quarta-feira, 24 de setembro de 2008

SDS BSB

Foto: Giscard (picasa)




Então ele disse:
- Não posso falar agora.
- Mas vc atendeu ao celular...
- Só pra te dizer que não posso agora.
- Eu só queria te avisar pra vc ler logo um e-mail que eu te mandei.
- Agora não dá. Mais tarde.
- Tá tudo bem? Que que tá acontecendo?
- Tá chovendo.

Aí me caiu a ficha, como um raio na cabeça: estava chovendo em Brasília. Depois de seis meses sem cair uma gota, desaba aquele temporal maravilhoso que lava a cidade, a garganta e a alma, tudo ao mesmo tempo. Quem vive ou já viveu em Brasília sabe o que é essa sensação.
O céu, que de maio a setembro foi uma redoma azul sobre nossas cabeças e proporcionou os mais lindos pores-do-sol, torna-se cinza chumbo e feroz. A gente vê os raios distantes e a chuva vindo em cascata do horizonte. A terra, que arde vermelha com os últimos fiapos resistentes de grama, solta aquele cheiro de terra molhada que não tem igual. E o Eixão, a L2 e a W3 ganham a espuma do óleo que sobe do asfalto. E parece que todo mundo suspira aliviado nas entrequadras.

Meu amigo tem toda razão. A primeira chuva em Brasília justifica sustar qualquer urgência. O mundo que pare, eu não tô nem aí. O melhor mesmo é só olhar a chuva. E ouvi-la. E cheirá-la. E deixar-se molhar, corpo e (c)alma.

5 comentários:

Anônimo disse...

Excelente!!! Pelas boas notícias e pela descrição da chuva que aplaca a secura capital... apesar de muitas vezes contrastantes, Brasília realmente tem seus encantos!
Abraço!

Ciça Calvoso disse...

Lindo!

Andréa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Andréa disse...

Que lindo! Quanta poesia em suas palavras! Quisera eu poder descrever tamanha emoção... Realmente a chuva em Brasília é tão encantadora que me emudece os adjetivos!
Beijos no coração

Carol Nogueira disse...

Aaaaaai, como eu entendo essa sensação. A terra vermelha que corre nas minhas veias me faz entender de chuva que nem índio. De dentro do buraco do metrô eu digo "coloca a capa que tá chovendo" e quando a gente chega lá fora meu interlocutor me pergunta como eu sabia. Eu sou de Brasília, beibe. Eu sinto cheiro de chuva. :o) Esse post foi uma viagem-literalmente-relâmpago.