Teve cueca, teve meia, e do indefectível triunvirato de presentes de tia, faltou a gravata, que nestes dias de calor converte-se em instrumento de tortura.
Já não teve CD, posto que é objeto que caminha célere rumo a obsolescência. Mas teve livro. E não poderia ser melhor. Lancei-me a ele logo na madrugada do Natal.
Uma antologia de Fernando Pessoa, publicada pelo selo Alfaguara, da Editora Objetiva, em 2006. “Um livro para apaixonados”, nas palavras do escritor e organizador Luiz Ruffato.
A caprichada antologia abre com meu poema favorito – se é que possível ter apenas um favorito quando falamos de Pessoa – “Tabacaria”:
“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”
E por aí vai, na sucessão de lirismo, sabedoria, ironia, sensibilidade e porrada.
O título da antologia é “Quando fui outro”. Eu sou outro. Eu sempre sou outro. Especialmente quando leio Fernando Pessoa.
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