quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Apaga a luz



Se você é minimamente antenado, conhece a WWF (World Wildlife Fund). É aquela ONG cujo símbolo é um simpático urso panda.


A WWF, que atua em mais de 90 países nos 5 continentes e conta com cerca de 5 milhões de afiliados, está promovendo a Hora do Planeta.


Movimento mundial de combate ao aquecimento global, a Hora do Planeta acontecerá pela primeira vez no Brasil. O Rio de Janeiro é a primeira cidade brasileira a aderir ao movimento.

O objetivo do movimento, conhecido internacionalmente como Earth Hour, é conscientizar a população sobre a importância da adoção de novos hábitos e mobilizar a sociedade no combate ao aquecimento global. É um ato simbólico que envolve governos, empresas e a população em geral.
“A Hora do Planeta é um gesto de engajamento, no qual cada um deve fazer a sua parte para um futuro melhor. Será uma demonstração da nossa paixão pelas pessoas, pela solução, pela conservação do planeta, e principalmente, pelo futuro e pela vida”, diz Álvaro de Souza, presidente do Conselho Diretor do WWF-Brasil

Em 2009, a Hora do Planeta será realizada no dia 28 de março, das 20h30 às 21h30, e pretende contar com a adesão de mais de mil cidades e 1 bilhão de pessoas em todo o mundo. Mais de 170 cidades de 62 países já confirmaram sua adesão à Hora do Planeta.


Realizada pela primeira vez em 2007, a Hora do Planeta contou com a participação de 2,2 milhões de moradores de Sidney, na Austrália. Já em 2008, o movimento contou com a participação de 50 milhões de pessoas, de 400 cidades em 35 países. Simultaneamente apagaram-se as luzes do Coliseu, em Roma, da ponte Golden Gate, em São Francisco e da Opera House, em Sidney, entre outros ícones mundiais.


Este ano, o Cristo Redentor e outros monumentos cariocas, além da orla, serão apagados durante uma hora. "A Hora do Planeta é nossa chance para mandarmos um sinal que estamos atentos e aguardando soluções para conter o aquecimento global. " afirma Jim Leape, diretor-geral da Rede WWF

Mas o “apagão do bem” não é uma unamidade. Tem empresas – sobretudo as de energia - que questionam o movimento. Primeiro, porque a frota de combustíveis movida a combustíveis fósseis (leia-se derivados do petróleo) contribui mais para o aquecimento global que a energia elétrica. Segundo, porque a vela, escolhida como símbolo da campanha publicitária criada pela DM9DDB, emite mais gases que eletricidade de fontes limpas.

Bem, deixando de lado o embate técnico, o que a WWF quer mesmo é despertar consciências e provocar atitudes.

Se o mundo vai dar uma resfriada na noite de 28 de março, eu não sei. Mas certamente vai ficar mais romântico.

Convida ela para jantar. Às 20h30.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Rumba é ruim

Cena do filme "Rumba". Foto: Divulgação

No último final de semana, eu estava a fim de rir. Bem, na verdade, eu sempre estou. Então, fui assistir ao espetáculo do ator e humorista Danilo Gentili, um dos caras do CQC, e ao filme belga “Rumba”, escrito, dirigido e protagonizado por Dominique Abel, Fiona Gordon e Bruno Romy.

A stand up comedy (comédia em pé) vem crescendo por aqui: mais gente fazendo , mais público assistindo. Há uma onda de bons espetáculos do gênero em cartaz. O de Gentili é um deles. É um tipo de piada bossa nova, sem violão, só com banquinho. Ou nem isso. Em pé, sem cenário, sem maquiagem ou figurino, o humorista tem que segurar a platéia, e fazê-la rir.
Vá ao teatro. E, tudo bem, pode me convidar.

Já a comédia “Rumba” tem um trailer engraçado, uma sinopse promissora e críticas elogiosas, afirmando até que o filme é um dos candidatos a cult da estação.

Mas não se engane: “Rumba” é ruim.

Aliás, é péssimo. É a história de casal de professores (ela, de inglês; ele, de educação física) de uma escola rural que tem paixão por danças latinas. Um acidente de carro, depois de uma competição de dança, vai mudar a vida dos dois. Ela perde uma perna;.ele, a memória. Eu costumo gostar de humor negro. Mas este é tão raso, tolo, pastelão, que só em alguns momentos, é possível achar graça.

Não perca seu tempo e seu dinheiro indo ao cinema. Não vale nem meia-entrada.

Língua dinâmica



Já se vai quase um mês desde que entrou em vigor a reforma ortográfica e eu ainda estou me acostumando que o vento levou o “chapéu” de voo e tirou o acento da ideia.

O etimologista Cláudio Moreno, sem nada melhor para fazer, contou que perderam o acento 904 paroxítonas com os ditongos “oi” e “ei” e 32 palavras com “u” e “i” tônicos após ditongo. 22 perderam o acento diferencial e 18 ficaram sem circunflexo em seus “oo”.

E o finado trema, que não era de todo inútil, deixou de existir em 358 palavras da nossa língua. Então, meu caro, nunca mais trema em cima da linguiça. A não ser, claro, que isso lhe apeteça.

A reforma ortográfica é bem-intencionada, porque pretende, ao unificar as grafias em todos os países lusófonos, dar mais vigor ao idioma. Algumas mudanças são fáceis de incorporar, outras mais complicadas. Acho que os portugueses terão mais dificuldades. Não, isso não é uma insinuação de piada para sacanear os patrícios d’além-mar. Mas é que eles, por exemplo, terão de trocar “facto” por “fato”. Escrever é fácil. Mas contrariando o ditado popular, falar é que é difícil.

Enfim, com o tempo quase tudo se resolve. Língua é dinâmica. Ou melhor, línguas são.


ps.: Não deixa de ser uma ironia do destino que a Reforma Ortográfica e a Lei Seca tenham sido assinadas no governo de um presidente que escreve mal e é bom de copo.

sábado, 24 de janeiro de 2009

King da vez

Com as 13 indicações ao Oscar, o BB king da vez não é o Banco do Brasil, nem Brigitte Bardot. É Benjamin Button e seu curioso caso.

Falta quase um mês para a cerimônia de entrega das estatuetas, que vai concorrer com o Carnaval. Mais precisamente, teremos o galã australiano Hugh “Wolverine” Jackman estreando como apresentador versus a ex-Miss Brasil Natália Guimarães como madrinha da bateria da Vila Isabel, terceira escola a desfilar na noite de domingo, 22/2.

Não dá para comparar...

