segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Independência ou morte?

O artista pernambucano Gil Vicente tem muitos inimigos. E os executa, impiedosamente. Ao menos em seus desenhos, que serão exibidos na Bienal de São Paulo, a partir de terça feira.


As obras fazem parte da série Inimigos, que reúne desenhos bem realistas em carvão sobre papel, nos quais o próprio artista é retratado apontando uma arma para a cabeça de FHC ou segurando uma faca, prestes a degolar Lula. Entre seus desafetos, todos na iminência de serem mortos nos desenhos, estão a rainha da Inglaterra, Elizabeth II; o papa Bento XVI, o ex-presidente americano George W. Bush; o ex-secretário geral da ONU, Kofi Anan; o ex-premier israelense Ariel Sharon; e dois candidatos ao governo de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos.

Você pode ver os desenhos em http://www.gilvicente.com.br/inimigos/inimigos.html

Talvez seja a única chance de vê-los, porque a seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) quer impedir a exposição, alegando apologia ao crime.

O presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Heitor Martins, assegurou que as obras não serão retiradas da mostra. "Um dos pilares da Bienal, que vai completar 60 anos, é a independência curatorial e a liberdade de expressão dos artistas. Não vamos exercer nenhum tipo de censura", afirmou.

Caso a posição da curadoria da Bienal não mude, a OAB-SP promete recorrer ao Ministério Público Estadual para pedir a retirada das obras e o indiciamento dos responsáveis.

E então? A arte estimula matar? Ou o que mata é a censura?

2 comentários:

paulopaniago disse...

a censura é sempre de morte. claro, há casos de malucos que estavam lendo salinger antes de assassinar alguém, mas antes de mais nada o sujeito era maluco. desconfio que ninguém que frequente galeria de arte vai sair dali disposto a pegar um trabuco e partir para cima do lula, do fhc, do bush... não que não mereçam, mas uma coisa é a minha fantasia (mesmo explícita em carvão) outra é saber lidar com limites.

Unknown disse...

Antes de mais nada acho que é preciso reconhecer o talento do artista. Afinal a Bienal é uma grande mostra de talentos, não? O "traço" do cara é impressionante! Muito legal.
E sobre essa história de estimular a violência, acho que não cabe mais comentários. O Paulo já disse tudo. Ou será que todos os caras violentos são assim porque viram Tom e Jerry quando pequenos? Pouco provável, né?