domingo, 31 de outubro de 2010

Desalentador


Embora “Tropa de Elite 2” comece com um aviso (e alguma ironia) de que apesar de “possíveis coincidências”, aquela é uma obra de ficção, o filme traz tamanha carga de realidade – dura, nua e crua – que mais parece um documentário sobre o crime no Rio de Janeiro dos dias de hoje. Aliás, sobre o Brasil e a sua classe, digo, corja política.


Este segundo filme é excelente, assim como o primeiro. E desalentador. A nós - eleitores, trabalhadores, cidadãos honestos - resta torcer para que o acaso nos proteja enquanto andamos distraídos por esse campo minado diariamente. Mudar o “sistema”?! Ora, ele entrega a mão para não perder o braço e se recria em mil cabeças de serpente sempre e sempre.

Faz sol e um calor dos infernos no balneário. A esperança morreu de bala perdida.

O desejo é o último que morre.

sábado, 30 de outubro de 2010

Eu sei

Volta e meia, a Carol Nogueira, do Le Croissant, posta o que ela chama de “música fofa da semana”. Obviamente, “fofa” é um adjetivo que inexiste em meu vocabulário.


Mas vai aí a dica de uma música bacana, com ótima letra: “Porque eu sei que é amor”, dos Titãs. O sugestivo clipe é dirigido com sensibilidade por um deles, o Branco Mello, junto com a apresentadora Diana Bouth. Os dois aparecem em algumas cenas. Mas quem as rouba e as ilumina são mesmo o olhar e o sorriso de Dora Vergueiro.

http://www.youtube.com/watch?v=v6h6Hpie7Ao

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Malhação

Em agosto, a Playboy trouxe em sua edição especial de 35º aniversário a perfeita Cléo Pires. Se photoshopada ou não, só as recalcadas se importam. Vendeu uma barbaridade.


No mês seguinte, o ensaio de capa foi com a paraguaia Larissa Riquelme, que, pelo hábito de depositar o celular entre os peitões enquanto torcia por sua seleção, foi catapultada à efêmera fama durante a Copa do Mundo. Sua propalada gostosura era, digamos, paraguaia mesmo. E a invencionice da revista em fazer um ensaio 3D para ser visto com desconfortáveis óculos especiais, não ajudou em nada.

A playmate da edição de outubro é a modelo Nicole Bahls, assistente de palco do programa de humor Pânico. A imprensa de celebridades diz que ela já faturou o filho mais velho do bilionário Eike e o rapper Akon. Nicole faz a linha bombadona superlativa que está na moda: bundão (104 cm de quadril), siliconão, cabelão, narigão, abdomen saradão. Não sou louco de dizer que, por esses atributos quase exagerados, ela deixa de ser gostosíssima.

O que quero mesmo comentar é a resposta dela a uma das perguntas da entrevista/perfil feita pela revista:

- “Você prefere malhar ou fazer sexo?

- Prefiro malhar.”

Ok, então tá, mas depois não reclame se o cara for se entreter com uma mulher que prefira a opção B, “fazer sexo”.

Nicole ainda complementou a resposta:

- “Sexo eu consigo resolver sozinha.”

Puxa, que bom que ela saudavelmente se masturba. Mas não consegue malhar sozinha?!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Peas & Apple


Domingo à noite fui à Apoteose para assistir ao show do Black Eyed Peas. Bom voltar ao lugar onde dei o primeiro beijo na minha mulher, sob acordes do Pearl Jam, em 2005.


O show do BEP foi um animado desfile de hits dançantes, tudo muito bem produzido e high-tech. will.i.am e seus coadjuvantes Fergie, Taboo e APL são competentíssimos no pop que fazem.

A surpresa ficou por conta da efusiva reverência de will.i.am a Jorge Benjor que, chamado ao palco, cantou “Chove chuva”, que, por sinal, choveu. O líder dos Peas declarou que conheceu o Brasil e se apaixonou pelo País por meio da música de Benjor, Sérgio Mendes e Tom Jobim. E que Benjor era um de seus heroes.

O ponto negativo foi o costumeiro, e nem por isso menos irritante, atraso de 1h15 para o início do show, patrocinado pela Blackberry. Por conta disso, uns gaiatos puxaram um coro de “Iphone, Iphone”.

Por falar nisso, a Apple subestimou feio a demanda do mercado brasileiro. Não é possível encontrar para compra o Iphone 4. No site, nas lojas da Apple e nas lojas de todas as operadoras de telefonia, a resposta é a mesma: “Tem, mas acabou”.

domingo, 24 de outubro de 2010

Pílula rocker de sabedoria


O Green Day estourou em 1994 com o vigoroso álbum de estreia “Dookie”. “Basket case”, “She” e “When I come around” puxaram as vendas à época. De lá para cá, discos irregulares, alguns hits até o mais recente e pretensioso “21st Century Breakdown”, lançado em 2009, com um som quase punk, limpinho e mais politizado.


Neste mês, a banda esteve em turnê pelo Brasil e o guitarrista vocalista Billy Joe Armstrong, explicou assim a longevidade do trio:

"É como em um casamento. O segredo é manter o sexo sujo e as brigas limpas".

Yeah! Ótima receita para a vida toda: putaria e lealdade.

sábado, 23 de outubro de 2010

Som e luz



No preâmbulo do ótimo espetáculo “A alma imoral”, a atriz Clarice Niskier diz que não lê os livros que ganha de presente. Porque sequer tem tempo para ler todos os que escolheu comprar.


