O U2 talvez seja a única banda da qual eu ainda aguarde o lançamento de um CD. Digo “banda”, porque eu sempre espero os discos da Danni Leigh, uma cantora country. Sim, eu gosto de country e esta é uma das várias falhas do meu caráter.
Voltando aos irlandeses, o grupo é dos poucos do qual vale a pena consumir música à moda antiga: comprando o disco. Fora eles, as outras bandas atuais só valem uns downloads para o Ipod e olhe lá.
Então, comprei o novo álbum, lançado semana passada: “No line on the horizon”. Ouvi de uma tacada, no carro, e achei chato pra caramba. Antes de descer o malho, resolvi esperar uns dias, esperar o meu humor mudar, uma nova conjunção astral, sei lá.
Ouvi de novo. Não é tão chato. Não consegue ser ruim como o “Popmart” ou como “Zooropa”, os piores da melhor banda em atividade.
A primeira faixa, que dá título ao álbum, é razoável, longe de empolgar. A segunda, “Magnificent”, melhora um pouco. Então, vem a balada “Moment of surrender”, bonita. Mas que ficaria ainda mais bonita se fosse mais curta. Antes de você adormecer, lá pelo sexto minuto, The Edge solta uma guitarra belíssima. Aliás, em todo o disco, a guitarra é um dos pontos altos. The Edge estava inspirado nas gravações.
A quarta faixa é “Unknown caller”. Bem, pule. É péssima. E tem um corinho insuportável. Este é um dos principais defeitos desse conjunto de canções: abusaram dos corinhos “ôôôô”.
Quando tudo parecia perdido, começa a redenção. “I’ll go crazy if I don’t go crazy tonight”. Enfim, rock’n’roll! Bateria seca, redonda, remetendo às batidas da fase de “War”. Na sequencia, vem “Get on your boots”, o single de trabalho do disco. Beleza, boa sucessora para “Vertigo”, do álbum anterior. Riff inicial poderoso, contagiante. Dá mesmo vontade de calçar as botas e partir pro mundo.
A guitarra vem com tudo também na oitava, “Stand up comedy”. Ótima. Depois, temos “Fez: Being Born”, mais viajante, que baixa um pouco a bola, mas ainda mantém o estilo. O gás acaba e vem outra balada, “White as snow”, bonita pacas. Belíssimo arranjo de cordas. Apesar de todos os Marlboros e todas as Guinness, Bono Vox continua fazendo jus ao nome.
“Breathe”. Boa guitarra, bom piano, letra meio cantada, meio declamada. Boazinha, nada demais. “Cedars of Lebanon” outra balada fecha prematuramente o álbum. A voz, meio sussurrada, sobressai aos instrumentos; boa linha de baixo, guitarra criando climas, mas um refrão bem chatinho. E acaba de repente.
Para quem, como eu, ainda se liga nessas coisas, de disco com estojo e encarte, este tem projeto gráfico elegante com a predominância de cinza, prata, preto e branco. Bacana, mas nada prático de manusear. As fotos são lindas e as letras estão lá, embora miúdas.
“No line on the horizon” passa no teste, mas sem louvor. Vamos esperar para ver o que há além do horizonte. Epa!, mas esta é uma canção do Rei Roberto Carlos...
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