Sobre o Oscar, já dá para ver fazer algumas apostas. Eu ponho todas as minhas fichas e mais algumas que vou pegar emprestadas no Banco Imobiliário para dizer que o Oscar de melhor ator coadjuvante vai para Heath Ledger, em homenagem póstuma, por sua performance como Coringa. É justo e ainda tem toda a comoção causada pela morte precoce do ator no início de 2008.

Meryl Streep deve ganhar como a freira de “A Dúvida”. Esta é a sua 15ª indicação. Ninguém foi indicada tantas vezes. Ela já tem dois Oscar na estante, um como protagonista, outro como atriz coadjuvante.

Filme? Nem preciso dizer em quem aposto.

Escola de samba? Bem, eu sempre torço pela Mangueira.

Máquina de desenhar


Tom Hanks, Pier de Bournemouth e Nicole Kidman
Eu sou do tempo em que a gente usava máquina de escrever. E fazia curso de datilografia para "bater à máquina" mais rápido. "Asdfg", com a mão esquerda, "çlkjh" com os dedos da direita. Para quem chegou mais tarde ao mundo, máquina de escrever servia para isso mesmo, para escrever, e seu ruído hipnótico dominava as redações de jornal e os escritórios. É uma geringonça que funciona mais ou menos como uma versão flinstones do programa de edição de textos de um computador que já vai imprimindo direto. Sem salvação.
Feito esse preâmbulo histórico, vamos à matéria publicada na BBC Brasil sobre a interessante e criativa nova forma de uso de uma velha engenhoca:
21/01/2009 Artista britânica faz retratos com máquina de escrever
Keira Rathbone tecla números e letras e usa os espaços em branco do papel para "desenhar" retratos e paisagens. Para criar sombras, por exemplo, ela tecla diversas vezes no mesmo lugar, imprimindo mais tinta no papel.

Além de retratar pessoas comuns, ela também criou retratos de celebridades, como Nicole Kidman, Kate Moss e Tom Hanks.

A artista leva até 90 horas para terminar alguns dos desenhos mais detalhados, como paisagens.

Ela começou a fazer os desenhos há cinco anos, quando comprou uma máquina de escrever antiga em um bazar.

"Ao invés de escrever, comecei a fazer desenhos com ela e não parei mais", disse a artista.

Rathbone pretende ir além dos desenhos e usar sua técnica para colaborar com estilistas de moda e aplicar o seu processo de produção na criação de roupas e acessórios.
Exposições

Os desenhos datilografados de Rathbone chamaram a atenção do público e ela já realizou diversas exposições no Reino Unido.

Nessas ocasiões, a artista também cria alguns desenhos ao vivo para que o público possa entender como é seu processo de produção.

A mais recente exposição da artista, "Plant Types" ("Tipos de Planta") traz desenhos de paisagens, plantas e flores teclados com a máquina de escrever.

A exposição fica em cartaz até o dia 30 de janeiro na galeria Grove Studio, em Bournemouth, no sul da Inglaterra.

Força Jovem


Enquanto Obama tomava posse, eu estava na praia tomando um “mé”, como diria o saudoso humorista Mussum, o mais engraçado de Os Trapalhões.

Mas antes de mudar de assunto...

Sou um apaixonado pelas letras, pela arte e pela ciência da oratória, pelo emprego das palavras com beleza, graça e precisão cirúrgica. Então, quero registrar minha admiração por Jon Favreau, o ghost-writer de Obama, de apenas 27 anos, chamado pelos íntimos de Favs.

Favreau é o mais jovem redator de discursos a trabalhar na Casa Branca. E alguns trechos dos discursos que produziu são antológicos. Vale lembrar que ele chegou a receber críticas dos adversários incomodados, pela suposta vacuidade e excessiva beleza de seus discursos. "Meu rival faz discursos. Eu ofereço soluções", costumava dizer Hillary Clinton quando competia com Obama nas primárias.

A seguir, trecho de matéria de Francisco Peregil, correspondente do jornal espanhol El Pais em Washington:

“A história de Favreau como grande escritor começou em um verão quatro anos atrás em Boston, quando tinha só 23 anos e trabalhava para o candidato democrata à presidência, John Kerry. Favreau viu atrás do palco da convenção um senador ensaiando seu discurso e não hesitou em aconselhar que ele suprimisse uma frase porque parecia redundante. O senador era Barack Obama. E o discurso que ensaiava era uma peça brilhante que marcaria um antes e um depois na política americana. Mas Favreau se atreveu a fazer aquela sugestão.

"Obama me olhou um pouco confuso, como que dizendo 'Quem é esse garoto?'", declarou Favreau a vários veículos da mídia. No ano seguinte Favreau ficou desempregado e pediu uma entrevista com Obama para trabalhar como redator de discursos do senador. Depois de meia hora conversando sobre a família e o beisebol, Obama lhe perguntou qual era sua teoria sobre os discursos. E Favreau, que acabara de se formar em ciências políticas na Universidade Holy Cross de Worcester (Massachusetts), disse: "Um discurso pode ampliar o círculo de pessoas a quem essa coisa interessa. É como dizer à pessoa que sofreu: 'Eu a escuto. Mesmo que você esteja decepcionado e cínico em relação à política do passado, porque tem boas razões para se sentir assim, podemos ir na direção correta. Me dê apenas uma oportunidade'".

Aos jovens, uma oportunidade.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Cheers!!!!


Barack Hussein Obama

Obra de Shepard Fairey, em exibição na National Portrait Gallery.

20 de janeiro de 2009 é um dia histórico. Nesta terça, na posse, Barack Hussein Obama colocará sua mão direita sobre a mesma Bíblia que foi usada na cerimônia de posse do presidente Abraham Lincoln, que aboliu a escravidão nos Estados Unidos.

Obama pronunciará o juramento de defender o país nos próximos quatro anos e, após o discurso inaugural, se tornará oficialmente o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Após Obama pronunciar seu discurso como novo presidente, a poeta Elizabeth Alexander tomará lugar na tribuna e lerá um poema destinado a entrar para a História.
Ótimo começo: com poesia.

Quatro por quatro

No início do primeiro mandato a equipe do governo Lula queixava-se em demasia de uma tal “herança maldita” deixada pelo governo FHC. A tal herança, se havia mesmo, era nada perto da que Obama recebe de Bush. Esta, sim, é uma catástrofe. Bush foi ruim enquanto durou.

Em 2008, a canção “4 Minutes (to save the world)" interpretada por Madonna, Justin Timberlake e Timbaland esteve no topo das paradas de sucesso. Obama é o 44º presidente norte-americano. Ele tem 4 anos para salvar o mundo. E se tudo der certo, ganha mais 4.

