sábado, 27 de fevereiro de 2010

Devassidão gelada

A cervejaria Devassa contratou a socialite-faz-nada-só-gosta-de-aparecer Paris Hilton como garota propaganda. Os executivos da companhia traduziram “devassa” como “hot” e ela topou. Just for fun, presumo, porque de grana ela não precisa. Se por um lado a escolha é acertada em função da reputação da moça, regada a baladas jet-set, bagaceiras e vídeos pornôs amadores que vazaram na web, por outro lado, ela não é o estilo brasileiro e, internacionalmente, há quem diga que ela é notícia de ontem.


Mas a campanha está fazendo barulhinho bom. No Carnaval carioca, muita gente se incomodou com a presença da loura-magricela-desbundada-desocupada (vale dizer que se eu tivesse a grana que ela tem – com papai sendo dono da rede de hotéis Hilton – eu também seria um desocupado).

O filme foi ao ar e o Conselho Nacional de Autorregulamentação publicitária recebeu queixas e abriu três processos, porque supostamente o filme estimula o consumo excessivo de álcool e denigre a imagem da mulher. É porque no item 3, relativo ao Princípio da Responsabilidade Social, do Anexo A, sobre bebidas alcoólicas, o Código registra: “eventuais apelos à sensualidade não constituirão o principal conteúdo da mensagem; modelos publicitários jamais serão tratados como objeto sexual;”

O filme é bem realizado (embora a cena da praia embasbacada seja over), bonito, tem ótima trilha sonora, Paris Hilton está sensual e, quanto ao aspecto moral, julgue você mesmo. Por mim, o filme fica no ar, sem problema algum. Aliás, a polêmica só o beneficia.

Eu acho que toda mulher tem que saber como e quando ser bem devassa. Homens também.

No mais, a Devassa é como a Paris. Nem é tão gostosa assim, mas daria para encarar numa boa. Se eu fosse solteiro.




Ps.: Em 1/3, a Schin/Devassa anunciou a retirada do ar deste filme, embora tenha afirmado que o filme não é ofensivo ao Código do Conar. E você, o que acha?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Vernissage

Eu estava sem fazer nada de meia-noite às seis e resolvi criar mais um blog, o Galeria Wirz, dedicado exclusivamente a fotos. Quem me conhece, sabe que eu me amarro em andar por aí com uma câmera a tiracolo e o olhar atento.

Sou amador. Olho, enquadro e clico. Modo automático. Raramente dou uma editada no Photoshop.

Minha mãe, super suspeita, elogia sempre. Sabe como é mãe, né?

Eu poderia usar o Flickr, ou o Picasa ou whatever. Mas achei mais prático esse blogspot, onde já edito este mar de coisa e o blog de poemas que leva o meu nome.

Então, é isso, sirva-se uma taça de prosecco, e venha. A Galeria está de portas abertas para você  em http://www.galeriawirz.blogspot.com/

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Grande Grando


Conheci o Fabio Grando por meio de alunos que se tornaram meus amigos, especialmente o Leo e o Nandi. Fabio não foi meu aluno. Ele era estudante de jornalismo e eu, professor do curso de publicidade e propaganda no Uniceub, uma universidade particular em Brasília. Mas Fabio assistiu a umas aulas minhas, e, em função dos amigos em comum, estivemos juntos em algumas ocasiões divertidas.

Em 2006, Fábio mergulhou de ponta numa piscina e bateu com a cabeça no fundo. Um acidente similar ao que o escritor Marcelo Rubens Paiva descreve logo no início de seu romance autobiográfico, “Feliz Ano Velho”.

Fabio fraturou a quinta vértebra na altura do pescoço e ficou tetraplégico aos 22 anos. Desde então, com cirurgia, fisioterapia, disciplina e muito esforço, ele conseguiu recuperar os movimentos dos braços, mas não os das mãos e os das pernas.

Mesmo depois do acidente, após meses de internação, ele voltou para a faculdade e concluiu o curso.

Recentemente, Fábio iniciou uma campanha – “Bora, Fabito!”- para arrecadar recursos para pagar um tratamento mínimo de seis meses nos Estados Unidos, no Project Walk, um centro para recuperação de lesões da medula. Ele precisa juntar US$ 55 mil. Para isso, além dos pedidos, tem promovido, com a ajuda dos amigos, eventos, rifas e o que mais puder refletir em recursos para o tratamento.

