca no microondas, ajeitou o ângulo do monitor, fazendo um pequeno calço com uma caixa de Marlboro Light, e estendeu-se embaixo do edredon.

>Play>

Começa com uma paisagem carioca. “Ah, deve ser trailer”, ela pensou, sem pensar muito. A câmera vai se aproximando de um prédio na Glória, atravessa os vidros, penetrando no ambiente, e lá dentro, o que acontece é uma suruba. Nada de papo, claro, só ação.

O filme não era o do célebre cachorro. Era uma produção B com cachorras!

“Meu Deus, será que eu digitei Marlene & eu, Marli & eu, Marley & elas?!” Estava atônita, enquanto, em cena, o pau comia solto. Literalmente. Ela levantou rapidamente – que falta faz um controle remoto para computador! – e derrubou a Coca Zero sobre o edredon.

Não teve coragem para continuar assistindo para ver se na sequencia teria algum sósia bem dotado de Bob Marley. Ou pior: o filme poderia conter alguma cena repulsiva de zoofilia envolvendo um sósia do labrador Marley.

Terá o filme transmitido algum vírus venéreo para seu computador?

Do susto, uma única certeza: renovar imediatamente a carteirinha da locadora, especialmente útil em sábados cinza.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

História de M.

Sonia Racy, em sua coluna de hoje no O Estado de S.Paulo, escreve que “a primeira novela impressa em papel higiênico, no Japão, vendeu 80 mil exemplares em um mês. É um terror psicológico que se passa dentro de um pequeno banheiro japonês.”

A iniciativa me parece corretíssima do ponto de vista de responsabilidade socioambiental. Não há desperdício de papel. O sujeito lê enquanto..., você sabe, e na seqüência já usa as “páginas” para ...você sabe.

Por outro lado, não dá para emprestar o “livro”...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Mulheres no poder

Reunião do G8 na Itália. 9/7/2009. Foto: Reuters


Ela passa, Obama olha, Sarkozy sorri, com a cumplicidade masculina confirmando que ela merece a conferida.

E assim caminha a humanidade...


ps.: A moça é a carioca Mayara Rodrigues Tavares, representante da Unicef.

Se achando em casa



Na hora do almoço, fui dar uma caminhada digestiva. Para completar os sessenta minutos regulamentares, entrei no shopping, à toa, para flanar, ver as vitrines e as moças bonitas, usufruir do ar-condicionado.

Atraído pela palavra mágica “Liquidação”, fui olhar a Zara. Embora a loja tenha pelo menos uma dúzia de provadores, um rapaz experimentava camisas sem a menor cerimônia, exibindo o tronco (sem duplo sentido, galera!) no meio da seção masculina. Por que simplesmente não usa uma das cabines, que estão lá para isso? Estavam quase todas desocupadas.

Esgotado o tempo livre do almoço, subi de volta ao escritório. No elevador cheio, um executivo de uma multinacional, de terno e gravata, sapatos italianos, palita os dentes, acintosamente, sem a menor cerimônia. Com direito àquele ruído típico de quem tenta expulsar um pedaço de carne de entre os dentes. Por que simplesmente não esperou chegar ao banheiro e fez isso discretamente usando fio dental? A classe não está na carteira.

Ou eu sou um chato ou o mundo está cada dia mais deselegante.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Ronaldo do Casseta



Certa vez, Romário afirmou que “Pelé calado seria um grande poeta”. Foi uma de suas tiradas tão geniais quanto seus gols.

Já Ronaldo Fofômeno, embora seja um craque, não é tão sagaz quanto Romário nem em campo e muito menos fora dele.

Ontem, ele se atrapalhou com as palavras ao dizer que “o presidente Lula está dando alguns contatos de empreiteiras que podem nos ajudar (ao Corinthians), mas não é financeiramente.”

Não é a primeira vez que os nomes dos dois aparecem juntos, em declarações polêmicas à imprensa. Certa vez, Lula disse que achava que Ronaldo estava gordo. O jogador retrucou que achava que o presidente bebia demais. E a coisa ficou por isso mesmo, porque os dois tinham razão.

No início deste ano, depois de treinar no Flamengo, Ronaldo se mandou para o Corinthians com a esfarrapada justificativa que precisava garantir o leite das crianças, levar o pão pra casa todo dia. Como se, com o patrimônio acumulado, ele ainda precisasse de uns trocados para alimentar os filhos. A suposta traição ao Flamengo irritou a torcida.