Yes, we can

Reproduzo a seguir trechos da coluna Panorama Econômico, escrita pela jornalista Miriam Leitão e publicada em 18/01/2009, sob o título “O dia após amanhã”.

“Já seria difícil ser o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Ele seria mais cobrado, mais fiscalizado. Mas Barack Obama assumirá a Casa Branca na pior conjuntura econômica possível. Não é apenas uma recessão, como Bill Clinton enfrentou e venceu, mas a pior desde 1929. A recessão não está acabando, como na época de Franklin Roosevelt. Ela mal começou.

Quis a História — que suprema ironia! — que um momento tão esperado fosse também o mais difícil. Que o presidente do qual se cobraria mais desempenho, tivesse que ter mesmo um desempenho excepcional, porque qualquer coisa abaixo disso será o fracasso.

Sempre se criam expectativas diante de um novo governante, principalmente quando vem após um período desastroso, como é o caso, e teve uma eleição consagradora, como também é o caso. Mas as expectativas que caem sobre Barack Obama não são racionais. Ele terá tarefas demais, despertou sonhos demais, há urgências demais. Quando a mudança de governo acontece nos Estados Unidos, o mundo inteiro presta atenção. Desta vez, a atenção é maior. Virou ansiedade, porque a crise econômica, nascida lá, virou global.

Na economia, as coisas vão piorar nos primeiros meses do governo Obama. A recessão vai se aprofundar, o desemprego, crescer, o déficit público vai se ampliar, o risco de deflação ficará mais presente. Pela inércia dos fatos econômicos, tudo isso foi contratado pelo governo Bush; é herança. (...)Desfazer todos os nós será tarefa de anos. Mas, ao fim dos primeiros seis meses, a piora parecerá obra de Obama. É da natureza das sociedades democráticas, e abertas a cobrança sobre os governantes, a impaciência na espera dos resultados.

Uma crise dessa envergadura não se inverte rapidamente. As recessões têm um prazo mínimo. São como uma onda que não se consegue interromper no meio.

Ele é negro e isso abre uma nova dimensão de expectativas e de cobranças. (...)Para negros do mundo inteiro, inclusive os brasileiros, que são metade da população, o sucesso de Obama terá um valor inestimável na recuperação da auto-estima, na certeza íntima que cada um poderá construir de que o horizonte das possibilidades se ampliou.

Há urgências para além da economia. Na questão ambiental e climática, (...) tudo o que fez e falou até agora tem o frescor de uma nova abordagem. Ele pretende unir três desafios, energia-economia-clima, num ataque só.

(...)Na área internacional, o quadro também não poderia ser pior. Obama assume no meio de uma escalada das tensões no Oriente Médio. (...) As guerras do Iraque e do Afeganistão ainda não têm um fim à vista, e uma de suas promessas foi a de retirada segura das tropas do Iraque. (...) O terrorismo baseado no Paquistão tem feito novas investidas, e Obama tem que encontrar respostas novas e eficientes para o mais complexo desafio de política internacional.

(...) Nada será resolvido rapidamente, e as frustrações serão inevitáveis. Sobre a devastação da era Bush será difícil construir uma nova arquitetura de relações internacionais, iniciar uma recuperação econômica, mudar a política climática. Mas ninguém melhor para tentar isso do que um líder que chega com a força dos votos dos eleitores americanos, a bandeira da mudança e a torcida do mundo.”

We are one


Às vésperas da posse, Obama continua fazendo tudo certo. No domingo, Obama assistiu, no Lincoln Memorial, em Washington, ao show ‘We are one’ (‘Somos um’), e foi aclamado por cerca de 200 mil pessoas.

Fez um discurso correto e reafirmou estar “esperançoso como sempre”, mas alertou que a superação das dificuldades pode demandar mais tempo e esforço do que se espera. Chamou o público para estar ao seu lado, quando disse “O que me dá esperança são vocês “. Ele sabe jogar para a torcida.

No discurso fez referência a três líderes americanos George Washington, Abraham Lincoln e Franklin Roosevelt. A escolha não foi aleatória. Washington foi o fundador da nação americana e seu primeiro presidente; Lincoln é praticamente uma unanimidade nacional e foi o presidente que aboliu a escravidão nos EUA; e Roosevelt foi o presidente que venceu a Grande Depressão de 1929.

Os artistas que participaram do show também foram muito bem escolhidos. Não apenas por seus dotes artísticos, mas por sua representatividade social. Estiveram lá Bruce Springsteen (“The Boss”, representando a classe operária americana), diversos artistas negros (Mary J.Blige, Will I Am), Stevie Wonder (que é também deficiente visual), a colombiana Shakira (latina), os irlandeses politizados do U2 (representando imigrantes e artistas com ativismo político).

Além de “The city of blinding lights”, o U2 oportunamente cantou “Pride (in the name of love)”, música que fala sobre o assassinato de Martin Luther King. Aliás, o show aconteceu na véspera do feriado que homenageia o líder que lutava pela igualdade racial. No mesmo álbum, “The Unforgettable Fire”, de 1984, o U2 tem outra canção que reverencia Luther King, “MLK”.

Musicalmente, o espectro de estilos também foi grande, indo do R&B (Beyoncé) ao country (John Mellencamp), passando pelo Rap (Usher) e pelo rock (Jon Bon Jovi). Marcaram presença diversas estrelas da música e do cinema: Jamos Taylor, Sheryl Crow, Denzel Washington, Jamie Foxx, Queen Latifah, Tom Hanks e Laura Linney, e o campeão de golfe Tiger Woods.
E ontem, véspera da posse, Obama cumpriu a tradição e dedicou-se ao trabalho voluntário. Belo exemplo.

O voo do urubu


No último domingão de sol, um aviãozinho voava baixo sobre a praia da Barra da Tijuca com a faixa: “Vasco rebaixado. Chora, bacalhau”.

Aposto que isso é coisa de flamenguista, esses sempre marrentos. Mas a zoação está um pouco fora do timing. O chororô vascaíno foi no início de dezembro do ano passado.

Essa gozação serviu para me lembrar de outra história. Nenhuma sacaneada se compara a quando o Vasco (que tem o vício de ser vice) perdeu o Mundial Interclubes para o espanhol Real Madrid no final da década de 1990.

No dia seguinte, o Flamengo publicou nos principais jornais do Rio o seguinte anúncio:
“O Clube de Regatas Flamengo parabeniza o Clube de Regatas Vasco da Gama pelo inédito título de VICE-campeão mundial.”

Genial.
Ps.: Glossário para quem não entende nada de futebol: Urubu é o símbolo do Flamengo, e bacalhau, o do Vasco.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sua canção


Em 2008, encorpei o meu currículo com quatro ótimos shows: Eagle-Eye Cherry, Joss Stone, R.E.M. e Madonna.

