quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Da minha precoce nostalgia




Alguns leitores (mulheres e vascaínos, majoritariamente) acham que eu preciso me redimir depois de tantos posts sobre futebol e o Mengão. Então, passada a ressaca da vitória (vocês não acham que eu bebo só pra esquecer, né?), publico agora um texto “fofo”. (Arre, detesto esse adjetivo!)

Sem ironias. O texto, com autoria atribuída a Maria Sanz Martins, me foi passado por e-mail por um amigo. Eu achei bem bacana e então o relanço ao mar para que chegue a outras praias...

Fica como uma homenagem a minha sábia e afetuosa avó materna, que combinava duas virtudes que a tornavam admirável: delicadeza e força. Saudades, Vó.




Da minha precoce nostalgia
Por Maria Sanz Martins


“Quando eu for bem velhinha, espero receber a graça de, num dia de domingo, me sentar na poltrona da biblioteca e, bebendo um cálice de Porto, dizer a minha neta:

- Querida, venha cá. Feche a porta com cuidado e sente-se aqui ao meu lado. Tenho umas coisas pra te contar. E assim, dizer apontando o indicador para o alto: - O nome disso não é conselho, isso se chama corroboração!

Eu vivi, ensinei, aprendi, caí, levantei e cheguei a algumas conclusões. E agora, do alto dos meus 82 anos, com os ossos frágeis a pele mole e os cabelos brancos, minha alma é o que me resta saudável e forte.

Por isso, vou colocar mais ou menos assim:
É preciso coragem para ser feliz. Seja valente.
Siga sempre seu coração. Para onde ele for, seu sangue, suas veias e seus olhos também irão. E satisfaça seus desejos. Esse é seu direito e obrigação.

Entenda que o tempo é um paciente professor que irá te fazer crescer, mas escolha entre ser uma grande menina ou uma menina grande, vai depender só de você.
Tenha poucos e bons amigos. Tenha filhos. Tenha um jardim.
Aproveite sua casa, mas vá a Fernando de Noronha, a Barcelona e a Austrália.

Cuide bem dos seus dentes.
Experimente, mude, corte os cabelos. Ame. Ame pra valer, mesmo que ele seja o carteiro.

Não corra o risco de envelhecer dizendo "ah, se eu tivesse feito..."
Tenha uma vida rica de vida.
(Vai que o carteiro ganha na loteria - tudo é possível, e o futuro é imprevisível.)

Viva romances de cinema, contos de fada e casos de novela.
Faça sexo, mas não sinta vergonha de preferir fazer amor.
E tome conta sempre da sua reputação, ela é um bem inestimável. Porque sim, as pessoas comentam, reparam, e se você der chance elas inventam também detalhes desnecessários.
Se for se casar, faça por amor. Não faça por segurança, carinho ou status.

A sabedoria convencional recomenda que você se case com alguém parecido com você, mas isso pode ser um saco!

Prefira a recomendação da natureza, que com a justificativa de aperfeiçoar os genes na reprodução, sugere que você procure alguém diferente de você. Mas para ter sucesso nessa questão, acredite no olfato e desconfie da visão. É o seu nariz quem diz a verdade quando o assunto é paixão.
Faça do fogão, do pente, da caneta, do papel e do armário, seus instrumentos de criação. Leia, pinte, desenhe, escreva. E por favor, dance, dance, dance até o fim, se não por você, o faça por mim.

Compreenda seus pais. Eles te amam para além da sua imaginação, sempre fizeram o melhor que puderam, e sempre farão.
Cultive os amigos. Eles são a natureza ao nosso favor e uma das formas mais raras de amor.

Não cultive as mágoas - porque se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida é que um único pontinho preto num oceano branco deixa tudo cinza.
Era só isso minha querida. Agora é a sua vez. Por favor, encha mais uma vez minha taça e me conte: como vai você?”

5 comentários:

Bruna disse...

Que texto lindo!! Que vontade de fazer tudo isso, só para contar aos 82 anos..rs

Denise disse...

Desculpa amigo mas achei o texto fraquinho, "Polyanna-like" e condescendente. Com esse nível, até prefiro os comentários sobre futebol.

Rosângela disse...

SÓ PRA CONTRARIAR A AMIGA AI DE BAIXO, ACHEI O TEXTO LINDO,É LEVE E PRA CIMA...
E MAIS QUE TUDO,ASSIM COMO DIZ O TÍTULO,DESPERTA EM NÓS UMA NOSTALGIA QUE É GOSTOSA,APESAR DE PRECOCE...

Unknown disse...

É penta! e tenho dito...

Carol Nogueira disse...

Que lindo, Lê.
Eu achei muito fofo o texto, e não tenho nada contra coisas fofas!
Balanços de vida, conselhos... Nunca é tarde - nem cedo - para fazê-los.