No mesmo dia da semana passada, uma amiga, no almoço, e um amigo no chopp noturno, me indicaram um filme despretensioso e muito bom: “500 dias com ela” (“500 days of Summer”). Não pude deixar de assistir.
Um cara romântico se apaixona por uma mulher que só quer se divertir sem compromisso. O barato é que é ele quem tem as atitudes e os sentimentos mais comuns de serem encontrados nas mulheres, e vice-versa. Como por exemplo, tentar interpretar cada sílaba do que ela fala ou querer um rótulo para definir a relação deles. Já ela avisa logo de cara que não quer compromisso.
A história é contada em narrativa não cronológica, mas bem amarrada em um roteiro divertido, no qual a alternância de emoções é intensa ao longo dos tais 500 dias. As piadas, literalmente presentes da primeira à última cena, são ótimas.
Joseph Gordon-Levitt, que parece uma versão mais franzina e morena de Heath Ledger, vive Tom, o arquiteto frustrado que ganha a vida escrevendo mensagens em cartões e se apaixona por Summer (Daí o trocadilho no título original), a garota que não acredita no amor. Ela é interpretada por Zooey Deschanel, que lembra a cantora Katy Perry e às vezes lança olhares e sorrisos à la Meg Ryan.
Em sua leveza, o filme nos convida a refletir sobre nossas aspirações, nossos desejos às vezes sufocantes, a crueldade do mito do “feitos para um o outro”, “da pessoa certa pra mim”. Faz pensar também sobre como dramatizamos as relações e como superamos os “amores de nossas vidas”. Mas tudo de modo fluente, com graça, sem aprofundamentos mais sérios.
Há cerca de um mês, assisti a outro filme que faz pensar sobre amor e destino, liberdade e fatalidade: “The Time Traveler's Wife”. Fui ver só porque boto muita fé nas dicas de uma amiga que tinha visto o filme nos EUA. O problema é que o título em português ficou brega de assustar: “Te amarei para sempre”. Raro caso em que era melhor fazer uma tradução literal. “A mulher do viajante do tempo” seria bem mais instigante. Aliás, a versão em livro optou por esse título.
Não me arrependi de aceitar a indicação. Se "500 dias com ela" é mais engraçado, "Te amarei para sempre" é bem emocionante. A despeito da inverossimilhança (um cara com mutação genética é capaz de viajar no tempo),o filme é, em essência, uma história de amor e de (não)escolhas. Ele viaja no tempo, indo e vindo, e visita a mulher com quem se casaria desde que ela era uma criança. Já ela cresceu sabendo o que lhe aconteceria. Limitada a um destino, quais eram suas reais possibilidades de escolha?
Bem, a sua liberdade de escolha inclui, entre milhões de outras, aceitar ou rejeitar essas duas dicas de filmes.
2 comentários:
Excelente texto!! Deu muita vontade de ir ao cinema. Acho que vou ficar com as duas dicas.
Que coincidência...vi os dois filmes no avião voltando de viagem.
Sobre os 500 days of summer - o garotão fazia um molecote na série 3rd Rock from the Sun - ele é muito bom. Vamos falar contudo de Zooey - tudo o que vc falou e mais: fez a irmã do garotão de Almost Famous e outro dia, zapeando pela HBO achei que era ela cantando(!!) no programa do Elvis Costello (muito bom). Do Google, ela canta mesmo! numa dupla chamada She&Him - pesquise!
Abs.
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