segunda-feira, 6 de julho de 2009

Plano de negócios




Depois dos exageros do final de semana, eu empurrava uma salada de alface, tomate e frango marinada com cebola e balsâmico ao mel.

Na mesa ao lado, quase grudada, uma jovem executiva com sotaque paulistano se empurrava a um homem pouco mais velho, com pinta de ser gerente ou chefe dela. A jovem se vendia. Não, não se insinuava sexualmente, não havia nenhum clima. Ela se vendia como profissional. Dinâmica, competente, proativa, esses termos genéricos que a gente lasca no currículo porque costumam agradar.

Fluente no dialeto do mundo corporativo, a ambiciosa jovem abusava dos termos em inglês. Budget, target, follow up, business plan, e outros que tais. A conversa girava sobre registro de produtos. E ela discorria sobre erros e acertos de estratégia, experiências de outras companhias, dados estatísticos de mercado e sugeria procedimentos. Um ligeiro escorregão na ética, ao dizer que “a gente às vezes se comporta como freira em um mundo de Alice”. Uau. Impressionou.

Eu estava atento à conversa, muito mais interessante do que a minha salada. A moça vestia o figurino padrão, com saia preta até o joelho e meias escuras cobrindo canelas e os pés dentro do scarpin.

Por um momento, me ocorreu fitá-la acintosamente. Não tirar os olhos dela. Só de sacanagem. Só para desconcentrá-la em sua performance que parecia ter sido meticulosamente preparada. Mas não cometi esta maldade. Analisando a matriz swot, percebi que teria poucas chances de êxito. Ela era muito focada.

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