quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Amor & Outras Drogas


Fui assistir a “Amor & Outras Drogas” (título ótimo) vestindo uma camiseta com a minha lista de favoritas: alcohol, nicotine, caffeine. Amor é hors-concours.


É uma história de amor bacana entre duas pessoas que evitavam relacionamentos mais sérios e preferiam sexo casual. Ela, porque tinha Parkinson precoce e a doença lhe anunciava dias sombrios. Ela tinha consciência de que a doença degenerativa iria gradualmente impossibilitar uma vida satisfatória junto ao companheiro. Ele, porque era uma daqueles sujeitos que pega uma, pega geral. O cara é expert na matéria. No filme, prestem atenção na estratégia do nome errado.

O final é previsível, mas quem disse que final feliz é ruim? Além do mais, às vezes acontece de a gente esbarrar em alguém na vida que muda nossa trajetória. Aconteceu comigo há pouco mais de cinco anos. Mais precisamente em dezembro de 2005, num chopp despretensioso em Laranjeiras. Mas isso é outra história.

Jake Gyllenhaal (de “O segredo de Brokeback Mountain”) e Anne Hathaway (de “O diabo veste Prada”) defendem bem seus papéis, há química entre o casal. 

Para além do romance, há um retrato interessante da indústria farmacêutica (o personagem de Jake é representante comercial) em sua inescrupulosa busca para persuadir, raramente de forma ética, os médicos a prescreverem os remédios que cada laboratório desenvolveu. O filme foca nos anti-depressivos e, depois, na explosão de vendas e lucros provocada pela milagrosa pílula azul que resolve o “mais sério” problema masculino.

Por sinal, numa dessas festinhas sexualmente animadas para agradar médicos, um deles relata o desencanto com a profissão: como atender bem, se atende a 50 pacientes por dia? Os planos de saúde forçando o jogo para pagar cada vez menos por consulta ou procedimento. Os laboratórios oferecendo “mimos” para que eles receitem o remédio que querem. Os escritórios de advocacia sobre eles como abutres esperando para processá-los ao primeiro erro médico. Não é para sentir pena do doutor, não, mas ele é bem realista.

Enfim, “Amor & Outras Drogas” não é bad trip. Dá uma onda legal. E com pipoca e Coca-cola não causa ressaca no dia seguinte.

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