Sigo mais ou menos a mesma lógica, mas quando quem me presenteia é pessoa muito querida e acerta o meu gosto, o livro ganho fura a fila dos comprados.

Foi assim com “Ao som do mar e à luz do céu profundo”, romance de Nelson Motta ambientado na charmosa Copacabana de 1960.

Delícia de leitura. Do tipo que prende. Há em algumas passagens um preciosismo enfadonho nos detalhes, mas que não chega a comprometer a fluência da história. Nos capítulos finais, a narrativa fica mais seca e ágil, melhor. E há reviravoltas surpreendentes.

O livro faz uma belíssima crônica dos costumes da época, em uma história repleta de desejos, traições, preconceitos, superações, generosidades e mesquinharias típicas de todos nós.

Se você gosta de “A vida como ela é”, de outro Nelson, o Rodrigues, vai gostar dessa leitura também.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Saúde é o que interessa

Os analistas políticos formaram consenso de que uma suposta posição favorável ao aborto da candidata petista prejudicou seu desempenho nas urnas a ponto de fazer com que ela não atingisse o quorum necessário de votos para vencer no 1º turno.


O que me espanta é que o tema do aborto tenha força para decidir uma eleição a favor ou contra quem quer que seja.

Se o Brasil fosse um país super desenvolvido, com suas questões prioritárias bem resolvidas, vá lá, eu entenderia. Mas estamos muito longe do 1º mundo.

Ficou patente – e isso é patético – que somos ultra conservadores e que a excrescência do voto religioso tem muita força.

Fique claro que este não é um texto pró candidato A ou B. Mas é, sim, um texto pró descriminalização do aborto, que deve ser tratado na esfera política como questão de saúde pública e não moral.

Ser a favor da descriminalização do aborto também não significa ser entusiasta do aborto. Legalizar não significa achar legal, no sentido de bacana. Ninguém faz aborto just for fun. E aborto não pode ser método contraceptivo. Um comportamento responsável que evite doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada é que o todo adulto sensato deveria adotar.

Voto de silêncio

Não titubeio. Perco o amigo, mas não perco a piada. Mas quando o assunto é política, calo para não perdê-los. Prefiro não declarar voto. Embora tenha opinião própria, guardo-a para a urna.


Tenho recebido muitos e-mails de aguerridos militantes pró-Dilma e pró-Serra. Tantos uns como outros muito mais fundamentalistas do que fundamentados. Discursos inflamados, passionais, mentirosos, hipócritas. Parece que as pessoas emburrecem no período pré-eleitoral. Isso é assustador. E é mais uma razão que me faz querer distância dessa política irracional e vil.

Depois das eleições, meus amigos de um lado e de outro voltarão a ser pessoas melhores. Mais inteligentes e interessantes. Eu, certamente, me tornarei melhor aos olhos deles também, quando superarem o inconformismo por essa minha suposta alienação. E continuaremos amigos.

O silêncio preserva amizades.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Mudanças demais


Não gosto de me explicar nem de dar satisfações demais, mas lá vem elas, again. Vocês, fiéis leitores, merecem. Andei ausente desse mundinho virtual porque estava às voltas com mudança de casa.


A sétima mudança em onze anos. Mudanças de cidade, casamentos, separações (tudo isso no plural mesmo), compra de imóvel, venda, aluguel de apto maior, enfim... foram várias as razões para esse nomadismo. Mas sem demérito dessas, a principal talvez seja mesmo este meu espírito irrequieto.

Depois da ralação entre malas e cuias e caixas desses últimos dias, a imperiosa conclusão é que preciso fazer um downsizing: roupas demais, livros, papéis, discos demais.

Daí a conseguir, é promessa para o ano novo...

domingo, 3 de outubro de 2010

Voto consciente


"- Já votou?
- Já.
- Votou consciente?
- Votei.
...
- Consciente de que não vai mudar porra nenhuma."

de Bruno Drummond, publicado na Revista do Globo de 3.10.2010.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A babá e o taxista

No táxi em São Paulo, o motorista banca o guia e avisa que aquela avenida fica cheia de putas e travecos à noite. Expliquei que não me chamo Ronaldo e não curto travecos. Ele então começou a contar a noite em que uma prostituta pediu para trocar de roupa em seu carro.


- Posso trocar de roupa aqui atrás?
- Claro, fique à vontade, mas eu não tenho insul-film. Se você não se incomodar...
- Não, tudo bem, tá tranquilo.

Minutos depois, o taxista viu pelo retrovisor que a moça, completamente nua, começava a vestir uma roupa discreta, comportada.

Ela explicou que é garota de programa, mas troca de roupa antes de chegar em casa, porque diz para o marido que é babá. E que não dá telefone fixo do emprego, porque a patroa proíbe que ela receba ligações particulares no serviço. Bem, tem gente que acredita em Papai Noel, em duendes, na idoneidade dos governantes. Então, deixa o marido acreditar no que lhe convém.

Em súbita crise de consciência, ela comentou:

- Chato, né, mentir para o marido...

O taxista contrapôs:

- Mas quem disse que você está mentindo? Só muda o tamanho da criança...

E assim, sábio e cínico, consolou a pobre moça.