Ponte dos Ingleses, Fortaleza. Foto: Leandro Wirz Arthur Dapieve, que escreve para O Globo às sextas, encerrou sua coluna de 12.09.2008 assim: “A Justiça poderia começar a organizar a suruba eleitoral brasileira negando registro a essa palhaçada de candidatos a qualquer coisa se “identificando” por Beltrano da Birosca, tia Fulana ou Doutor Sicrano. Não dá para votar em quem não tem nome e sobrenome.”
Não assisto ao horário político gratuito na TV e não vou desperdiçar o meu tempo procurando aberrações de todo tipo entre os candidatos. Mas li hoje na coluna “No ar”, da jornalista Daniela Name, que um candidato em BH usa o nome de Tomaz Rola Bosta. Rola Bosta não é seu sobrenome, é o nome de sua empresa, uma desentupidora. Dapieve tem razão, a Justiça Eleitoral deveria obrigar o candidato a usar o seu sobrenome. Ah, tá, “bosta” é marketing. Existem pessoas que tem m... na cabeça.
Seria cômico não fosse trágico o desfile bizarro de candidatos e propostas políticas implausíveis. Figuras grotescas, saídas de circos dos horrores, vomitam promessas absurdas e levianas, com o intuito único de enganar os eleitores.
A Folha de S.Paulo, versão on-line, deu matéria no último dia 3 sobre um candidato à prefeito de Natal, chamado Miguel Mossoró, que propõe construir uma ponte entre Natal e Fernando de Noronha. De acordo com o Comando da Marinha, essa ponte teria que ter 361 Km de extensão, equivalente a 27 Pontes Rio-Niterói, com seus 13,3 Km.
Para defender a viabilidade de sua proposta, o candidato que se define como “político de idéias novas” afirmou que “se os europeus fizeram túnel embaixo do mar, por que nós não podemos fazer uma ponte como essa?”. É bom lembrar que o túnel ao qual o candidato se refere, que liga a França à Inglaterra, sob o Canal da Mancha, tem 50 Km de extensão.
A Justiça decidiu não impugnar candidaturas de quem responde a processo. Somente aqueles condenados em última instância, com a sentença tendo transitado em julgado (acho que é esse o termo jurídico correto) é que estão impedidos de concorrer. Mas vamos combinar que 100 candidatos que respondem a acusações de homicídio é muito para qualquer faroeste. Até mesmo para este, caboclo.
Com o exemplo vindo de cima, que tipo de pessoa está se candidatando neste País?
Felizmente, o povo pode escolher seus representantes legítimos pelo voto. E garimpar alguém que seja sério e honesto. Para que não se construam pontes do nada para lugar nenhum. E para que embaixo das pontes não morem pessoas sem nome.
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