sábado, 14 de fevereiro de 2009

No topo da parada




Amiga mais chegada que uma irmã me trouxe de Atlanta dois discos de presente: “Working on a dream”, de Bruce Springsteen e “The Fray”, homônimo à banda.

Bruce Springsteen sempre foi um cantor democrata. Desde sua estréia em 1973, conta estórias do americano médio, dos meio ferrados, dos feios, dos infelizes, dos batalhadores em busca do sonho americano. Durante o período das trevas do governo Bush, lançou odes aos heróis do 11 de setembro e discos de protesto.

Recentemente, tocou na posse de Obama e na final do Superbowl, campeonato de futebol americano, assistida por 100 milhões de telespectadores. A música, nos dois eventos, foi a que dá título ao seu décimo sexto álbum de estúdio: “Working on a dream”.

O disco abre com um épico de primeira, a longa e ótima “Outlaw Pete”, sobre um carinha que começou menino a assaltar bancos. Com direito a citação instrumental do clássico "I was made for loving you", do Kiss. A segunda faixa, "My Lucky Day", traz o que Springsteen tem de pior: otimismo. Que se repete na terceira, a faixa título, com seu discurso oportuno em tempo de crise. A quarta canção é uma boa balada, mas no pior estilo Roberto Carlos: “Queen of the supermarket” é brega até o último produto da gôndola no mercado, mas é uma delícia.

Depois, o disco volta a engrenar e vai bem em mais sete faixas até o final, que empolgam, embora vez ou outra o tom um pouco épico e grandiloquente canse um pouco. Bruce sabe envelhecer bem. Tem estilo próprio, a voz miúda e rouca é, inconfundível e viril, a guitarra tem uma levada simples e ele conta com a sua afiadíssima e veterana E-Street Band, capitaneada por Little Steven. O disco é ótimo, daqueles que você ouve inteiro. Mesmo as faixas mais fraquinhas não precisam ser puladas.

Para quem ainda se liga nessas antiguidades, o novo disco tem bela capa e encarte. E traz como faixa bônus a ótima "The Wrestler", com versos tão tristes como "If you've ever seen a one legged dog then you've seen me" (se você já viu um cachorro de uma perna só, você já me viu). A canção, feita especialmente para o filme "O Lutador", de Darren Aronofsky, foi encomendada pelo amigo Mickey Rourke, que faz o papel principal. O redivivo Rourke ganhou o Globo de Ouro e tem grandes chances de faturar o Oscar.

Nesta semana, o CD do The Fray desbancou o de Bruce Sprinsteen no topo da parada norte-americana. Trata-se do segundo disco desta banda de Denver formada em 2002 por Isaac Slade (voz e piano) e Joe King (guitarra e voz). Seu CD de estreia, "How to save a life", vendeu mais de 3 milhões de cópias e lhes rendeu três indicações ao Grammy.


É bom rock, flerta com o pop, moderninho, ligeiramente melancólico, calcado no piano e também se ouve inteiro, com algumas canções merecendo mais atenção. Não chega a provocar emoções fortes, mas é bem bacana.

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