Para praticar o desapego aos livros que se aboletam na sua estante, uma boa alternativa além dos sebos e da simples doação, é participar de rodadas de bookcrossing. Quando morava em Brasília, eu participei de uma. Abandonei um livro no café no CCBB local e um outro num bar da Asa Norte. O conceito de bookcrossing surgiu nos EUA e pode ser resumido como a prática de deixar um livro num local público, para que outros o encontrem, e voltem a “liberta-lo” depois de o lerem, e assim sucessivamente.
A Estação das Letras realiza periodicamente um evento chamado “Livros na mesa”, que é uma evolução do bookcrossing. Após as trocas, começa o encontro de leitura com escritores ou pesquisadores e personalidades do mundo dos livros. Amanhã, 25 de julho, é dia. 10h30: Troca de livros; 11h30 às 13h00 - Encontro de leitura com Francisco Orban e Astrid Cabral. A Estação fica na Rua Marquês de Abrantes, 177 - Loja 107, no bairro de nome mais bonito da cidade: Flamengo.
O bookcrossing é uma prática econômica e ótima forma de renovar a sua biblioteca e de compartilhar suas leituras. Além disso, é poética e mesmo romântica. Abandonar um livro por aí, a esmo, ao léu, com uma dedicatória a um leitor desconhecido.
Ou, melhor ainda, largar por aí um livro com dedicatória afetuosa a alguém. E esperar anos até sair em busca daquele preciso exemplar que foi solto no mar. Fuçar sebos na tentativa de reencontrá-lo.
Imagina, achar um livro anos depois com uma declaração de amor a alguém identificado. Bate uma tremenda curiosidade sobre qual a história entre quem recebeu e quem assinou a dedicatória. Estarão ainda vivos? Ainda unidos? O que passaram juntos? Ou terá sido um amor nunca realizado?
Pesquisando na Estante Virtual (um sebo no cyberespaço) vi que há exemplares de livros meus autografados à venda. Quem será que se desfez deles? Gente que não gostou? Gente que morreu e o espólio foi passado adiante? Gente que amei? Que me amou um dia? Ex-amigos? Terão se desfeito dos livros com raiva ou mero desprezo?
E aí temos uma história. Ou várias. Livros geram livros.
Um comentário:
Genial seu post. Nunca pensei que poderia andar por ai e encontrar livros perdidos. Com certeza farei isso (algum dia), deve ser realmente interessante e muito satisfatório dar a outras pessoas a oportunidade de cultura.
E, sinceramente deve ser bem mais interessante brincar de 'caça ao tesouro' e tentar desvendar a história de 'vida' do livro pós você.
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