quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Rio de lama e lixo

Grafite em banca de Ipanema. Foto: Leandro Wirz


“Vem chegando o verão...”, cantava Marina Lima naquele hit chiclete de 20 anos atrás. E com ele, um calor desgraçado, o Aedes Egypt e os típicos temporais da estação.

Eu adoro as chuvas fortes do verão, o céu carregado de nuvens de estanho, os trovões roncando assustadores, os raios rasgando a paisagem, o vento forte fazendo barulho nas árvores e rodamoinhos junto ao chão, os cheiros pré e pós chuva, a luz que entra depois do “toró”, parecendo que o mundo passou em um lava-jato e a vista desembaçou.

Claro que não gosto de ruas alagadas, ratos boiando, barracos desabando nas encostas, pessoas desabrigadas, queda de energia, gente ilhada, língua negra de esgoto desembocando direto na praia etc etc . Já perdi o motor de um carro numa enxurrada. Ao tentar atravessar uma poça acelerando forte em marcha reduzida, o motor deu o tal do calço hidráulico e teve que ir para retífica. Também já encarei um arrastão quando fiquei preso em um engarrafamento na Avenida Brasil, causado pela forte chuva.

Esta semana, começaram os temporais no Rio e instalou-se o esperado caos. A despeito das deficiências na limpeza urbana e da falta de manutenção das galerias pluviais, os principais responsáveis por esses transtornos causados pelos temporais somos nós.

Nós é que somos um povinho porco e mal-educado, que tem o péssimo hábito de jogar lixo na rua entupindo os bueiros e de poluir os rios, jogando neles sofás velhos e garrafas pet de plástico. E aí depois, reclamamos das enchentes, como se não tivéssemos nada a ver com isso.

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