Hoje é sábado, noite certa de blitz da Operação Lei Seca. Longe de mim ser abstêmio, mas eu apóio e não tuíto. Há uns anos, bebi demais e, de madrugada, eu dormi ao volante e não fiz uma curva (sim, existem curvas em Brasília). Por sorte, o meu carro foi o único ferido no acidente.
Recentemente, jantei num japa com a minha mulher e bebi uma única long neck, uma Cerpinha estupidamente gelada, incapaz de afetar minha capacidade de direção. Ao voltar para casa, blitz em Ipanema. O policial se identificou como Rafael, muito educado, pediu habilitação e documento do carro, tudo em ordem. Perguntou se eu havia bebido. Eu não sabia o quanto minha resposta poderia influenciar a interpretação do policial sobre o resultado do teste e, meio no reflexo e na covardia, menti. Respondi apenas que não.
O policial perguntou se eu me incomodaria em fazer o teste. Claro que não, eu disse. Eu havia ingerido álcool há cerca de uma hora e, depois, comido sobremesa e bebido café. Ele me mostrou o bico descartável em embalagem plástica fechada e me orientou a soprar no bafômetro duas vezes.
Olhando para o visor do aparelho, o policial disse: “O limite é até 10 pontos e o seu teste deu 3. Ok, tudo bem, pode seguir adiante.”
Então, emendou a frase que foi mortal: “Mas o senhor mentiu para mim. O senhor disse que não havia bebido”.
Eu morri de vergonha. De verdade, eu queria um buraco para enfiar a minha cara. Me senti péssimo pelo meu comportamento, por ter caído na armadilha da mentira fácil e tão desnecessária. E, sim, nessa vida eu já menti em coisas mais sérias para pessoas queridas e muito mais importantes para mim do que o policial Rafael.
E aqui, expio minha culpa. Sou humano, demasiado humano.
Um comentário:
a mentira é a única coisa que mantém a humanidade mais ou menos salva. sem ela, a gente teria afundado bem mais cedo.
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