Hoje, Sir Elton John abre a temporada de shows internacionais no Brasil. Como escrevi em “Bumbum e rosas”, de 26/11/2008, eu não vou. E não é só porque o chatíssimo James Blunt abre (eu poderia chegar depois do show de abertura). O preço dos ingressos atualmente (média de R$ 220, a pista) nos shows internacionais obriga-nos - nós, mortais, classe média, que pagamos inteira, porque não temos carteirinha falsa de estudante - a ser muito seletivos na escolha dos shows. Elton John, claro, tem muita história, tem um piano inconfundível, canta bem, toca melhor ainda, tem um estilo próprio que não cabe em rótulos limitantes. Então, o que falta? Lugar. Como assim, lugar? A Praça da Apoteose abriga 30 mil pessoas. Este é o problema. O show ficaria muito melhor em um espaço menor, mais intimista. Não é para grandes arenas. Elton John não é Madonna. Atenção: não estou hierarquizando os dois. Cada um a seu estilo, são brilhantes. Mas é uma questão de adequação do artista ao espaço. Tenho o mesmo temor pelo Radiohead, que tocará na Apoteose em março. Não combina.

Voltemos a Sir John. No show em Sampa, anteontem, compareceram 29 mil pessoas. Dois amigos que assistiram ao show pela TV acharam-no chatíssimo. Talvez seja porque não há as pirotecnias usuais dos pop stars. É um show de piano acompanhado por uma banda. E um repertório de clássicos.

Falando nisso, meu Top Five de Elton John é:

5. Pinball wizard (da ópera-rock Tommy e fora do roteiro do show);
4. Daniel (reza a lenda que foi composta para o irmão, morto em desastre aéreo);
3. I guess that’s why they called the blues (“laughing like children, living like lovers...”)
2. Your song (esta bela canção de amor é a favorita de pelo menos metade dos fãs de Elton)
1. Skyline pigeon (esta é não apenas a minha favorita de Elton, mas uma das minhas canções favoritas de todos os tempos. Está no meu Top Ten).

A temporada 2009 oferece opções para todos os gostos. Ela segue com Alanis Morissette, Iron Maiden, Radiohead, Double You (Santo Deus, isso ainda existe!), Backstreet Boys, Simply Red, Simple Plan e Keane. Tem ainda Damien Rice, o da trilha de “Closer”, cuja canção “Blower’s daughter” gerou versões de Simone e de Ana Carolina + Seu Jorge. Mas Rice só toca em Sampa.

O cardápio de shows tem mais quantidade do que qualidade, mas, com boa vontade, dá para você encontrar uma canção para chamar de sua.

domingo, 18 de janeiro de 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button


“I was born under unusual circumstances”. Assim começa o filme O Curioso Caso de Benjamin Button, dirigido por David Fincher, e baseado no conto de F.Scott Fitzgerald, publicado em 1921. Outra obra do mesmo escritor inspirou um filmaço estrelado por Robert Redford e Mia Farrow nos anos 1970, O Gande Gatsby.

De maneira bastante resumida, a história do filme que estreou nos EUA na semana anterior ao Natal e, no Brasil, em 16.01.2009, é a de um bebê nascido em 1918, mas no sentido inverso da vida. Ele nasce velho e, conforme cresce, vai rejuvenescendo até voltar a ser bebê. A história cobre até 2003, quando o furacão Katrina arrasa Nova Orleans. O filme, essencialmente, é a história de amor entre Benjamin e Daisy, que se conhecem quando ele era um menino com aparência de velho e ela, criança.”

Na longa história, há um toque sutil de Forrest Gump, com os personagens tangenciando acontecimentos importantes do século XX e início do XXI, e por pérolas de sabedoria popular, como a “A vida é uma caixa de chocolates. Você nunca sabe o que virá”, da mãe de Forrest Gump. Não à toa. Um dos roteiristas, Eric Roth, também assinou Forrest Gump.

O filme já foi faturou, no National Board Review, os prêmios de “Um dos 10 melhores filmes do ano”, “Melhor Direção” e “Melhor Roteiro Adaptado”. E foi indicado a 5 Globos de Ouro, incluindo “Melhor Filme” e “Melhor Ator”. É filme para merecido Oscar. O New York Observer afirmou que “não é apenas o melhor filme do ano, mas um dos melhores já feitos”.

O Curioso Caso de Benjamin Button tem maquiagem, fotografia e cenografia impecáveis e desempenhos extraordinários dos protagonistas Brad Pitt e Cate Blanchett (ela, perfeita). É também realizado com uma riqueza de detalhes impressionante e, ao mesmo tempo, delicada.

O filme é extenso, todo mundo sabe qual é o final, mas quer ver como será. Em nenhum momento, o filme deixa de despertar a sua atenção.

É uma ficção, um drama, um romance e tem ótimas tiradas de humor. Mais que isso, é um filme sobre generosidade, renúncia, sabedoria, zelo, entrega, paternidade, maternidade, domínio do tempo, liberdade, oportunidades, destino. Um filme sobre a vida. Belíssimo, emocionante, imperdível.


Ps confessional: chorei copiosamente, como não fazia desde que assisti à Sociedade dos Poetas Mortos, há muitos anos.

G. W. Bullshit

A BBC deu-se ao trabalho de reunir as bobagens que o George W. falou em seus oito anos de Casa Branca. Reproduzo aqui:

"Confira lista de 'bushismos' ditos nos últimos oito anos 16/01 - 06:29 - BBC Brasil
Todos os políticos cometem gafes e falam coisas sem pensar. Mas o presidente americano, George W. Bush, conseguiu tornar-se notório por isso. Os americanos até cunharam o termo "Bushismo" para classificar os lapsos verbais que se tornaram comuns nos últimos oito anos.
Confira abaixo alguns dos "Bushismos" que se tornaram célebres.

