sábado, 13 de junho de 2009

Sem causa

No ano passado, assisti a um evento no qual o compositor, sambista e escritor Nei Lopes, um dos alicerces da militância da causa dos negros no Brasil, defendeu a arte engajada como a única que fazia sentido.

Embora admire a estatura intelectual de Nei Lopes e sua luta aguerrida pela igualdade racial, discordo de que a arte necessite estar a serviço do engajamento político, seja qual for. A arte é livre e justifica-se em si. O belo não precisa de causa. Arte não é manifesto. É incômodo. É sentimento. É construção. É ressignificação. E pode ou não estar atrelada a alguma causa.

Eu prefiro ir mais na linha de Oscar Wilde: “Toda arte é completamente inútil”.

Esse comprido nariz de cera do texto é porque na revista Veja da semana passada, há a seguinte declaração da cantora e compositora Rita Lee: “Acho um saco o artista carregar sua plataforma política por onde vai. Aliás, existe alguém mais chato do que o Bono Vox?”

Sim, claro que sim. A Rita Lee. Mesmo sem plataforma.

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