Está tudo melhor dito no blog do Fabio http://www.fabiogrando.blogspot.com/

Mas tomei a liberdade de transcrever um trecho do post “Minha História”, que ele publicou no blog em 18.01.2010.

“Aprendi a conviver com as minhas limitações e a aceitar o que me aconteceu. Porém, apesar de aceitar o meu acidente e as consequências dele, eu jamais irei me conformar com o ocorrido. Passo os dias a procura de algum tratamento, de uma nova forma de fisioterapia, de qualquer coisa que possa me ajudar a melhorar, nem que seja um pouco.

Algumas pessoas se assustam quando me escutam dizer que o que me incomoda não é o fato de estar em uma cadeira de rodas, com isso consigo conviver facilmente. O que incomoda é o fato de não poder mexer as mãos, o que me torna uma pessoa completamente dependente. Sem poder sequer buscar um copo d’água ou sair da cama para a cadeira sozinho.

É por esse entre outros motivos, que jamais vou desistir de buscar a minha recuperação. E por isso peço a ajuda de vocês para que eu possa realizar um sonho, de ir até San Diego nos Estados Unidos e ter a chance de participar do Project Walk. Voltarei andando? Não sei, mas quero ter a chance de ver e aprender no que eu ainda posso evoluir.

(...)

Se não for pra voltar a andar, que pelo menos eu consiga me tornar uma pessoa independente. Eu jamais deixarei de acreditar.”

Se você quiser fazer algo pelo Fábio, eis os dados da conta:

Banco do Brasil
Ag: 3596-3
Cc: 9411-0
Titular: Fábio H. F. Grando

Um pequeno gasto pode ser um grande gesto.

Obrigado.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Fatalmente, a verdade


Nas recentes sessões domésticas de pipoca e coca-cola, assisti à comédia romântica “A verdade nua e crua” (“The ugly truth”), com Gerard Butler e Katherine Heigl, e ao drama “Fatal” (o título original, “Elegy”, é bem melhor), com Ben Kingsley e Penelope Cruz.


O que eles têm em comum? Ambos são de 2009 e são filmes sobre homens. Sim, homens do gênero masculino. Guardadas as devidas proporções - sem malícia, por favor, não estamos falando de tamanho – qualitativas: o primeiro é fraquinho e o segundo é excelente.

Em “A verdade nua e crua”, Butler tem um programa de TV em que dá opiniões e conselhos amorosos bem, digamos, realistas e grosseiros. Mas, lamento desapontá-las, meninas sensíveis, muito verdadeiros sobre como um homem pensa. Ele também se propõe a orientar sua produtora sobre como seduzir o vizinho. Previsível? É.

O filme desanda quando fica doce e toda a ótima canalhice filosófica do sujeito é justificada pelos muitos amores frustrados do passado que fizeram o coitadinho apenas se proteger sob a couraça de durão.

Eu tinha interesse em assisti-lo porque muitas vezes fui bom ouvinte e conselheiro, procurando traduzir para elas o funcionamento simples de uma mente tipicamente masculina. Algumas amigas chegaram a confundir as coisas e separaram sexo de amizade. Um homem nunca recusa transar com uma amiga. Pode não tocar no assunto, mas se ela quiser sexo sem compromisso... É a verdade nua e crua.

Já “Fatal” é sobre um charmoso professor universitário que tem ojeriza a compromisso e a prisão do casamento. Leva a vida se divertindo com sexo casual, inclusive com suas alunas. (Na verdade, estrategicamente, ele prefere as ex-alunas). No entanto, incomoda-se com a velhice chegando. Sente que se torna fisicamente menos atraente sem que a libido passe por proporcional declínio. Tudo vai bem até, claro, ele pirar com a Penelope Cruz.

Contando assim, parece um clichê, mas, acredite, o filme é muito mais que isso. Aborda com muita propriedade questões ligadas a sexo, moral, casamento, liberdade, ciúme, traição, compromisso, maturidade, envelhecimento e um longo etc.

Como credencial, é inspirado no romance “O animal agonizante” (“The dying animal”), de Philip Roth, um dos melhores autores americanos contemporâneos.

