terça-feira, 29 de outubro de 2013

Namoro novo

Dez e quarenta e cinco de uma terça comum. Ele a deixa no trabalho, provavelmente atrasada. Dentro do carro, beijam-se longamente. Ela desce e caminha em direção à entrada do prédio. Vira-se, talvez ele a tenha chamado. Volta até o carro e, na ponta dos pés, estica o corpo pra dentro, pela janela aberta do carona.  Outra vez, beijam-se demoradamente.

Ela então retoma o prumo e o rumo à portaria, levemente corada, sorridente e olhando para trás. Ele permanece parado até que ela suma completamente de seu campo de visão. Quem sabe torcendo para que ela decida jogar tudo para o alto e voltar para o carro porque o desejo não pode esperar.
Felizes são os namoros novos.


Fosse namoro antigo, ela não voltaria para beijá-lo uma vez mais. Fosse namoro antigo, o beijo de despedida no carro seria mero selinho. Fosse namoro antigo, ele não a levaria ao trabalho. Fosse namoro antigo, eles não perderiam a hora do serviço. Fosse namoro antigo, seria hora de acabar.