sexta-feira, 2 de abril de 2010

Torcida e distorção

Nesta semana, finalmente, acabou a décima edição do Big Brother Brasil. E assim, metade dos assuntos que dominavam as “conversas” no Twitter.


Sem preconceitos, assisti, às três edições iniciais do programa para conhecer e entender o fenômeno. Depois disso, nunca mais. Não assisto, mas sou antenado. Sei que a final desta edição foi disputada por Dourado, um lutador que já participou de uma edição anterior e que algumas pessoas andaram acusando de ser homofóbico (mas até o Bial o defendeu); Cadu, um bonitão meio sem sal; e Fernanda uma loura bonita que já, já deve cumprir o roteiro e estampar as páginas das revistas masculinas. Aliás, é sempre melhor ver as ex-BBB nessas páginas do que no programa, que é uma big bobagem ou uma big bosta.

A Globo divulga que esta foi a edição com maior participação do público. Precisamente 154.878.460 de votos no paredão final, estabelecendo um recorde mundial em uma única votação. Deve ter dado um lucro danado, já que a emissora recebe um percentual da tarifa sobre cada torpedo votante. Ou seja, sendo tão rentável o BBB deve permanecer na grade de programação longamente.

Confesso que me espanta tamanha mobilização social em torno desse programa. Fiquei estarrecido ao assistir a uma matéria no Fantástico em que apareceu uma torcida organizada com todos os integrantes vestidos de preto, com direito a grito de guerra, e autodenominados “Máfia Dourada”.

O que me espanta nessa história é gente torcer assim por um participante de Big Brother, torná-lo um herói ou ídolo. Nada contra nenhum participante. O que me intriga é a dimensão que o Big Brother tomou na vida dessas pessoas que se envolvem emocionalmente com o jogo.

Depois, refletindo melhor, desnudando o pensamento de preconceitos, pensei se o mecanismo que faz as pessoas torcerem fanaticamente por um BBB não é o mesmo que nos faz torcer por Flamengo, Cruzeiro, Corinthians, Inter? Ou por Mangueira, Salgueiro, Beija-Flor? Ou por Felipe Massa e César Cielo? Ou nos faz integrar o fã-clube de algum artista? E foi então que fiquei assustado de verdade.

Psicólogos, antropólogos, sociólogos e palpiteiros do mundo, uni-vos e explicai-me...

Um comentário:

Deborah disse...

Os times de futebol, as escolas de samba e os atletas ainda nos trazem alegria, eles têm algo a mostrar, um dom, uma arte, não sei...já o BBB, tem o quê? (até rimou)

Continuo batendo na mesma tecla: as pessoas têm uma curiosidade sádica, horrorosa, incontrolável, de saber da vida alheia...e, pra mim, é por isso que o BBB atrai tantos fãs.

É uma fofoca 24 horas no ar! É a vida dos outros, com todas as suas vergonhas, baixarias, casos, alegrias, traições, e por aí vai...

Se antes vc se coçava para saber o que acontece com o seu vizinho ou seu colega de trabalho, agora vc pode saber ao vivo, 24h, com direito a blog, melhores momentos, pay-per-view, chat, telefone, e mais todas as tecnologias possíveis. E se a vida deles não for tão interessante assim, vc ainda pode mandar um embora! Quer coisa melhor?

Sem contar que eu acho que o povo se realiza através dessas pessoas, esse sonho de ser (pseudo) celebridade...

Acho que escrevi muito...é porque também odeio BBB.