No carro, no caminho de volta para casa, minha mulher me pergunta se já sei o que escrever sobre “Duplicidade”, filme a que acabamos de assistir. Respondo que o filme não merece uma crônica. Ela retruca: “Merece sim, é muito chato.”
Então, é isso: “Duplicidade” é duplamente chato. Estrelado por Clive Owen e Julia Roberts (que infelizmente deixou de ser uma – tão – linda mulher), o thriller sobre espionagem industrial se arrasta.
Tem méritos, claro. O final, por exemplo, é surpreendente. Fique tranquilo, não vou contá-lo. Do filme, com alguma boa vontade, é possível extrair matéria para alguma reflexão sobre ética nos negócios, inteligência competitiva, vaidade, traição e confiança.
Owen e Roberts formam um casal de ex-espiões golpistas que, obviamente, não confiam um no outro. E talvez justamente por isso, sejam, reciprocamente, os pares perfeitos. Porque só assim, sendo como são, podem compreender-se mutuamente.
E é precisamente sobre confiança a cena mais emblemática do filme. Julia Roberts diz a ele: “Faria alguma diferença se eu dissesse que te amo?” Clive Owen responde: “Se você dissesse ou se eu acreditasse?”
Bingo.
Importa mais o que você lê do que isso que eu escrevo.
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