Ontem, Ronaldo fez pior. “Eu sou flamenguista desde criança, sempre fui ao estádio ver o Fla no Maraca. Só que agora estou no Corinthians. O que aprendi aqui é que essa pesquisa, de o Flamengo ter a maior torcida do mundo, do Brasil, não é certa. Não é uma pesquisa correta.”

O vice-presidente de futebol do Flamengo, Kleber Leite, que normalmente só fala besteira, disse ontem uma coisa certa: “Ronaldo está apresentando uma nova faceta: a de humorista. Vivendo e aprendendo. Ela agora é o engraçado.” Taí, Ronaldo deveria integrar o elenco da Turma do Casseta & Planeta. Porque, Ronaldo, a praça é nossa e sua cabeça é uma zorra total.

Em 2008, uma pesquisa do Datafolha apontou o Flamengo com 17% de preferência no País, seguido pelo Corinthians, com 12%. A última pesquisa do Ibope, de 2004, mostrou números semelhantes: 18,1% do Flamengo, contra 13,2% do Corinthians.

No dia 9 de agosto, tem Flamengo X Corinthians no Maraca e a torcida vai lotar o estádio e, pacificamente, marcar presença. Ronaldo nunca fez gol jogando no Maracanã. Oxalá não quebre a escrita desta vez.

No mais, já que tudo nesse País demanda uma CPI e que todas as CPI acabam em pizza, sugiro instaurar imediatamente a CPI das torcidas. Para abafar a CPI das empreiteiras do time do presidente.

Os números mostram que o Flamengo tem a maior torcida do Brasil e quiçá do mundo. E se a voz do povo é a voz de Deus e se Ele é mesmo brasileiro, então Deus é flamenguista.

Mas se Ele é rubro-negro, então por que o Flamengo está com um timinho medíocre?

Ora, e alguém consegue entender a cabeça do Cara?

terça-feira, 7 de julho de 2009

Last dance



Hoje é o dia do espetaculoso velório de Michael Jackson, o “showneral”, a que sua amiga Liz Taylor, sensatamente, chamou de circo.

Terá transmissão ao vivo pela TV, pela internet e para 80 salas de cinema nos EUA. A piada maldosa do dia diz que criança não paga para ir ao ginásio onde acontece o evento, com capacidade para 17 mil pessoas.

Aliás, o Zé Simão, que assina a coluna Monkey News, no portal UOL, trouxe algumas dessas piadas que circulam sobre o finado Jacko. Como ele mesmo escreve, são piadas do tipo Hebe: velhas, mas divertidas. E, claro, todas politicamente incorretas.

A expectativa é que no meio do “showneral”, Michael se levante e comece a dançar com os zumbis ao som de Thriller. Brrrrrrrrrrrrr!

Outra é que quando Michael chegou ao céu foi logo perguntando pelo menino Jesus, interessadíssimo. Mas São Pedro cortou-lhe as asinhas, respondendo: - “A Madonna já levou”.

Pedrão, lá em cima, achou que o pessoal do cadastro tinha feito a maior confusão e quase barrou a entrada de Michael, porque na ficha estava escrito “senhor negro de 50 anos”. Afinal, a única coisa preta que o Michael ainda tinha era a tarja do remédio.

Ô mundo cruel, que povo mau! Ou melhor, bad, really, really bad.

Brincadeiras à parte, que Michael descanse em paz. E que, de tudo, só permaneça a sua música. Esta sim, verdadeiramente genial.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Plano de negócios




Depois dos exageros do final de semana, eu empurrava uma salada de alface, tomate e frango marinada com cebola e balsâmico ao mel.

Na mesa ao lado, quase grudada, uma jovem executiva com sotaque paulistano se empurrava a um homem pouco mais velho, com pinta de ser gerente ou chefe dela. A jovem se vendia. Não, não se insinuava sexualmente, não havia nenhum clima. Ela se vendia como profissional. Dinâmica, competente, proativa, esses termos genéricos que a gente lasca no currículo porque costumam agradar.

Fluente no dialeto do mundo corporativo, a ambiciosa jovem abusava dos termos em inglês. Budget, target, follow up, business plan, e outros que tais. A conversa girava sobre registro de produtos. E ela discorria sobre erros e acertos de estratégia, experiências de outras companhias, dados estatísticos de mercado e sugeria procedimentos. Um ligeiro escorregão na ética, ao dizer que “a gente às vezes se comporta como freira em um mundo de Alice”. Uau. Impressionou.

Eu estava atento à conversa, muito mais interessante do que a minha salada. A moça vestia o figurino padrão, com saia preta até o joelho e meias escuras cobrindo canelas e os pés dentro do scarpin.

