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terça-feira, 22 de setembro de 2009

Mesquinharia coletiva



A nada simpática moça do caixa do estacionamento do shopping repete automaticamente diante de todo cliente que lhe entrega uma cédula: “Não tem menor, não?”.

Seu emprego é ruim. Oito horas diárias em um cubículo envidraçado, lidando com dinheiro sujo, e aturando o barulho dos carros na garagem.

Ela não disse bom dia.

O cliente lhe entregou uma nota de R$50 para pagar R$5. O caixa eletrônico do banco é programado para fornecer o menor número de cédulas para a quantia sacada.

Ele não disse bom dia.

Ele respondeu então que não tinha nota menor. Mas como sou alto, pude ver sobre seus ombros que na carteira havia outras notas.

A moça fez uma expressão de incredulidade. Fechou a cara e então deu o troco, literal e metaforicamente. Deu-lhe duas notas de R$20 e para os R$5 restantes devolveu tudo em moedas de R$0,50 e R$0,25.

Nem ele nem ela fizeram nada de ilegal. Ambos estavam dentro do seu direito. Ele de pagar como quisesse e ela de dar o troco como quisesse.

Mas os dois perderam boa oportunidade de, simplesmente, serem gentis. Ao invés disso, preferiram ficar emburrados um com o outro.

“Apagaram tudo, pintaram tudo de cinza, só ficaram no muro tristeza e tinta fresca...” (Gentileza – Marisa Monte)