domingo, 7 de setembro de 2008

O tempo fechou entre Juba e Lula


Ou seria entre Júlio e Lula? O goleiro da seleção brasileira versus o presidente da república? Ou seria entre Dunga e Lula? O técnico e o presidente?

Lula é um presidente popular. E gosta de falar como homem do povo, como se conversasse no boteco, tomando uma branquinha com seus antigos companheiros metalúrgicos. Como bom brasileiro, acha que entende de futebol. Afinal, somos um país de 150 milhões de técnicos. Certamente, quase todos melhores do que o Dunga.

Corintiano declarado, peladeiro de final de semana, Lula disse nesta semana admirar o argentino Messi, tido por ele como o melhor do mundo na atualidade, porque além de jogar muita bola, tem raça.

Irritado, o goleiro Júlio César respondeu: “Acho que o Lula deveria virar argentino, morar na Argentina e renunciar à presidência. Talvez o Brasil melhorasse alguma coisa.”

A turma do deixa-disso entrou em campo rapidamente e 24 horas depois a CBF pedia desculpas e o goleiro também, só que de um jeito mais malandro. Disse Júlio César ao jornal O Globo: “Aproveito para pedir desculpas ao presidente. Mas seria legal se ele fizesse isso também. Peguei um pouco pesado, mas é minha opinião.”

É isso, Júlio César, é exatamente isso: apenas a sua opinião. Como a admiração por Messi é apenas a opinião do Luiz Inácio. E este, felizmente, é um país livre.

Não foi a primeira vez que o tempo fechou entre o presidente e o escrete canarinho. Na última Copa, Lula comentou que tinha ouvido dizer que Ronaldo Fenômeno estava gordo. O que, cá entre nós e a torcida do Flamengo, era visível. Ronaldo retrucou dizendo que já tinha ouvido falar que Lula bebia muito, mas nunca comentara sobre isso.

Lula falou como torcedor. Não como presidente da república. Falou como o homem do povo que discute acaloradamente futebol com os amigos. E os jogadores que se sentiram ofendidos responderam no mesmo tom elevado (ou baixo, depende do ponto de vista). O fato é que não há necessidade de pedidos diplomáticos de desculpas de nenhum dos lados. Não houve nenhuma agressão às instituições, nem nenhum desrespeito à autoridade. Houve tão somente um bate-boca entre brasileiros apaixonados por futebol. A paixão nos infantiliza.

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