quarta-feira, 12 de maio de 2010

A pátria descalça

Foto: Elton Melo, 2006


Sim, eu sou técnico de futebol. Eu e outros 100 milhóes de brasileiros. Brasileiro depois que aprende a falar já sabe convocar seleção. Eu sei. E no meu escrete canarinho, obviamente, estariam Neymar e Paulo Henrique Ganso que jogam um futebol alegre e vistoso, como aquele que a Seleção de 1982 jogava, embora tenha perdido a Copa para o Paolo Rossi, with a little help from Cerezo.


Mas, enfim, é o Dunga quem convoca o time e ele escolheu de acordo com os seus questionáveis critérios. Alegou uma tal coerência e, de fato, não supreendeu. Fez o que dele se esperava, à exceção do Grafite que, na ponta do lápis, não sei se joga tanta bola assim (Apesar desse gol antológico que fez pelo Wolfsburg: http://www.youtube.com/watch?v=Ow-g7nOLTUE.)  Mas achei justa a exclusão de um craque de peso, o Adriano.

Queremos raça, e não robertos carlos de meião e salto alto, mas convocar o goleiro Doni porque ele brigou com seu time para participar de um amistoso da seleção, me parece uma questão muito mais de comprometimento do que futebolística. Kleberson, que é reserva do Toró no Flamengo, e Grafite também contrariam o critério de que foram construindo sua história na seleção “tijolinho a tijolinho”, como disse o técnico. Kleberson foi penta, mas nunca jogou sob o comando de Dunga e Grafite jogou 26 minutos e “ganhou a vaga em cinco minutos”. Mas que atire a primeira bola quem nunca foi incoerente.

Se a Seleção ganhar – e pode ser que ganhe – Dunga vira Mestre. Se perder, no máximo, fica sem emprego por alguns meses.

Dunga fez a convocação utilizando um discurso patriótico, na linha de que os jogadores estão prontos a se doar pelo País. Eu não sou patriota. Não canto o Hino Nacional. Torço por dois times de futebol, o Flamengo e o Brasil, aliás, acho até que mais pelo primeiro do que pelo segundo.

Que mané “pátria de chuteiras”! Tô fora, Nelson Rodrigues. O filósofo Bertrand Russell definiu bem essa bobagem: “Patriotismo é a disposição de matar e ser morto por razões triviais”. Eu não morreria pela pátria, nem viveria sem razões.





ps.: Como sugestão de leitura, segue o link para o texto de um blogueiro que não conheço, mas que externa uma visão muito próxima a minha sobre patriotismo.
http://adrianodsa.wordpress.com/2008/05/17/sobre-o-patriotismo/

2 comentários:

Mirelle Matias disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mirelle Matias disse...

Eu gostei da lista de Dunga. Sou das que preferem o certo ao duvidoso, pelo menos quando se trata de futebol.

Os meninos da vila jogam daquele jeito porque estao em casa, entre amigos. Sao bons? Sim! Muito. Bons para estar na seleçao? Ainda nao, quem sabe em 2014.

Dunga conquistou o meu respeito com resultados. Meus 10 anos de jornalismo esportivo e os quase 30 de corintiana me ensinaram que importante mesmo é levantar a taça. Para ver futebol bonito eu assisto ao campeonato espanhol, rs.