domingo, 21 de março de 2010

O velho coração louco


Falando em inferno e retorno, fui assistir a “Crazy Heart” (“Coração Louco”), filme pelo qual Jeff Bridges ganhou o Oscar de melhor ator neste ano. Justo. O filme é Jeff Bridges, sem desmerecer a atuação de Maggie Gyllenhaal e os auxílios luxuosos de Robert Duvall e Collin Farrell. Bridges faz bem o papel do talentoso desajustado, com jeitão de looser. Impossível não lembrar de “Suzie e os Baker Boys”, filme de 1989, em que Bridges interpreta um pianista num trio com Michelle Pfeiffer e seu irmão Beau Bridges.


“Crazy Heart” é a história fictícia de Bad Blake, cantor country decadente, alcoólatra e falido aos 57 anos. Blake roda de cidade em cidade com sua pick up velha tocando em espeluncas e faturando, com a antiga fama e o relativo charme, mulheres locais. “Eu sou Bad e serei Bad até o fim. Minha lápide saberá o meu nome verdadeiro.”

Sua chance de sair do próprio atoleiro surge quando conhece uma jornalista iniciante, que o entrevista (M.Gyllenhaal). Perguntado de onde vem a inspiração para suas composições, ele responde, displicente e certeiro: “Da vida, infelizmente”. R.Duvall faz o papel do dono do bar, seu único amigo, e C.Farrell interpreta, sem convencer muito, o astro de country music Tommy Sweet, que teve em Blake o seu mentor.

Com a atuação magistral de Jeff Bridges, acendendo um cigarro no outro entre doses de uísque, e uma trilha sonora deliciosa para quem – como eu - curte o estilo, o filme é bom de assistir, embora algumas questões sejam solucionadas muito facilmente e lhe falte um clímax.

Talvez por sua ausência de grandiosidade o filme seja tão realista.

2 comentários:

Marcos Andrade disse...

Também gostei do filme. Curti muito a trilha sonora, acho que o Jeff Bridges convence como cantor country. Acho que faltou um desfecho para a questão do filho de Bad, aquele contato por telefone, que frustrou o personagem principal, ficou perdido no roteiro.

Leandro Wirz disse...

Pois é, Marcos, a trilha é ótima e uma amiga me trouxe o CD. "Falling & Flying" gruda no ouvido.
Quanto ao Bad, ficou implicito que ele não reconquistou o filho, o que me parece um desfecho mais realista e menos açucarado.