“CRISE. VOCÊ PREFERE COM OU SEM AÇÚCAR?
Nós já enfrentamos e sobrevivemos a muitas crises. Talvez já tenhamos perdido as contas sobre o número e a origem delas. Mas as malditas já nos surpreenderam diversas vezes enquanto assobiávamos distraídos virando alguma dessas esquinas da vida. Algumas, foram provocadas pelo petróleo, outras pela Rússia ou pela China, a maioria, gerada internamente, já que em matéria de crise, o Brasil sempre foi auto-suficiente. A tal ponto que, se não chegamos a ser fraternos amigos – nós e a crise – também não podemos negar que tenhamos nos tornado íntimos conhecidos.
Nenhuma crise é igual à outra. Essa que chegou com toda força agora, certamente é a mais diferente de todas. Porque o Brasil não tem um pingo de responsabilidade sobre o que está ocorrendo e porque o Brasil está no seu melhor momento economicamente falando. O Brasil nunca esteve tão em dia com as suas obrigações, o dever de casa feito, com um mercado interno tão forte, com empresas tão sólidas, modernas e competitivas e com suas instituições tão garantidas para encará-las.
Mas isso não nos exime das conseqüências da crise. Que, por sinal, é também uma das mais potentes e destruidoras das que se tem notícia em quase um século. Ela já está sendo dura e será ainda mais devastadora, não precisamos ser profetas para prevê-lo. Então, o que nos resta fazer?
O óbvio é termos medo, nos encasularmos, rezarmos para diferentes deuses, de diferentes religiões, ficarmos imóveis acreditando que qualquer mínimo movimento pode ser fatal para ela nos alcançar e, assim, esperarmos até que ela passe.
Demitir, cortar os investimentos, reduzir a produção, suspender novos projetos, reprimir os movimentos de inovação, não acreditar num retorno inesperado da demanda, também são boas e óbvias idéias. Talvez, algumas tenham mesmo que ser feitas, quem sabe?
Mas também há o inóbvio, por mais que, obviamente, a palavra inóbvio não exista. E não existe por quê? Porque ninguém a disse antes, vai saber.
E é aí que reside o intuito deste nosso anúncio: apelar para os que acreditam que o inóbvio existe. Não só existe, como pode ser feito nesse exato momento onde o óbvio é o que todos pensam, todos fazem, todos professam e todos aconselham.
O intuito deste anúncio é, humildemente, tentar criar uma minúscula fagulha de otimismo, de esperança – nossa velha, desgastada, mas essa sim, querida amiga em todos os nossos célebres momentos de crise - para que ela se dissemine, se instale na nossa cabeça, nas nossas empresas, na nossa sociedade, mesmo lutando contra esse poderoso inimigo, que tão mais facilmente gosta de se instalar nesse mesmos lugares ao menor sinal de que o pior pode acontecer.
O intuito deste anúncio é demonstrar que um marketing original é a mais poderosa fonte de energia, capaz de gerar as transformações que uma empresa precisa nom momento de crise.
Nós acreditamos piamente nisso.
Esse é o nosso óbvio.
Acreditamos que se esse não é o momento de inovar, que outro seria? Acreditamos que se esse não é o momento de ser e parecer diferentes dos seus concorrentes, que outro haverá de ser?
Acreditamos que se não for essa a hora de falar, enquanto muitos se calam de medo, que outra hora estará à nossa disposição para fazê-lo?
Uma grande idéia, única, diferente de todo o óbvio, sempre foi e sempre será o detonador mais valioso – e menos oneroso – para se mudar a história, o humor, a fé, a determinação e o otimismo interno de uma empresa.
É isso que nós defendemos para os nossos clientes e que queremos externar para o Brasil inteiro hoje. Porque tivemos a presunção de que se nós pensamos assim, talvez você, talvez mais gente por aí também pense do mesmo jeito. E nós adoraríamos poder contar com mais gente, mais empresários, mais cidadãos para ajudar a contrariar o óbvio, a não aceitar passivamente em todas as suas piores conseqüências o medo, pelo medo.
Crises nós já enfrentamos e, queiramos ou não, ainda enfrentaremos essa um bom tempo e outras por muitas vezes.
O que deve nos mover é a visão de como nós queremos ser percebidos assim que mais uma vez nós sairmos dela.
De pé, ou de cócoras.
Na crise, já disseram muitos, é que se separam os homens dos meninos. Ou seja, crise, pode ser café pequeno para os homens.
Nós gostamos com açúcar.
F/NAZCA SAATCHI & SAATCHI
Nós amamos boa propaganda.”
A agência de publicidade F/Nazca publicou este anúncio all type de página inteira no jornal O Globo – e, certamente, em outros – em 12 de outubro de 2008.
Para você que é publicitário, ou estudante de, ou simplesmente é curioso, o que há de óbvio e de “inóbvio” nesse anúncio?
Que ferramentas (ou truques) de persuasão você encontra na construção deste texto?
Como ex-professor de Linguagem Publicitária (saudade, turmas!), não resisti à brincadeira de transformar esta postagem em uma pequena sala de aula/debate/questão de prova.
Espero que tenha alguém aí, desse lado.
Ei, você! Comente! Mesmo que seja só para dizer gostei ou não gostei.
Vale nota.