Allen e Almodóvar podem não ser os melhores cineastas do mundo (até porque essa história de “melhor do mundo” em qualquer área é uma bobagem), mas são os que hoje me fazem ir ao cinema assim que lançam seus filmes. Não sou um super cinéfilo. Apenas gosto de boas histórias e da maneira como elas são contadas.
“Los Abrazos Rotos” (“Abraços Partidos”, na tradução brasileira), o novo do espanhol Pedro Almodóvar, traz aquela latinidade toda: amor, paixão, desejo, sofrimento, sofreguidão, drama, tragédia, comédia, poesia, traição, culpa, segredos, sexo (logo na primeira cena), sacrifício, superação, fatalidade, família. Tudo junto e misturado.
Tudo com a dose certa do exagero, se é que isso é possível. Tudo intenso, vibrante, colorido. Mesmo com o roteiro previsível, é uma delícia acompanhar o desenrolar do novelão protagonizado pelo escritor Mateo Blanco, que adota o pseudônimo de Harry Caine. Por sinal, óbvio trocadilho com hurricaine (furacão) e sua força transformadora. O ator Lluís Homar, que vive na tela o escritor cego, guarda impressionante semelhança física com o finado Patrick Swayze. Seu cigarro entre dedos me deu uma nostalgia dos meus. Curioso observar que nas cenas de décadas anteriores os personagens fumam e nas cenas passadas no tempo presente da narrativa, eles já não fumam mais.
Penélope Cruz está em ótima forma no filme, em todos os sentidos. A fotografia é belíssima e a trilha sonora sublinha a carga dramática de algumas cenas deste filme que se vende só pela força e poesia do título. E que vale ser visto.
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