sábado, 14 de fevereiro de 2009

Podres poderes

Nas últimas semanas, não tive tempo – e às vezes, disposição - o bastante para escrever sobre os assuntos que me chamaram atenção. Enfim, vou convenientemente me apegar ao lema de que antes tarde do que nunca para não deixar passar algumas coisas em branco. Peço desculpas pelo delay, mas confio que meus leitores tenham “o vício da amizade” e me absolvam pelo texto dormido.

Foi colocando a culpa nesse vício que o ex-Corregedor da Câmara dos Deputados, Edmar Moreira, do DEM, justificou porque acreditava que deputados não deviam julgar deputados. Isso me fez lembrar uma frase repetida exaustivamente em O Planeta dos Macacos: “Símios não matarão símios”. Claro que a regra foi quebrada, entre primatas e humanos, há tempos. O deputado teve seus lamentáveis 15 minutos de fama e chocou o País com o seu suntuoso castelo erguido no meio de São João Nepomuceno, cidade pequena de Minas Gerais que foi, então, encontrada no mapa. Além de ser um provável indício de enriquecimento ilícito, a obra faraônica aponta para um ego inflado, megalômano. O sujeito tem que ser muito doente para construir aquilo. Não sei é caso de cadeia, mas certamente é caso para muita terapia.

Sonia Racy, em sua coluna no Estadão, de 11.02.2009, escreveu que: “Hoje é o Dia do Zelador. Que seria dos vereadores, se não tivessem essas coisas para cuidar?”. Pois é, o Dia do Zelador é tão irrelevante como o Dia do Jornalista, ou o Dia do Publicitário, ou o Dia do Vereador, se é que há um. Aliás, tem coisa mais irrelevante que vereador?

No âmbito do Poder Executivo, Tia Dilma está em escancarada campanha eleitoral, apesar das óbvias negativas governistas.

Os Excelentíssimos Ministros do Supremo Tribunal do Federal, com honrosas exceções de Joaquim Barbosa e Ellen Gracie, decidiram, encastelados em seu reino da fantasia jurídica, que a impunidade é mesmo a lei número 1 deste País.

Em suma, o que entendi é o seguinte: criminoso tem que responder processo em liberdade. O meliante só pode ir em cana depois que a condenação transitar em julgado. Ou seja, depois que não couberem mais recursos jurídicos. Como a legislação brasileira tem mais janelas do que o Windows Vista e é super mega hiper ultra lerda, ninguém vai para cadeia. Até que o caso chegue à última instância, o crime já prescreveu.

Teve ministro que justificou o voto alegando que prisões estão super lotadas. Preso estou eu, atrás das grades do meu prédio classe média, sem poder sair as ruas depois de determinada hora, porque o poder público não cumpre o seu papel de oferecer segurança aos cidadãos.

“Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes
Fazem o carnaval
Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase
Ser indecente mas tudo é muito mau” – Caetano Veloso

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