Bem, o assunto é polêmico, mas você já percebeu que eu sou favorável à eutanásia. Creio que cada pessoa tem o direito de decidir como e o quanto quer viver. E igualmente decidir como e quando morrer.
Eu não acredito em vida pós-morte. Simplesmente, deixarei de existir e não sentirei nada nem de bom, nem de ruim. Game over. E justamente por isso, não tenho medo da morte. Que fique claro que não temer a morte não significa desejá-la. Quero viver plenamente por muitos anos ainda.
Por outro lado, temo a decrepitude da velhice. Aliás, temo já a fase anterior, a da decadência severa, aquela que nos confina a uma existência dolorosa, sem prazeres e sem objetivos. Prolongar a vida só para acumular dias não faz sentido para mim. Daí que manter-se vivo deve ser uma escolha e não uma obrigação.
A dificílima decisão deve ser tomada de forma racional e não ser um ato desesperado. É uma decisão individual que deve ser respeitada. Depende exclusivamente do quanto cada pessoa acha que consegue suportar e quer sobreviver (ou “subviver”) a todo custo. Claro que há pessoas admiráveis que, embora padeçam de graves enfermidades ou limitações, são felizes. Já outras, por muito menos, acham que não vale a pena prosseguir.
Eu sou do bloco dos que acham que a vida requer certas condições.
Um comentário:
Vamos lá, o assunto é polêmico como vc diz. Eu trabalho, dentre outras coisas, com prevenção do suicídio (daqueles passíveis de se prevenir) e a questão é sempre essa, em última instância cada um decide se quer viver e é o único responsável por si mesmo. Mas tbem tenho em meu consultório gente de bastante idade, com o corpo insistindo em se manifestar por dores e doenças, mas gente que faz um uso tão bacana dos seus dias e de sua capacidade de pensar... Acho que decidir morrer não é simples não. Tão pouco viver cada dia.
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