sábado, 24 de janeiro de 2009

Força Jovem


Enquanto Obama tomava posse, eu estava na praia tomando um “mé”, como diria o saudoso humorista Mussum, o mais engraçado de Os Trapalhões.

Mas antes de mudar de assunto...

Sou um apaixonado pelas letras, pela arte e pela ciência da oratória, pelo emprego das palavras com beleza, graça e precisão cirúrgica. Então, quero registrar minha admiração por Jon Favreau, o ghost-writer de Obama, de apenas 27 anos, chamado pelos íntimos de Favs.

Favreau é o mais jovem redator de discursos a trabalhar na Casa Branca. E alguns trechos dos discursos que produziu são antológicos. Vale lembrar que ele chegou a receber críticas dos adversários incomodados, pela suposta vacuidade e excessiva beleza de seus discursos. "Meu rival faz discursos. Eu ofereço soluções", costumava dizer Hillary Clinton quando competia com Obama nas primárias.

A seguir, trecho de matéria de Francisco Peregil, correspondente do jornal espanhol El Pais em Washington:

“A história de Favreau como grande escritor começou em um verão quatro anos atrás em Boston, quando tinha só 23 anos e trabalhava para o candidato democrata à presidência, John Kerry. Favreau viu atrás do palco da convenção um senador ensaiando seu discurso e não hesitou em aconselhar que ele suprimisse uma frase porque parecia redundante. O senador era Barack Obama. E o discurso que ensaiava era uma peça brilhante que marcaria um antes e um depois na política americana. Mas Favreau se atreveu a fazer aquela sugestão.

"Obama me olhou um pouco confuso, como que dizendo 'Quem é esse garoto?'", declarou Favreau a vários veículos da mídia. No ano seguinte Favreau ficou desempregado e pediu uma entrevista com Obama para trabalhar como redator de discursos do senador. Depois de meia hora conversando sobre a família e o beisebol, Obama lhe perguntou qual era sua teoria sobre os discursos. E Favreau, que acabara de se formar em ciências políticas na Universidade Holy Cross de Worcester (Massachusetts), disse: "Um discurso pode ampliar o círculo de pessoas a quem essa coisa interessa. É como dizer à pessoa que sofreu: 'Eu a escuto. Mesmo que você esteja decepcionado e cínico em relação à política do passado, porque tem boas razões para se sentir assim, podemos ir na direção correta. Me dê apenas uma oportunidade'".

Aos jovens, uma oportunidade.

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