quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A importância do CEP para os cachorros



Todo mundo sabe que os cachorros machos urinam em vários pontos para demarcar seu território. Ali, tá tudo dominado. E cada um fica no seu quadrado.

Mas e homem-cachorro, como faz? Come por CEP.

Explico: conhecida minha contou na mesa do boteco que tinha tido uma noite ótima com um cara casado. Até aí, (quase) tudo certo. O fato de ele ser casado é um assunto entre ele e a sua mulher e não tem nada a ver com a amante.

Aliás, “amante” é um exagero. Afinal, não há amor nesse rolo, só sexo. Além disso, o emprego da palavra “amante” dá a falsa impressão de que é um relacionamento contínuo, o chamado “caso”, para usar outro termo anacrônico. Nesse caso, não era um caso. Tratava-se apenas de um atendimento no varejo. Bom como muitas coisas passageiras, mas nada mais.

Na noite seguinte, a, digamos assim, “Alfa 1”, estava em um táxi quando, numa dessas coincidências de novela, viu o cara passando. Ela então disse ao motorista a clássica ordem: “Siga aquele carro!”.

Conforme os carros iam vencendo as ruas, seu coração se acelerava em romântica expectativa: ele tomava a direção da casa dela! Ele estava voltando, querendo mais do mesmo, mais do que tiveram na tórrida véspera.

Ele estacionou o carro em frente ao prédio dela. Enquanto pagava o táxi, ela notou, entretanto, que o cara se dirigia para a portaria do prédio ao lado. A verdade é que iria se encontrar com outra mulher. Ou seja, com a vizinha, com a “Alfa 2”.

Mulher traída vira bicho. Amante traída – se é que uma amante pode ser traída – comporta-se como mulher traída.

Chegou junto do cara e fez a segunda ameaça mais terrível para um homem (a primeira, óbvio, é um tipo específico de mutilação): “Vou fazer um escândalo!!!”, avisou, fazendo cara de louca.

Ele tremeu e partiu para o “deixa disso, meu bem, vamos conversar”. Foi quando o celular dele tocou. Era “Alfa 2” perguntando as razões da demora. Transmitindo calma na voz, como são capazes apenas os artistas da dissimulação, ele respondeu que tinha dado carona a uma “senhora” do trabalho ( - Como assim, “senhora” ??!!), que estavam conversando um pouco, mas que ele já chegaria.

“Alfa 1” reforçou a ameaça, desta vez, de modo ainda mais contundente. Mas era blefe. Ela não faria um escândalo na porta da própria casa. Afinal, o que os vizinhos iriam pensar?

Mas diante do flagra e das ameaças, o homem-cachorro-fogoso botou o rabo entre as pernas e foi marcar seu território em outra rua, outra quadra, outro bairro. Ali, naquela freguesia, já era.

Moral da história: antes de mudar de CPF, verifique o CEP.

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