No voo entre São Paulo e Goiânia, minha poltrona está
cercada por uma dúzia de senhoras frenéticas com o passeio que farão à Caldas Novas
e suas piscinas de águas termais. Eu
tentando ler poesia, os originais de um livro que uma amiga me enviara, pedindo
minha modesta opinião, despida de
qualquer autoridade de expert.
A senhora ao meu lado estica o olhar sobre o que estou
lendo. Simpática, tenta puxar conversa. Correspondo dentro do estreito
limite da boa educação apenas. Ela pergunta
se fui eu que escrevi, se vai virar livro, se sou o editor e comenta que os poemas
são “complexos”. Assumi como elogio, embora tenha me parecido que ela não entendeu
bem o que havia lido de esguelha.
As senhoras da fila da frente matraqueiam sem parar. Falam
mal da nora de uma delas, esporte favorito de muitas sogras por aí. A senhora diz que não entende como o filho foi se casar com aquela moça porque ela isso, ela aquilo. Até que uma vaticina: “É
o sexo. Ela deve ser boa nisso. Mulher tem que ser safada”.
Esqueço a poesia, contenho o riso e louvo a sabedoria da
maturidade.
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