terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Eu voltei...

Voltei a fumar. Faz uns três meses já. Nesses quase quatro anos de abstinência, não houve dia sequer que eu não tivesse pensado em ou desejado fumar. Poupem-me da cantilena de que cigarro causa envelhecimento precoce, gangrena, enfisema, infarto, câncer, morte. E impotência, oh céus! Sei disso tudo, vocês estão certos. Fumar é escolher como morrer.


Posso argumentar apenas que fumar me dá prazer. E a coletânea de pequenos prazeres banais é o que mais se aproxima do mito da felicidade que tanto buscamos. Prazer tem sido a minha mais honesta busca.

E assim voltou aquela deliciosa primeira tragada da manhã. E voltei a fazer as refeições pensando no cigarro de sobremesa. E não espero mais nada ou ninguém, porque o tempo de espera é agora preenchido pela companhia do cigarro. O fôlego, que nunca foi de campeão, foi para as cucuias. A voz, vaidade confessa, está mais bonita.

No sentido oposto, um amigo está naquele período inicial em que deixou de fumar. Ou seja, anda de péssimo humor, mascando abelhas. Outra noite, ele cogitou não transar com uma mulher. Não queria abrir mão do clássico cigarrinho do depois...

Fumo desde os 16 e já parei e voltei diversas vezes. Dois anos sem fumar numa vez e outras duas temporadas de quatro anos sem. Posso qualquer dia parar de novo. Afinal, o que é definitivo?

Neste preciso momento, o cigarro, quase paradoxalmente, traz enorme sensação de liberdade. A liberdade de não renunciar ao desejo.

2 comentários:

Mirelle Matias disse...

é, entendo bem o lance da vaidade com a sua voz.

Onor disse...

Olá. Espero que você pare um dia. Numa boa. Sem sentir falta. =)