segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Naufrágio da confiança

Há vinte anos, a irmã da minha madrinha embarcou feliz da vida para passar o reveillon com o namorido. Era uma pessoa alegre, loura bonita, quarenta e poucos anos, cheia de energia, que trabalhava na Petrobras e adorava viajar nas férias. No início da adolescência, eu, minha prima e um amigo pegávamos carona com ela para a praia.

Tia Norma morreu no naufrágio do Bateau Mouche, na praia de Copacabana, minutos antes de 1988 acabar. Ela e mais 54 pessoas.

O Bateau Mouche estava superlotado e não tinha condições técnicas para enfrentar o alto mar. Foi interceptado naquela noite pela Capitania dos Portos e, mesmo assim, autorizado a seguir mar adentro.

O Brasil tem leis que parecem estar a serviço dos criminosos. Até hoje, graças aos infindáveis recursos e a morosidade da Justiça, ninguém foi punido. Dois dos condenados em regime semi-aberto fugiram para a Espanha.

Reproduzo então as palavras do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto: - “Afunda a credibilidade do Poder Judiciário e faz naufragar as esperanças daqueles que, um dia, acreditaram ser possível a justa reparação judicial. O Judiciário aí não cumpre seu papel fundamental na conservação do Estado Democrático de Direito e na tarefa de levar a palavra da justiça àqueles que dela necessitam.”

A Justiça Brasileira ainda não aprendeu que tardar já é falhar.

2 comentários:

Baggus disse...

eutambém pegava carona ela, apesar de não ser da família

Leandro Wirz disse...

Ops, correção feita, amigo incluído entre os caroneiros e meu sorry pela traição da memória.