"Eles me mal-subestimaram."(Bush inventou a palavra 'misunderestimated'), Bentonville, Arkansas, 6 de novembro de 2000

"Não há dúvida de que no minuto em que eu fui eleito, as nuvens de tempestade no horizonte estavam chegando quase diretamente sobre nós.", Washington, 11 de maio de 2001

"Eu quero agradecer ao meu amigo, o senador Bill Frist, por se juntar a nós hoje. Ele se casou com uma menina do Texas, eu quero que vocês saibam. Karyn está conosco. Uma menina do Oeste do Texas, exatamente como eu.", Nashville, Tennessee, 27 de maio de 2004

"Há um século e meio, os Estados Unidos e o Japão formam uma das maiores e mais duradouras alianças dos tempos modernos." (Bush se esquecendo da Segunda Guerra Mundial), Tóquio, 18 de fevereiro de 2002

"A guerra contra o terror envolve Saddam Hussein por causa da natureza de Saddam Hussein, da história de Saddam Hussein, e a sua determinação de aterrorizar a si mesmo.", Grand Rapids, Michigan, 29 de janeiro de 2003

"Eu acho que a guerra é um lugar perigoso.", Washington, 7 de maio de 2003

"O embaixador e o general estavam me relatando sobre a - a grande maioria dos iraquianos querem viver em um mundo pacífico e livre. E nós vamos achar essas pessoas e levá-las à Justiça.", Washington, 27 de outubro de 2003

"Sociedades livres são sociedades cheias de esperança. E sociedades livres serão aliadas contra os poucos odiosos que não têm consciência, que matam ao gosto de um chapéu.", Washington, 17 de setembro de 2004

"Você sabe, uma das partes mais difíceis do meu trabalho é conectar o Iraque à guerra ao terrorismo.", Washington, 6 de setembro de 2006

"Raramente a pergunta é feita: nossas crianças estão aprendendo?", Florence, Carolina do Sul, 11 de janeiro de 2000

"Ler é básico para todo o aprendizado.", Reston, Virginia, 28 de março de 2000

"Como governador do Texas, eu estabeleci altos padrões para as nossas escolas públicas, e eu cumpri esses padrões.", Entrevista à CNN, 30 de agosto de 2000

"Você ensina uma criança a ler, e ele ou ela ('he or her' em inglês, em vez do correto: 'he or she') vai conseguir passar em um teste de escrita.", Townsend, Tennessee, 21 de fevereiro de 2001

"Eu entendo o crescimento dos negócios pequenos. Eu fui um.", Entrevista ao New York Daily News, 19 de fevereiro de 2000

"É claramente um orçamento. Tem muitos números nele.", Entrevista à agência de notícias Reuters, 5 de maio de 2000

"Eu continuo confiante em Linda. Ela será uma ótima secretária de Trabalho. Do que eu li na imprensa, ela é perfeitamente qualificada.", Austin, Texas, 8 de janeiro de 2001

"Primeiro, deixe-me esclarecer bem, pessoas pobres não são necessariamente assassinos. Só porque você não é rico, não significa que você está disposta a matar.", Washington, 19 de maio de 2003

"Eu não acho que nós devamos ser sublimináveis sobre a diferença entre nossos pontos de vista sobre remédios que exigem prescrição." (Bush inventou a palavra 'subliminable'),Orlando, Flórida, 12 de setembro de 2000

"Doutores demais estão deixando o negócio. Muitos obstetras e ginecologistas não estão podendo praticar o seu amor às mulheres pelo país.", Poplar Bluff, Missouri, 6 de setembro de 2004

"Seria um erro para o Senado americano permitir que qualquer tipo de clonagem humana saísse daquela sala.", Washington, 10 de abril de 2002

"A informação está em movimento. Você sabe, o noticiário da noite é uma forma, é claro, mas também está se movimentando pela blogosfera e através das internets.", Washington, 2 de maio de 2007

"Eu tenho uma visão diferente de liderança. Uma liderança é alguém que consegue unir as pessoas.", Bartlett, Tennessee, 18 de agosto de 2000

"Eu sou o decisor, e eu decido o que é melhor.", Washington, 18 de abril de 2006

"E a verdade é que muitos relatórios de Washington nunca são lidos por ninguém. Para mostrar como este é importante, eu o li e Tony Blair o leu.", Sobre o relatório Baker-Hamilton, em Washington, 7 de dezembro de 2006

"A única coisa que posso dizer é que quando o governador liga, eu atendo o telefone.", San Diego, Califórnia, 25 de outubro de 2007

"Eu já terei morrido há anos antes que alguma pessoa esperta descubra o que aconteceu dentro do Salão Oval.", Washington, 12 de maio de 2008

"Eu sei que os seres humanos e os peixes não podem coexistir pacificamente.", Saginaw, Michigan, 29 de setembro de 2000

"Famílias são onde a nossa nação encontra esperança, onde as asas viram sonhos.", LaCrosse, Wisconsin, 18 de outubro de 2000

"Aqueles que entram no país ilegalmente violam a lei.", Tucson, Arizona, 28 de novembro de 2005

"Isso é George Washington, o primeiro presidente, é claro. O que é interessante sobre ele é que eu li três - três ou quatro livros sobre ele no último ano. Isso não é interessante?", Washington, 5 de maio de 2006

Atualizando a lista:

“Não consigo me ver sentado numa praia com um grande chapéu de palha e camisa havaiana, particularmente depois que parei de beber.” Fonte: O Globo, 18.01.2009

“Vou escrever um livro e me dedicar ao mountain bike”. fonte: Último Segundo, portal IG, 17.01.2009.

O meu temor é que em 2010 alguém resolva fazer uma coletânea dessas do similar nacional. Periga a lista ser bem mais extensa.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Carlton Dançou


Li na edição 2095 da revista Veja que a Souza Cruz está aposentando a marca de cigarros Capri, depois de 43 anos no mercado. Para substituí-la, está trazendo a marca Vogue, vendida há 75 anos nos EUA e Europa.

Soube pela mesma nota que a empresa também tirou do mercado no final do ano passado a marca Carlton. Estranho, porque no site da Souza Cruz, ainda consta que a Carlton é a 4ª marca mais vendida no País.

A marca era associada a elegância, sofisticação e às artes. Os anúncios eram quase sempre ilustrações, algumas reproduzidas em cartelas colecionáveis que acompanhavam os boxes do cigarro (nunca maços). A marca também foi patrocinadora de um dos mais importantes festivais internacionais de dança, o Carlton Dance. Com a proibição do patrocínio, perdeu a dança brasileira.

É com pesar que me despeço de um Carlton Crema. Poucas coisas acompanhavam tão bem um expresso depois de uma refeição. O cigarro com sabor vanilla era realmente um raro prazer.

O Ministro da Ideologia

Desastrada a decisão do Ministro da Justiça Tarso Genro de conceder refúgio político ao italiano Cesario Battisti, ex-ativista de extrema esquerda condenado à prisão perpétua em seu país por quatro homicídios cometidos na década de 1970.

Tarso contrariou pareceres da Procuradoria Geral da República, do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), do Itamaraty, da Polícia Federal e do Secretário Executivo do próprio Ministério da Justiça. E, em decisão pessoal, decidiu dar guarida ao ex-terrorista.

Conseguiu de uma canetada só desagradar a todos e ainda gerou embaraços diplomáticos com a Itália.