“A verdade nua e crua” é bom para umas risadas. Já “Fatal” dá o que pensar.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Tacada de mané



O golfista Tiger Woods é o esportista mais rico do mundo na atualidade e tinha uma imagem irretocável de bom moço. Até que sua mulher, a ex-modelo sueca Elin Nordegren, descobriu, pelo celular, que ele tinha uma amante. E, ato contínuo, começaram a pipocar amantes como se todas as bolas que ele encaçapou pelos campos de golfe estivessem sendo regurgitadas pelos buracos. A conta chegou a treze amantes e todas elas achavam que eram a única. A única número dois, quero dizer.

Mais que amante, Tiger Woods é um amador. Na minha terra, diriam que é um mané. Manézão. Foi pego. E agora está tentando conter a fúria da patroa, não perder uma fortuna com o divórcio, não ver cancelados os milionários contratos de patrocínio, juntar os cacos da boa imagem e voltar a jogar golfe no futuro.

Para isso, se internou durante 45 dias numa clínica para viciados em sexo (deve ser divertido lá dentro...) e convocou nesta semana um monte de jornalistas e cinegrafistas para chorar em público, expiar sua culpa, pedir perdão,dizer que vai voltar a seguir a doutrina budista, calçar novamente as sandálias da humildade, blá, blá, blá...

Ok, ok. Tiger Woods é um cara que foi pego mandando bolas fora e está tentando consertar as coisas. Ok, beleza, legítimo. Recomendável até. Mas por que isso tudo tomou dimensões tão grandes? Por que isso precisa ser tão público?

E por que um cara precisa se internar numa clínica e quase se auto-flagelar diante das câmeras só porque traiu a mulher?! Homens traem suas mulheres e mulheres traem seus homens diariamente, rotineiramente, no mundo todo, há milhares de anos. Essa é uma história banal de adultério, mas está parecendo que o sujeito cometeu algum crime hediondo.

Não estou defendendo a pulada de cerca, só acho babaca e hipócrita esse circo midiático. E um equívoco o sujeito vir a público dizer “o que fiz é inaceitável. E eu sou o único culpado.” Menos, né?

Infidelidade dói? Claro que dói. Mas isso é um problema do Tigrão com a dona Elin, questão de foro íntimo. Ninguém tem nada com isso. Roupa suja se lava em casa. E, lavando, tá nova.

Tiger, jogue golfe. Suas outras tacadas só interessam a você e a sua família. Ah, e as suas amantes. Treze, né? Porra, que disposição... Um campo oficial de golfe tem dezoito buracos...


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Cinzas

Mulatas quentes, louras geladas

Enciumada, ao vê-lo absolutamente embevecido com o rebolado mágico da passista mulata de biquíni enfiado no bumbum magnífico, ela o cutucou.

- Ué, mas você não vive dizendo que gosta mesmo é de louras?

Didático e deselegante, como a pergunta requeria, ele retrucou:

- Não é porque eu prefiro Brahma, que não bebo Skol. Prefiro a que estiver mais gelada.

A chapa ficou quente.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Legumes e verduras baratos

Quando eu tinha 18 anos, a gente não beijava 18 bocas numa mesma noite. A gente se esforçava pra beijar uma e se empenhava mais ainda para levar aquela uma pra cama. Com engenho, arte e alguma sorte, às vezes, rolava.

Quando eu tinha 18, o carnaval de rua no Rio de Janeiro estava derrubado. O Bola Preta, a Banda de Ipanema, o Simpatia e o Suvaco não arrastavam as multidões de hoje. Era a época dos bailes baixaria tipo Vermelho e Preto e Baile do Havaí e havia o carnaval nos clubes - Monte Líbano, Sírio Libanês, América, Municipal. Depois teve a fase dos bailes no Scala. A gente via as fotos da mulherada nas revistas Manchete e Fatos & Fotos e babava.

Quando eu tinha 18, a gente ia pular carnaval no Campestre, em Araruama, no Iúcas, em Teresópolis, e no Country, em Friburgo. Era onde a molecada bebia cerveja, cheirava aquela porcaria de lança-perfume e tentava conseguir o nobre objetivo descrito no primeiro parágrafo.

