A sexóloga Marta Suplicy sempre se promoveu como gay friendly e trabalhou em favor das causas homossexuais, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Até aí, méritos a ela. Concordamos. Também sou simpático às causas e totalmente a favor do casamento entre duas pessoas que se amam. Se são ou não do mesmo sexo, é irrelevante.
Mas um dia a casa cai. Aliás, um dia tudo cai, já que a lei da gravidade é inclemente: peitos, bundas, bolsas de valores, tudo despenca. Máscaras também caem. Nesse caso específico, foi um pré-sal inteiro de pancake.
No desespero de angariar votos na corrida à prefeitura de São Paulo, na qual encontra-se cerca de 17 pontos percentuais atrás do adversário Gilberto Kassab, Marta Suplicy foi mal assessorada e fez um papelão. Sua campanha fez circular panfletos que ao final perguntavam ao eleitor se ele realmente conhecia o candidato Kassab e se sabia se ele era casado e tinha filhos.
As perguntas foram interpretadas como insinuação acerca de uma suposta homossexualidade de Kassab. Independente disso, partir para ataques pessoais é um velho vício da política brasileira que nós eleitores temos que repudiar de forma veemente. Não importa se Kassab, ou se qualquer candidato a qualquer cargo eletivo, é homossexual, se é solteiro, casado, divorciado, viúvo, se tem filhos, se são adotados. Não é isso que deve balizar a nossa escolha democrática.
Depois que os panfletos foram duramente criticados, Marta foi a público dizer que é uma vítima. E que a política é “uma coisa muito suja”. Ora, francamente. Essa foi mais uma das suas gafes (lembra do “relaxa e goza” em plena crise aérea?). E se a política é mesmo muito suja, é justamente – mas não só – por atitudes como essa.
Se o candidato é gay ou não, o Gilberto é que sabe.
Eu sou carioca, logo, tenho que me preocupar mais com o meu curral (opa!) eleitoral. No balneário, também se vê muita sujeira, não apenas na Baía de Guanabara, mas na política.
Como todo mundo sabe, Gabeira participou, há décadas, do seqüestro do embaixador americano que acabou trocado por presos políticos. Dentre os libertados estava Vladimir Palmeira. Apesar de dever a vida à Gabeira e seus companheiros de ação, Palmeira declarou apoio à candidatura de Eduardo Paes. O ministro do Meio Ambiente e dos coletes, Carlos Minc, foi co-fundador do Partido Verde junto com Gabeira e ambos sempre tiveram uma linha ideológica muito parelha. Mas eis que Minc também aderiu à candidatura Paes. Vai entender, são coisas da política, essa atividade muito suja, segundo dona Marta.
O debate na última semana girou em torno das drogas. Aliás, faz tempo que esse é um assunto em pauta no Rio. As perguntas foram aquelas enfadonhas para saber se os candidatos já fumaram, se tragaram, se gostaram. Virou um clássico em todas as campanhas aqui e alhures. A resposta mais engraçada continua sendo a de Bill Clinton (“fumei, mas não traguei”). Por que será que ninguém pergunta aos candidatos se cheiram, se bebem, se mentem? Ah, saudoso Tim Maia... (“Não bebo, não fumo, não cheiro, mas, às vezes, eu minto um pouco”.)
Como todos também sabem, Gabeira já fumou muito e defendeu a descriminalização da cannabis sativa. Causou certa surpresa o candidato Eduardo Paes assumir que já fumou e não gostou, embora isso não fosse uma novidade. Ele próprio já falou disso há vários anos, em outra vez que foi candidato.
O mais importante é que, felizmente, nenhum dos dois candidatos é toxicômano a ponto de comprometer seu discernimento e sua capacidade administrativa.
Eu discordo de muitas opiniões do jornalista Jorge Bastos Moreno, de O Globo. Mas reconheço que, na coluna de ontem, ele mandou bem ao escrever que “o eleitor sabe que tudo isso é bobagem. Vejam o caso do atual prefeito, que não fuma, não bebe, não cheira, não rouba e nem trabalha. Mas vive doidão”.
Para concluir, registro que acho política uma droga e que a minha versão favorita do célebre trinômio que inspirou o título deste texto é sexo, mais sexo e rock’n’roll.
Video de estréia! | 13anosdepois
Há 9 anos
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