Muito mais do que esta decisão isolada, o que causa indignação é a atuação ao estilo um peso, duas medidas. Impressiona a maneira distinta como o Ministro interferiu neste caso e no dos dois boxeadores cubanos que abandonaram a equipe daquele país durante os Jogos Panamericanos porque queriam ir à Alemanha para se profissionalizaram no esporte.

Os cubanos passaram por um rito sumário e foram devolvidos às pressas à Cuba, em avião cedido pelo venezuelano Hugo Chávez, que se auto-proclama herdeiro ideológico de Fidel Castro.

Deve ser porque na cabeça do Ministro a Itália é uma ditadura, onde as liberdades individuais são desrespeitadas cotidianamente, e Cuba é uma ilha de plena democracia e prosperidade, eldorado tropical onde o socialismo deu certo.

Ao que parece, a decisão do Ministro foi pautada muito mais por suas convicções ideológicas do que pela Justiça, a qual ele deveria representar como Ministro de Estado.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Flagrante

Hoje, 12h15. Uma Ferrari descia a Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo.

Submeter uma Ferrari ao nosso asfalto estilo queijo suíço é um pecado.

E é um crime nossas autoridades manterem as ruas do Rio nessas precárias condições.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Se beber, não dirija

Foto: Leandro Wirz






Rodando pela cidade, li no carro de um gaiato, o seguinte adesivo:



"Eu bebo pouco,

mas o pouco que bebo

me transforma em outra pessoa,

e essa pessoa sim,

bebe pra cacete."




Coração na boca


Recebi de uma amiga:
“Para vc, que gosta da alma feminina...
“Ah, quer saber o que eu penso? Você agüentaria conhecer minha verdade? Pois tome. Prove. Sinta. Eu tenho preguiça de quem não comete erros. Tenho profundo sono de quem prefere o morno. Eu gosto do risco. Dos que arriscam. Tenho admiração nata por quem segue o coração. Eu acredito nas pessoas livres. Liberdade de ser. Coragem boa de se mostrar. Dar a cara a tapa! Ser louca, estranha, linda, chata! Eu sou assim. Tenho um milhão de defeitos. Sou volúvel. Tenho uma tpm horrivel. Sou viciada em gente. Adoro ficar sozinha. Mas eu vivo para sentir. Por isso, eu te peço. Me provoque. Me beije a boca. Me desafie. Me tire do sério. Me tire do tédio.Vire meu mundo do avesso!. Mas, pelo amor de Deus, me faça sentir... Um beliscãozinho que for, me dê. Eu quero rir até a barriga doer. Chorar e ficar com cara de sapo. Este é o meu alimento: palavras para um alma com fome. (Meu coração é a minha razão. Essa é a lógica que inventei pra mim).
Fernanda Mello – Insensata Lógica – 01.06.2005”
Bom, né? Queria tê-lo escrito. Tem um quê de Clarice Lispector, de Clara Averbuck, de Lya Luft, de Leila Diniz, de Rita Lee, de Elis Regina, de Martha Medeiros, de minha amiga – a que me enviou o texto e todas as outras que eu conheço.
Mas eu sou incapaz de compreender as filigranas, as nuances, as mínimas expressões, os detalhes que compõem toda a complexidade de uma mulher. Ainda que me quede sempre a admirá-las.
Fernanda Mello é publicitária, cronista, poeta, compositora de Belo Horizonte. Se você ainda não leu nada dela, corra para o blog http://www.fernandacmello.blogspot.com/ assim que acabar de ler o Mar de Coisa. Mas é bem provável que você já tenha ouvido as palavras da Fernanda. E até cantado. É dela, por exemplo, a letra de “Só hoje”, sucesso do Jota Quest.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Hallelujah, Hare Krishna

Levantando - e muito - o nível, vamos agora sim para um verdadeiro "mantra". Na segunda metade dos 1960, os Beatles e, especialmente George Harrison, embarcavam em viagens espirituais rumo ao Oriente. E um dos resultados dessa mistura Ocidente/Oriente é "My sweet Lord", umas das mais inspiradas canções do mais místico dos quatro rapazes de Liverpool.

Este vídeo foi gravado em um concerto em homenagem a Harrison, em 29 de novembro de 2002, no Royal Albert Hall, em Londres. O naipe de músicos é de primeiríssima: no piano, Paul McCartney; na bateria, Ringo Starr; noutra bateria, Jim Capaldi; no teclado e vocal, Billy Preston; na percussão, o carequinha Ray Cooper; na guitarra, Tom Petty; e nos violões, o filho de Harrison (é a cara!), Jeff Lynne e o próprio Deus, Eric Clapton. Não esqueçam que nos mesmos anos finais daquela década de 1960, muros em Londres apareceram grafitados com a frase "Clapton is God".

O clima do vídeo é de lavar a alma. Impossível não cantar junto, estalar os dedos, bater palmas, dançar. "My sweet Lord" é daquelas músicas que melhoram a segunda-feira de qualquer um. É a minha prece. Enjoy!

Tá aí

Corroborando o que escrevi no texto anterior ("Top Sacanagem"), qualquer musiquinha tupiniquim barra as gringas nesse quesito.

E como o Carnaval se aproxima, taí o link para o "mantra" que será entoado em cada grotão desse país, onde houver a mais pálida manifestação de carnaval, com uns pinguços correndo atrás de moçoilas frenéticas.

http://kibeloco.com.br/kibeloco/2009/01/12/cade-xoxo/

Trata-se de "Cadê Xoxó?", de Marcelo Quintanilha, lançamento da Kibe Loco Records.

Xoxó tá aí para destronar "Cada um no seu quadrado" e "Pó pára com o pó", outras duas pérolas do cancioneiro popular.

Sacanagens à parte, o clipe "all type" é bem realizado, a partir de uma idéia muito simples, mas que funciona.

É para fazer rir, claro. Mas vale conferir essa marchinha carnavalesca. Xoxó é uma delícia.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Top Sacanagem


Zapeando, caí na MTV. Mais precisamente no “Top Top”, programa apresentado por Marina Person e Leo Madeira, que formam uma dupla sempre afinada, com o auxílio luxuoso do texto bem humorado do roteiro.

O tema deste “Top Top” era as “Dez Canções Mais Sacanas do Pop Rock”. Falou em sacanagem, é comigo mesmo. Tô dentro.

