domingo, 8 de março de 2009

Excomunhão

Causou comoção e polêmica o caso da menina de 9 anos estuprada pelo padastro e que engravidou de gêmeos. Nesta semana, ela realizou um aborto, autorizada pela Justiça.

O arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho excomungou toda a equipe médica que fez o aborto lícito e a mãe da menina, que autorizou o procedimento.

Confrontado com o fato de que o estuprador não estava sendo punido pela Igreja, o Arcebispo deu mais uma demonstração de insensibilidade afirmando que o crime de estupro é “menos grave” do que “tirar a vida de um inocente” por meio de um aborto.

A comparação absurda torna inevitável a lembrança da frase de Paulo Maluf, que ficou eternizada no mundo político, quando deixou escapar, em um debate sobre violência urbana, um comentário que definia bem seus valores morais: “Estupra, mas não mata”.

Deve ser seguindo essa linha torta de pensamento que tantos padres perversos cometem o injustificável crime de pedofilia.

Eu nunca vi ninguém fazer um aborto feliz da vida, enquanto o estuprador se regozija com o sofrimento da vítima.

Que religião é essa que coloca a barbárie do estupro e os direitos da menina vítima, que precisa de paz e amparo emocional, em segundo plano?!

A menina tinha amparo legal duplo para fazer o aborto (vítima de estupro e risco de morte para a mãe). Supostamente em nome da vida, o Arcebispo queria obrigar a menina a correr o risco da morte.

A posição do Arcebispo foi coerente com a sua Igreja. Foi defendida e ratificada por outras autoridades eclesiásticas, que disseram: “Nem sempre se pode identificar o que está amparado por leis com princípios éticos e valores morais. Para nós, sempre terá procedência o mandamento do Senhor: não matarás”.

Esta é a opinião da Igreja Católica, legítima e que deve ser respeitada, embora dela eu discorde frontalmente.

Fui batizado em Igreja Luterana, estudei a vida inteira em Colégio Marista, recebi a Primeira Eucaristia e a primeira das três vezes em que me casei, o fiz na Igreja Católica. No entanto, não me considero católico. Cada vez mais me causa repulsa a sua doutrina. Cada vez fico mais inconformado com a limitação do pensamento católico.

Eu não tenho religião. Eu não tenho certeza se Deus existe. Mas se Ele existir espero que seja bem diferente desse deus do Arcebispo.

E, Dom, se quiser me excomungar também, fique à vontade.

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