Nas recentes sessões domésticas de pipoca e coca-cola, assisti à comédia romântica “A verdade nua e crua” (“The ugly truth”), com Gerard Butler e Katherine Heigl, e ao drama “Fatal” (o título original, “Elegy”, é bem melhor), com Ben Kingsley e Penelope Cruz.
O que eles têm em comum? Ambos são de 2009 e são filmes sobre homens. Sim, homens do gênero masculino. Guardadas as devidas proporções - sem malícia, por favor, não estamos falando de tamanho – qualitativas: o primeiro é fraquinho e o segundo é excelente.
Em “A verdade nua e crua”, Butler tem um programa de TV em que dá opiniões e conselhos amorosos bem, digamos, realistas e grosseiros. Mas, lamento desapontá-las, meninas sensíveis, muito verdadeiros sobre como um homem pensa. Ele também se propõe a orientar sua produtora sobre como seduzir o vizinho. Previsível? É.
O filme desanda quando fica doce e toda a ótima canalhice filosófica do sujeito é justificada pelos muitos amores frustrados do passado que fizeram o coitadinho apenas se proteger sob a couraça de durão.
Eu tinha interesse em assisti-lo porque muitas vezes fui bom ouvinte e conselheiro, procurando traduzir para elas o funcionamento simples de uma mente tipicamente masculina. Algumas amigas chegaram a confundir as coisas e separaram sexo de amizade. Um homem nunca recusa transar com uma amiga. Pode não tocar no assunto, mas se ela quiser sexo sem compromisso... É a verdade nua e crua.
Já “Fatal” é sobre um charmoso professor universitário que tem ojeriza a compromisso e a prisão do casamento. Leva a vida se divertindo com sexo casual, inclusive com suas alunas. (Na verdade, estrategicamente, ele prefere as ex-alunas). No entanto, incomoda-se com a velhice chegando. Sente que se torna fisicamente menos atraente sem que a libido passe por proporcional declínio. Tudo vai bem até, claro, ele pirar com a Penelope Cruz.
Contando assim, parece um clichê, mas, acredite, o filme é muito mais que isso. Aborda com muita propriedade questões ligadas a sexo, moral, casamento, liberdade, ciúme, traição, compromisso, maturidade, envelhecimento e um longo etc.
Como credencial, é inspirado no romance “O animal agonizante” (“The dying animal”), de Philip Roth, um dos melhores autores americanos contemporâneos.
“A verdade nua e crua” é bom para umas risadas. Já “Fatal” dá o que pensar.
Um comentário:
Ai...não sei se aguento mais verdades sobre os homens, não!!
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