Eis o ranking, comentado:

10 – “I want your sex”, do George Michael. Boa escolha, o clip é ótimo, a música era bem ousada no início dos 1990, trazia o slogan “Explore monogamy” (politicamente correto em tempos de epidemia de Aids), ele era sexy, a canção tem versos provocativos, como “What's your definition of dirty, baby? What do you consider pornography?”.
9 – “You shook me all night long”, do AC/DC. A princípio, a presença deste hard rock pesadão na lista pode assustar. Mas, para mim, foi um alívio. Eu sempre achei a batida e o riff inicial muito sexy. Foi bom descobrir que não sou o único.
8 – “Mr.Loverman’, do Shabba Ranks. Ok, bom ritmo, dá para engatar uma dança, o backing vocal é ótimo e o cara se proclama, bem, O cara.
7 – “Sexual healing”, do Marvin Gaye. Um clássico, escolha óbvia.
6 – “Erótica”, da Madonna. Ela tinha que estar na lista. Até pelo conjunto da obra. Então, escolheram a canção mais explícita.
5 – “My humps”, do Black Eyed Peas. A letra é picante e tem a Fergie cantando. Ou melhor, dançando. Ou melhor, fazendo caras e bocas. Ou melhor, tem a Fergie e ponto.
4 – “Baby got back”, de Sir Mix a Lot. Confesso que nunca ouvi mais gorda.
3 – “Darling Nikki”, de Prince. O pequeno gênio de Minneapolis também tinha que estar na lista, pelo conjunto da obra. “Darling Nikki”, do álbum “Purple Rain”, foi a canção que motivou a criação do selo “Parental Advisory – Explicit Lyrics”, que desde então passou a figurar em vários discos para avisar aos papais que as letras falavam de sacanagem. O tiro saiu pela culatra e a molecada, curiosa, quis saber o que havia em “Purple Rain”. O álbum vendeu horrores.
2 – “Um sonho”, de Caetano Veloso. Esta canção, ET na lista, é aquela que provocou um bate boca entre Luana Piovani e Caetano Veloso. Ela agradeceu a música em sua homenagem, ele negou que fosse, depois disse que era parcialmente inspirada por ela e ela mandou dizer que Caê era um banana de pijama.
1 – “I touch myself”, de Divinyls. A música escolhida como a mais sacana é uma ode à masturbação. Vê se p(h)ode!

Como em toda lista, é uma puta sacanagem algumas canções ficarem de fora. De cara, lembro logo de duas boas para trilha sonora de um strip: “You can leave your hat on”, de Joe Cocker, que integrou a trilha sonora do filme de sacanagem chic “9 ½ Semanas de amor”, com a então louraça toda boa Kim Basinger e o Mickey Rourke antes dele ficar com a cara deformada. A outra canção é “Fever”, que meio mundo gravou. Mas eu fico com uma versão clássica, by Elvis.

No ano passado, “I wanna fuck you”, com o rapper senegalês Akon esteve no topo das paradas e teve versão mais comedida, “I wanna love you”, para poder tocar em festas de família.

Mas na verdade, qualquer música de axé, forró ou funk dá um couro nessas aí da lista, em termos de sem vergonhice, duplo sentido ou sexo explícito.

Na lista também não poderia faltar aquela singela canção de Natal (não sei o nome, nem o autor):

“Quero ver você não chorar, não olhar pra trás, nem se arrepender do que faz. Quero ver o amor vencer, mas se a dor nascer, você resistir e sorrir...”

Na boa, isso parece a descrição do quê?
Sacanagem pura. Inspire-se.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Bom pra cachorro

Marley & Eu. Foto de divulgação do filme.


Quando a conheci, minha mulher tinha um Golden Retriever de três anos, o Reef. Ela diz que quando me contou isso, na noite em que nos conhecemos, meus olhos brilharam. Eu brinco dizendo que me apaixonei por ela graças ao cachorro.

Com o Reef, que já está com seis anos, aproveitei a nova chance e sou um “pai” muito melhor do que fui quando tive outro Golden, o Luke.

Eu - e a torcida do Flamengo que tem cachorro - fomos assistir a “Marley & Eu”, a versão cinematográfica do best-seller de John Grogan. Nas duas primeiras semanas em cartaz nos EUA, o filme já faturou US$ 100 milhões.

O filme, assim como o livro, é uma delícia, narrando as estripulias do labrador e sua família. E, claro, chora-se muito, já que Marley morre ao final. Não, não estou estragando a surpresa, contando o fim. Todo mundo já sabe o que acontece, o filme é fiel ao livro, com a vantagem de ter ótima trilha sonora (A cena dos cachorros na praia, ao som de “Lucky Man”, do The Verve, é linda!). E sim, obviamente, o nome é uma homenagem ao Reggae Man, Bob Marley.

Eu fiquei meio balançado, a garganta deu nó, entraram uns ciscos nos meus olhos e coisa e tal. Minha mulher chorou rios e quando chegou em casa apertou o Reef, como nunca. Mas o que mais mexeu comigo foi a formação da família. Como disse a personagem de Jennifer Aniston, “a família já estava formada antes dos filhos nascerem”, quando eram apenas ela, o marido e Marley.

Eu sou um pequeno burguês, com sonhos classe média. Eu quero mesmo viver do que escrevo, quero continuar casado e amando a minha mulher, quero ter filhos com cara de que são criados à base de Corn Flakes, e que vão dar um trabalho da porra, quero os estresses do cotidiano, as fraldas, os choros, as zoeiras, as noites mal dormidas, as preocupações, as risadas, as pizzas de domingo, quero ter uma casa legal, quero ter o Reef no quintal e correndo pela casa, me acordando cedo todas as manhãs como faz hoje, querendo brincar e passear.

Só quem tem cachorro sabe que ele se torna membro da família. Não sou como um certo ex-ministro que disse que sua cadela era “uma pessoa como outra qualquer”. Cachorro é cachorro e gente é gente, e os desiguais devem ser tratados de modo diferente. Mas cachorro vira uma espécie de filho e o dono fica, invariavelmente, ridículo, bobo, babão. Eu incluso, claro. Cachorro destrói coisas, enche a casa de pelos, dá trabalho e despesa. Quando você percebe, ele fez você mudar a sua forma de enxergar muitas coisas.

No filme, John diz sobre Marley, que o cão o ensinou a ser mais simples, ingênuo e verdadeiro. Que basta dar seu coração a um cachorro e ele fará o mesmo por você. Cães amam seus donos incondicionalmente. E de quantas pessoas você pode dizer isso? Quantas pessoas te tornam melhor?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Utilidade pública: dias não úteis

Foto: Stephanie Di Natale

Como escreveu Zuenir Ventura, 2009 é mal falado a priori. Antes do ano começar, já estavam dizendo que ele seria ruim. Tudo intriga de 2008.

2009 será um ano bom. Ele começou meio devagar, só no dia 5, segunda-feira. Sim, porque a sexta, 2, foi um dia mais enforcado do que inconfidente mineiro.