Por um momento, me ocorreu fitá-la acintosamente. Não tirar os olhos dela. Só de sacanagem. Só para desconcentrá-la em sua performance que parecia ter sido meticulosamente preparada. Mas não cometi esta maldade. Analisando a matriz swot, percebi que teria poucas chances de êxito. Ela era muito focada.

A gulosa e a perfeita



Na seção 10+1 da revista VIP de julho, a modelo Caroline Bittencourt, 27, diz que "Toda mulher gosta de sexo. Ele tem que ser diário. Nada de ser uma vez a cada sei lá quantos dias. Melhor do que isso só se for como as refeições: três vezes ao dia. E por mim ainda teria o lanchinho nos intervalos".

Já uma amiga minha, ao invés de sexo diário, prefere mesmo é por diária.

Ainda que tenha mesmo todo este apetite, no quesito perfeição, Caroline(foto) fica atrás de Amanda, a personagem interpretada por Luana Piovani no divertido A Mulher Invisível.

O filme é aquilo que os americanos chamam de vehicle movie, veículo para Selton Melo desfilar o seu talento. O que, de fato, ele tem de sobra. Vladimir Britcha, Maria Manuella, Luana e a sempre ótima Fernanda Torres acompanham o nível da atuação.

Escrito e dirigido por Cláudio Torres, o filme é ótimo entretenimento e toda vez que parece resvalar na obviedade, consegue driblá-la.

Em A Mulher Invisível, La Piovani, como se não bastassem seus atributos físicos, faz faxina de lingerie, entende e acompanha até a Terceira Divisão do futebol, transa com o namorado sem cerimônias, mesmo quando ele chega bêbado em casa e confessa ter ido pra cama com duas e, last but not least, serve canja de galinha na cama para ele.

Como ela mesma diz no filme: “Eu posso não ser real. Mas eu sou ideal.”

Suspiro.

Vamos fazer uma dupla?







Quando escrevi “O encontro entre duas pessoas idem”, publicado em 19/5/2009, criei uma dupla sertaneja fictícia, a Parecido & Igualzinho. Com alguma boa vontade, ela poderia estar entre essas, que uma fiel seguidora do blog me enviou.

Algumas beiram o inacreditável. Não tenho como checar se são verdadeiras ou não. Não importa (Quem ainda se importa com a verdade?). O hilário pede passagem...

E você, quer formar uma dupla? Escreva sugerindo o nome.

sábado, 4 de julho de 2009

A caixa diabólica


O jornal O Globo de ontem trouxe matéria bacana sobre o revival das jukebox, aquelas máquinas que, por umas fichinhas, te permitem brincar de DJ e dedicar “uma canção a quem você ama. Canta pra mim, eu não quero ver você triste assim...”

Ícone norte-americano dos anos 1950, por aqui as jukebox só frequentavam bordeis de quinta e bares de sexta, com repertorio breguíssimo. Era aquela coisa de corno botando Reginaldo Rossi pra tocar depois de uns conhaques às três da manhã.

Mas as maquininhas têm dado as caras e os sons em lugares mais sofisticados, moderninhos e melhor frequentados. Legal.

Na matéria, o professor Steve Berg explica a origem da palavra: “Há quem diga que o termo juke ou jook surgiu no Mali (África). Significava diabólico, e foi levado pelos escravos para os EUA. Lá, havia lugares chamados de juke joints, bares muito simples, considerados de segunda categoria, onde os negros iam ouvir música ‘diabólica’, dançar e beber”. Daí, quando surgiu a tecnologia para fazer a música sair de uma caixa...

Como eu já confessei publicamente, eu gosto de música country. E a minha pedida de hoje é “If the jukebox took teardrops”, da supergata Danni Leigh.

“If the jukebox took teardrops
And the whiskey was free
If that old car in the parking lot
Drove home automatically
If every night ’neath the honky tonky lights
Didn’t start those memories
Wouldn’t it be a wonderful world
For somebody just like me?”

“Se a jukebox aceitasse lágrimas”. Putz, é uma deliciosa cafonice. Mas é linda!

Tá aí o link. Ponha uma ficha na máquina que aceita lágrimas e ouça:

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Quer ficar pelada hoje?




E aí, considerou a proposta ousada? Indecente? Tentadora? Descabida?

E tem mais: é nua no escritório!

Isso mesmo, no local de trabalho, diante de todos os seus colegas. Tá a fim?

Antes de sair arrancando a roupa e ser enquadrada por atentado ao pudor ou demitida por insanidade, saiba que é preciso combinar o jogo antes.