Deixo claro que não se trata de uma nostalgia chatíssima na linha “no meu tempo era melhor...”. Era bem ruim também. A diferença é que eu tinha 18 anos, explodia em hormônios e tinha quase nenhum senso crítico.

Talvez hoje eu não goste de carnaval justamente porque não sou solteiro e não tenho mais 18. Se ainda tivesse, talvez eu conseguisse entender porque o cara coloca um colar de flores tipo havaiano, pega uma lata de cerveja em uma das mãos, levanta o indicador da outra e sai saracoteando sob um sol de rachar, tomado de uma euforia súbita e inexplicável, enquanto cata 18 bocas para beijar e um muro para se aliviar.

No fim das contas, essa é uma variante musicalmente deteriorada do trinômio sexo, drogas e rock’n’roll, que só muda um pouco de geração para geração. No caso, é sexo, álcool e samba.

É fato que envelheci. Conforme a gente envelhece, vai caindo para a xepa da feira sexual. Mesmo assim, eu não queria voltar a ter 18 e estar em um bloco correndo atrás daquele nobre objetivo.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Corpo inteiro

Carnaval 2010. Foto: Andrea Doti.


Não sei nada e nem vou pesquisar sobre a Igreja Metodista, mas aprecio seus métodos. Pelo menos, os publicitários.

(Digressões: publicidade é persuasão – aliás, todo texto é. Será também catequese? Igrejas costumam ser boas em convencimento, mas isso significa que são boas em propaganda?)

Eis que a Igreja Metodista colocou esta faixa (seria um tanto libidinosa?) em sua sede no bairro carioca do Jardim Botânico, por onde desfila o bloco carnavalesco Suvaco do Cristo. O bloco tem esse nome porque nasceu e se criou no bairro, que fica junto ao morro do Corcovado, mais precisamente sob o braço direito da estátua do Cristo Redentor.

Bela sacada. Que me fez lembrar de uma imagem que circulou pela Internet no ano passado. Era a de uma pequena igreja americana que estampou em frente ao templo: “Porque o Google não tem todas as respostas”. Ótima também.

(Digressão: o Google é o oráculo pós-moderno. Google is good. Google is God? )

Quase me convenceu, mas eu fujo de igrejas tanto quanto de blocos.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Domingo de índio


Hoje, peguei a bike cedinho e pedalei rumo à praia. Logo, dei de cara com um bando de marmanjos vestidos de pantera cor de rosa. Como já estavam entornando latinhas de cerveja, em breve mijariam em mais postes do que o meu cachorro. Metros adiante, uma galerinha pintada de azul. Avatares e não Smurffs. Mas poderiam ser todos índios, considerando o ridículo da fantasia e a natureza do programa matutino sob um sol de rachar.


Estavam todos indo para o Suvaco do Cristo. Que, em função do calor, deveria estar encharcado do Seu suor sagrado e, portanto, bastante desagradável.

Falta uma semana para o carnaval no calendário, mas, na prática, ele já começou. Rio, Salvador, Olinda, Ouro Preto estão entre as cidades que ficam reféns da folia. Para circular, só no sentido anti-blocos (ou trios).

A praia estava perfeita, ainda vazia, com um mar gentil: calmo, limpo e gelado. Por volta das 11h, antes que a praia virasse o costumeiro inferno dos domingos de verão, montei na magrela e voltei para o seio do ar-condicionado.

No caminho, vi muitos fiéis saindo da igreja, a missa estava cheia. Bem, talvez haja coisas piores para se fazer num domingo de extremo calor.

Qual a sua escolha, a comunhão ou a festa pagã?

Considere votar nulo.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Amo muito tudo isso

A vida como ela deveria ser.
Hedonismo puro.


Labuta ralação

Precisamente há 26 anos, assinaram a minha carteira e, eu moleque de 15, comecei a trabalhar.
Gosto muito do que faço. Hoje, mais do que nunca.
E preciso do dinheiro.
Dinheiro compra liberdade.
Dinheiro compra felicidade (ou imitações excelentes).
Mas não se trata de estar empregado (claro que é bom estar).
Continuo sem acreditar que o trabalho dignifica o homem.
E muito menos que o significa.



ps.: pra vc, que é bom entendedor(a), ficou claro porque estive tantos dias afastado do blog, né?