E este ano será pródigo em feriados. Serão 14 em dias úteis, sendo oito segundas ou sextas-feiras e seis terças ou quintas-feiras. Somando todos os sábados e domingos, feriados e dias enforcados, o número pode chegar a 124 dias de folga. E juntando os 30 dias de férias, você terá 154 dias inteiramente dedicados a il dolce far niente.

Confira os feriados (a base é o Rio de Janeiro. Logo, existem variações para outras cidades):

01/01 – quinta – Confraternização universal
20/01 – terça – São Sebastião
23/02 – segunda - Carnaval
24/02 – terça – Carnaval
(alguns sortudos ainda faturam a Quarta-feira de Cinzas para curar a ressaca)
10/04 – sexta - Paixão de Cristo
21/04 – terça – Tiradentes
23/04 – quinta – São Jorge
01/05 – sexta – Dia do Trabalho (mas não se trabalha)
11/06 – quinta – Corpus Christi (recomendo emendar com a sexta, Dia dos Namorados)
07/09 – segunda – Independência do Brasil
12/10 – segunda – Nossa Senhora Aparecida (as crianças não são a razão do feriado)
02/11 – sexta – Finados
20/11 – sexta – Consciência Negra
25/12 – sexta – Natal

A ovelha negra deste ano é a Proclamação da República, 15 de novembro, que, só de sacanagem, resolveu cair num domingo. Feriado de paulista.

Como pode ser ruim um ano com tantos feriados úteis?

domingo, 4 de janeiro de 2009

Sir Macca

Foto de Divulgação. Fonte: seatwave.com
Creio não ser possível compreender o século XX sem entender o Rock’n’Roll como fenômeno musical e, principalmente, social. (Recomendo, inclusive, a leitura de “Rock and Roll – Uma História Social”, de Paul Friedlander, Editora Record, 2003). E não é possível entender o Rock sem conhecer os Beatles.

Preciso dizer que os Beatles, embora sejam, de longe, a banda mais influente da história, não são a minha favorita. Eu prefiro os Rolling Stones. E se o Rock fosse uma só pessoa, para mim, ele seria Keith Richards. Mas isso é mera questão de gosto.

Eu estava zapeando e parei na transmissão do EMA (English Music Awards) pela MTV, direto de Liverpool. E então Bono, do U2, foi ao palco para entregar o prêmio Ultimate Legend.

Bono, em seu longo discurso, rasgou a maior seda para Paul McCartney, o premiado. É preciso dizer que também Paul não é meu Beatle favorito. Eu preferia John. Mas Bono deu a real dimensão aos fatos.

Disse Bono: “Ser convidado a vir a Liverpool entregar um prêmio para Paul McCartney é como perguntar a um padre católico se ele não se importa em ir a Roma, entregar um prêmio a São Pedro”. (...) “Para quem, como eu, vive do Rock’n’Roll, este homem inventou o meu trabalho” (...) “Vocês o chamam de Sir, mas eu o chamo de Lord” (...) “Eu e todos os outros artistas que estamos aqui cremos e tememos que daqui a 200, 300 anos, estejamos esquecidos. Mas uma pessoa que está aqui esta noite pode ter a certeza de que suas canções entraram para a História e serão ouvidas para sempre. Ele é como Beethoven. Ele é Sir Paul McCartney”.

Bono acertou. Em muito menos tempo, os artistas bem-sucedidos de hoje terão virado pó. Mas os Beatles são eternos.

Sem muito mais a dizer, Paul agradeceu o prêmio, o discurso de Bono, aos fãs, a seus pais que o fizeram nascer em Liverpool, e a George, Ringo e John, porque sem eles...

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Entrou água...

Eis a chamada, na página inicial do jornal O Dia Online

“EMBARCAÇÃO VETADA
Viviane Araújo não conseguiu passar a virada com namorado

Clicando, eis a matéria:

“Quinta-feira, 1 Janeiro, 2009
Viviane Araújo passa virada sem namorado
Viviane Araújo não passou o Réveillon como queria. A morenaça não conseguiu embarcar para os Emirados Árabes, onde passaria a virada do ano com o namorado, o jogador de futebol Radamés. "Eu não sabia que precisa de um mês de intervalo entre uma ida de outra", contou a morena, que chegou de lá há apenas 15 dias. Terça-feira, ela foi sambar na quadra do Salgueiro.
Postado por: Babado às 14:37”


Ou seja, entrou água no barco, quero dizer, no Reveillon da Viviane.

Mas eu acho mesmo que entrou água no cérebro do jornalista que confundiu “embarcação” com “embarque”.

Deve ter sido a ressaca.

O Dia

Grafite em muro de Botafogo, Rio de Janeiro. Foto: Leandro Wirz

O primeiro dia de cada ano é chamado Dia da Confraternização Universal ou Dia da Paz Mundial. Mas não é bem assim, como demonstram americanos e iraquianos, paquistaneses e indianos, israelenses e palestinos.

O primeiro dia do ano é, na verdade, o Dia do Bode.

Com uma preguiça da porra, você largadão no sofá ainda de barriga cheia, azia queimando o estômago, a cabeça latejando por conta da ressaca e você amaldiçoando aquela sidra vagabunda ou aquele prosecco safado que você bebeu.

As ruas desertas, silenciosas, e nas casas, o enterro dos ossos. As rebarbas da orgia gastronômica: peru, lombo e rabanada.

E ele, ali, no meio da sala, o Bode.

Te encarando.

O que você vai fazer com os próximos trezentos e sessenta e cinco dias da sua vida?

Amor e fogos de artifício

Reveillon em Copacabana. Foto: Marco Antônio Teixeira - O Globo

Já celebrei o Reveillon de diversas formas, de mega eventos a festinhas íntimas, de sóbrio a bêbado, de com alguns amigos a com um bando de gente, de beijando muito na boca a beijando garrafas, de me divertindo pra caramba a sentindo falta de alguém.

Neste ano, fui com minha mulher e um grupo de bons amigos à Praia de Copacabana. Não foi a primeira vez, provavelmente não será a última. Lá, me encanta a surpreendente paz, considerando que praticamente dois milhões de pessoas convivem com pouquíssimos incidentes. Há uma energia especial no Reveillon de Copa.

E na areia, junto ao mar, o que a gente vê é amor e fogos de artifício.

De certa forma, a poesia que há nisso é o que eu tenho buscado a minha vida inteira: amor e fogos de artifício.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Pra começar...

Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro. Foto: Leandro Wirz
"... recria tua vida,
sempre, sempre.
Remove pedras e
planta roseiras e
faz doces.
Recomeça."
Cora Coralina