Estação do metrô em Roma. Foto: Leandro Wirz
Quando regressou ao Brasil, Carmem Miranda foi acusada de ter voltado americanizada. Eu não tenho nenhuma semelhança com a cantora e pretensão alguma de ser comparado à Pequena Notável, mas tomaria como lisonjeiro se dissessem que estou americanizado, europeizado ou primeiro mundizado. A razão é que lá se vive com muito mais dignidade e qualidade do que aqui. A verdade, caros patrícios, é que estamos anos-luz atrás em termos de desenvolvimento.
Não que EUA, Canadá e a nata dos países europeus sejam nações perfeitas. Claro que não. Todos têm problemas sociais, econômicos e políticos, alguns gravíssimos. Mas de maneira geral a vida rotineira dos cidadãos médios é muito mais fácil, prática e tranquila.
A impressão que tenho quando estou nos EUA é que tudo é feito para fluir, andar, desonerar, produzir. Como se estivéssemos em uma grande esteira. Nada deve emperrar o fluxo dos negócios, das pessoas, dos processos. A fila sempre anda e anda rápido. Se você estiver devagar demais, vai atrapalhar o andamento geral e você será rapidamente posto de escanteio.
Duas pequenas, mas significativas, ilustrações. Na escada rolante do aeroporto de Pittsburgh, há uma placa, avisando: se vai ficar parado, deixando-se levar no ritmo da escada, fique à direita. Se vai caminhar na escada rolante para chegar mais rápido, vá pela esquerda. Nas estradas, você leva multa se ultrapassar as 70 milhas por hora. E igualmente é multado se andar a menos de 45 mph. Simples e objetivo. Você não precisa colar na traseira do murrinha à sua frente, piscar o farol alto e gritar “vaza da esquerda, porra!”
A cultura americana é fortemente calcada no mérito. Exige-se produtividade, celeridade, qualidade. Não há muita paciência com quem não acompanha o ritmo ou não alcança os resultados. Por outro lado, há uma certa dificuldade em fazer qualquer coisa que fuja ao padrão.
Já por aqui, tudo é feito para não funcionar, para não andar, para atrasar. E daí que, para conseguir algo, você tem que ir pelo caminho do relacional. Tem que ser amigo do fulano, tem que conhecer o beltrano, dar um drible e reinterpretar a norma, ou tem que usar o famigerado “jeitinho brasileiro”. Nada tem padrão e para tudo dá-se um jeito. Mas sempre é um jeito mais ou menos de fazer as coisas. Este é o país da gambiarra.
Toda vez que eu volto de viagem, me dá uma preguiça de Brasil. Um cansaço, um saco cheio. Saudade zero. Dessa zona, desse caos, dessa sujeira. Quando você abre o jornal, quando você circula por essas ruas esburacadas, quando você tanta gente vivendo em condições indignas para um ser humano, quando você vê tanta corrupção, tanto descaso com a educação, tanto desrespeito ao cidadão, bate uma tristeza, um desânimo.
E ainda encontro o Flamengo nesse estado lamentável...
Quando regressou ao Brasil, Carmem Miranda foi acusada de ter voltado americanizada. Eu não tenho nenhuma semelhança com a cantora e pretensão alguma de ser comparado à Pequena Notável, mas tomaria como lisonjeiro se dissessem que estou americanizado, europeizado ou primeiro mundizado. A razão é que lá se vive com muito mais dignidade e qualidade do que aqui. A verdade, caros patrícios, é que estamos anos-luz atrás em termos de desenvolvimento.
Não que EUA, Canadá e a nata dos países europeus sejam nações perfeitas. Claro que não. Todos têm problemas sociais, econômicos e políticos, alguns gravíssimos. Mas de maneira geral a vida rotineira dos cidadãos médios é muito mais fácil, prática e tranquila.
A impressão que tenho quando estou nos EUA é que tudo é feito para fluir, andar, desonerar, produzir. Como se estivéssemos em uma grande esteira. Nada deve emperrar o fluxo dos negócios, das pessoas, dos processos. A fila sempre anda e anda rápido. Se você estiver devagar demais, vai atrapalhar o andamento geral e você será rapidamente posto de escanteio.
Duas pequenas, mas significativas, ilustrações. Na escada rolante do aeroporto de Pittsburgh, há uma placa, avisando: se vai ficar parado, deixando-se levar no ritmo da escada, fique à direita. Se vai caminhar na escada rolante para chegar mais rápido, vá pela esquerda. Nas estradas, você leva multa se ultrapassar as 70 milhas por hora. E igualmente é multado se andar a menos de 45 mph. Simples e objetivo. Você não precisa colar na traseira do murrinha à sua frente, piscar o farol alto e gritar “vaza da esquerda, porra!”
A cultura americana é fortemente calcada no mérito. Exige-se produtividade, celeridade, qualidade. Não há muita paciência com quem não acompanha o ritmo ou não alcança os resultados. Por outro lado, há uma certa dificuldade em fazer qualquer coisa que fuja ao padrão.
Já por aqui, tudo é feito para não funcionar, para não andar, para atrasar. E daí que, para conseguir algo, você tem que ir pelo caminho do relacional. Tem que ser amigo do fulano, tem que conhecer o beltrano, dar um drible e reinterpretar a norma, ou tem que usar o famigerado “jeitinho brasileiro”. Nada tem padrão e para tudo dá-se um jeito. Mas sempre é um jeito mais ou menos de fazer as coisas. Este é o país da gambiarra.
Toda vez que eu volto de viagem, me dá uma preguiça de Brasil. Um cansaço, um saco cheio. Saudade zero. Dessa zona, desse caos, dessa sujeira. Quando você abre o jornal, quando você circula por essas ruas esburacadas, quando você tanta gente vivendo em condições indignas para um ser humano, quando você vê tanta corrupção, tanto descaso com a educação, tanto desrespeito ao cidadão, bate uma tristeza, um desânimo.
E ainda encontro o Flamengo nesse estado lamentável...
Um comentário:
Sei exatamente o que é esse sentimento. Morei 6 meses em Perth, na Austrália. Sou até hoje perdidamente apaixonada por aquela cidade e igualmente por seu transporte público. É um sonho...
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