Saiu na revista Época Negócios e em outros veículos que “a equipe de uma empresa de marketing e design inglesa passou um dia inteiro trabalhando sem roupa para levantar o moral da companhia. O evento, batizado de ‘Naked Friday’ (Sexta-feira Nua), que substituiu o uso de roupas mais casuais às sextas-feiras, agora vai se transformar em um programa de TV, o Naked Office.

A ideia partiu do psicólogo David Taylor, conhecido como ‘Naked Leader’ (Líder pelado), que havia sido chamado pela direção da companhia onebestway, da cidade de Newcastle upon Tyne, para oferecer sugestões de como melhorar a integração dos funcionários. Com o corte de seis integrantes da equipe, devido à crise financeira, a equipe andava mais desanimada.

Segundo o psicólogo explicou aos funcionários, ao tirar suas roupas, eles deixariam de lado suas inibições e poderiam falar mais abertamente e serem mais honestos sobre suas opiniões.

‘Convidar uma organização a tirar a roupa é a técnica mais radical que eu já usei’, explicou Taylor ao jornal britânico The Daily Telegraph. ‘Pode parecer esquisito, mas funciona. É o gesto final de confiança em você mesmo e nos outros’.”

Se você se interessar pela proposta do ´Naked Leader”, tem uns vídeos do cara no youtube explicando a teoria, felizmente vestido.

Sei não, mas acho esse papo estranho. Escritório não é praia de nudismo. Será que conseguiríamos ficar tão à vontade quanto os naturistas? Não creio. Acho que na maioria das empresas as mulheres vão ficar contando os furinhos de celulite umas nas bundas das outras. E, espumando de ódio, vão querer matar a estagiária. Os gays vão ficar desapontados com uns bofes de pau pequeno e os homens vão sacar que certas mulheres eram mais atraentes dentro daqueles jeans apertados. Mas tudo bem, nada que umas cervejas não resolvam, vocês sabem como são os homens. E que tal o seu(sua) chefe nu(a)?

Será que vai levantar mesmo o moral? Sem trocadilhos infames com levantar outra coisa, ok, pessoal?

Bem, aqui na empresa onde trabalho, a gente fez uma reunião e decidiu que...

Ah, deixa pra lá.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sobre mantos sagrados e camisinhas




Ontem, o Flamengo fez a apresentação oficial da nova versão do manto sagrado. Sai a Nike e entra a Olympikus como fornecedora do material esportivo.

A nova camisa, “coleção 2009/2010”, é horrível. Tão feia que não vai nem ilustrar este texto.

Eu acharia melhor se o Flamengo adotasse essa camisa rubro-negra aí da foto, o novo uniforme do Manchester United. Achei que ficou bonito pacas. Mas como torcedor nunca está satisfeito seja aqui ou na Inglaterra, a turma de lá criticou dizendo que o uniforme parecia mais de rugby do que de futebol. São uns conservadores. Não adiantou nem o clube justificar que o “V” em preto indica “vitória”. É, a justificativa foi ruim mesmo.

Tem uma coisa que eu não entendi. A AIG não foi uma das seguradoras que foi tragada pela crise econômica mundial no ano passado? Como é que ainda tem recursos para patrocinar o esporte?

A camisa do Manchester ficaria muito mais bonita sem a logo do patrocinador, seja qual for. A do Mengão, por exemplo, ficou linda nesses últimos meses, já sem as marcas da Petrobras, da Lubrax e da Podium. Bateu uma nostalgia dos velhos tempos (uns 20 anos atrás), em que os times não dependiam da receita dos patrocinadores e as camisas eram imaculadas. O uniforme do Corinthians, por exemplo, está ficando parecido com uma macacão de piloto de Fórmula 1. Tem até a marca do desodorante Avanço embaixo do braço!

Eu preferia não ver Samsung X Batavo, Unimed X Liquigas, Unicef X Bwin, Pirelli X Carlsberg, Fly Emirates X Telefônica etc etc etc


ps.: O Globo fez uma enquete online e 62% dos torcedores reprovaram o novo uniforme. E, desses, 36% disseram que é a camisa mais feia dos últimos tempos.

ps 2: Mas a opinião da torcida não importa, né? O Flamengo fez uma pesquisa para saber qual o número da camisa que o Adriano deveria usar. A galera escolheu a 9. Mas ele não gostou. Daí, vai usar a 9 só por três jogos e depois vai herdar a 10. Eu acho que depois do Zico, ninguém deveria mais usar a 10. Muito menos o tal Imperador...