Neste mês, um casal de tios faz Bodas de Ouro. Meus avós maternos viveram juntos por 52 anos. Estou certo que outro casal de tios também teria chegado ao cinqüentenário de casamento, se um câncer no pulmão não tivesse levado meu tio prematuramente. Em todos estes casais, havia - ou há – amor e harmonia quando chegaram à data festiva.
Nada tem que durar para sempre. O amor, que já é lindo, não precisa ser eterno. Mas acho bonito pacas quando um casamento dura esse tempão todo. Desde que, é claro, com amor, harmonia, respeito, companheirismo. Porque casamento por acomodação ou de fachada, não, obrigado. Se o sentimento acaba, então que cada um siga para o seu lado e busque o seu jeito de ser feliz.
Neste mês, eu faço três anos de casado. Eu casei pela última vez aos 38. Com sorte, eu espero que ainda dê tempo de chegar lá nas Bodas de Ouro. Vontade não falta.
Por outro lado, houve época em que eu queria ser como Vinicius de Moraes, não apenas pelo extraordinário talento como escritor, mas pela quantidade de casamentos. Foram nove os casamentos de Vinicius, que faleceu em 1980, aos 62 anos.
Um dia, ele foi questionado pelo parceiro Tom Jobim: "Afinal, Poetinha, quantas vezes você vai se casar?". Num improviso de sabedoria, Vinicius respondeu: "Quantas forem necessárias."
Eu estou no meu terceiro casamento. E último, gosto de frisar. Mas se, neste quesito, já fui aprendiz de Vinicius, este é aprendiz de outro poeta, Thiago de Mello, autor de “Os Estatutos do Homem”. Nesta semana, o amazonense casou-se pela vigésima oitava vez! De acordo com nota publicada em 21/10 na coluna do jornalista Ancelmo Góis, a mais recente esposa tem pouco mais de 30 anos e chama-se Poliana.
Pollyana é a protagonista do clássico da literatura infanto-juvenil, de Eleanor H.Porter, publicado em 1913. O nome da personagem, por seu eterno otimismo e sua capacidade de ficar feliz nos piores momentos, acabou se convertendo em sinônimo de ingenuidade.
Os casamentos são os mais belos - e poéticos - rituais de ingenuidade.
2 comentários:
É admirável mesmo um casamento tão longo. É lindo. A convivência é mesmo uma arte e é para poucos. Hoje somos mais fugazes, mais egoístas, menos tolerantes. Cedemos menos. Queremos mais. É triste que seja assim. Mas, antes o amor "eterno enquanto dure" ao medo do casamento. Casar é uma delícia. A cumplicidade também, assim como é uma delícia descobrir o outro como companheiro, parceiro. Bodas de ouro são realmente muito comoventes e eu também choro.
p.s.: Na verdade, eu chorava até mesmo quando ia buscar minha irmãzinha na escola e ela vinha em filinha, segurando a mão dos amiguinhos enquanto tocava uma música infantil qualquer... rsrs
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