crônicas / cotidiano / ficção / humor /comportamento / ética / cultura pop / música / cinema / teatro / artes / poesia / literatura / viagens / fotografia / marketing / publicidade / comunicação / consumo / moda / futebol / política / e outras ondas
O vôo de Atlanta para Nova York decolou com quarenta minutos de atraso. Ao pousar no aeroporto JFK, ficamos cinqüenta minutos retidos dentro da aeronave, porque ocorreu um problema no elevador do finger que permitiria nossa saída. Para piorar, ao nosso lado estava um bebê de dez meses com enorme disposição para se esgoelar em um choro estridente. É por essas e outras que eu gosto mesmo das crianças japonesas, que estão do outro lado do mundo e dormindo, enquanto eu estou acordado.
Em vôos internos nos EUA sai mais barato viajar com duas malas do que com uma só, pesadona. A tarifa por mala é menor do que se você for taxado por excesso de peso na bagagem. Eu e T carregávamos, cada um, duas malas e uma mochila (já havíamos ido às compras), e subestimamos a capacidade de carga do Ford Crown Victoria, o sedã que compõe a maioria da frota de táxis nova-iorquina. Metrô, na hora do rush e carregados como estávamos, não era opção viável.
Fizemos reserva então em um serviço de traslado numa van para o hotel. Supershuttle, o nome da empresa. A van chegou vinte e cinco minutos depois do desembarque e ficou rodando pelo aeroporto até completar a lotação de onze passageiros. Chegou a estar na boca de saída do aeroporto, recebeu um bip e voltou para buscar mais gente. Nessa brincadeira, chegamos ao hotel próximo à Times Square mais de duas horas depois de termos desembarcado. Perda de tempo preciosa, ainda mais em Nova York. A essa altura do campeonato, vocês vão me perdoar o trocadilho, mas esse serviço é, na verdade, supershittle.
Na recepção, um só funcionário atendendo, e inexplicavelmente uma fila de umas oito pessoas à minha frente. Mais uns vinte minutos perdidos só para fazer o check-in. O número do quarto, 911, é o mesmo do telefone para emergências. Mau sinal?
Deixamos as malas no quarto rapidamente e descemos para jantar. Quando pusemos os pés na rua, uma ventania fortíssima varria Manhattan e os trovões anunciavam a tempestade iminente.
Andamos menos de uma quadra e o temporal desabou. Decidimos entrar no primeiro restaurante à nossa frente. Estávamos cansados, famintos e não queríamos somar ensopados a essa lista de desconfortos.
A primeira porta foi o T.G.I. Friday’s. Eu tinha uma boa recordação do restaurante da rede no Píer 21, em Brasília.
Quando subia as escadas praguejando contra o péssimo serviço da empresa de transporte (metade dos passageiros não deu gorjeta ao motorista), minha mulher tropeçou, caiu e machucou a canela. Mas levantou cheia de classe e charme e ninguém notou o mico.
T. pediu uma salada e eu, Chicken Fingers, com molho honey mostard. Deixei pela metade. As batatas fritas estavam queimadas e o frango tinha um terrível gosto de congelado. Isto é, não tinha gosto de nada. E a conta foi salgada. Come-se muito melhor por muito menos.
Ao sair do restaurante, a chuva forte havia passado, Times Square fervilhava de luzes e gente e, nos dias e noites seguintes, devoramos, com gosto, a Grande Maçã.
O grande amigo H. diz que eu sou o “Homem das Coincidências”. Começo a crer que tem coisas que só acontecem comigo.
Conheci T., minha atual - e última – mulher aos 37 anos. Até aí, nada demais. A questão é que nossos pais moram na mesma rua. Moramos na mesma rua toda a adolescência. Ela passava na minha porta todo dia indo para a escola. Eu e meu cunhado tivemos amigos em comum. E eu nunca a vira antes do dia em que, morando em Brasília e passando férias no Rio, a encontrei por acaso (ou destino) num bar em Laranjeiras.
Logo no início de namoro, estava no corredor do escritório quando ouvi C.A. dizer ao telefone: “Leandro Wirz? Conheço, sim, está passando bem na minha frente agora.” Era o nobre amigo H quem estava do outro lado da linha. Ele trabalhava no Rio com T., de quem é o melhor amigo. E H. é irmão de C.A., que trabalhava comigo em Brasília.
Eu já me envolvi com três mulheres chamadas Aline. Não é um nome tão comum assim. Isso sem contar duas amigas Aline sendo que, uma delas, vejam só, tem o mesmo nome e sobrenome da minha primeira esposa. Se você se chamar Aline e estiver lendo este texto, isso é uma coincidência!
No começo da década de 90, no Rio, eu tive um Gurgel, tipo jipinho, placa 8582. Em 2002, em Brasília, comprei um carro na concessionária Fiat e quando fui buscá-lo depois do emplacamento, os números eram 8582.
No verão passado, estava na praia de Ipanema e H. (que coincidência, sempre ele!) me apontou um sujeito a três metros de distância com uma tattoo idêntica a uma das minhas. E posso lhes assegurar que o desenho não é nada vulgar. É um trabalho de um bem conceituado artista que se divide entre Tóquio e Sampa, do qual eu havia visto uma foto.
Outro dia, saí de casa rumo ao Centro e à minha frente no Aterro do Flamengo, estava um MP Lafer marrom conversível, com estofado em couro branco, dirigido por um senhor. No final da tarde, voltando, novamente no Aterro, o mesmo carro está à minha frente outra vez.
Eu trabalhava numa empresa no Centro da cidade. Depois, fui trabalhar noutro bairro. Menos de dois meses se passaram até que A, minha mais chegada amiga de trabalho no Centro, mudou de emprego e foi para uma empresa que funciona no mesmo prédio onde estou.
Em 2004, entrevistei M.C, uma candidata a estágio em Brasília. Em 2007, quando eu estava selecionando profissionais para preencher uma vaga, agora já no Rio, quem aparece? M.C. outra vez.
Já contei aqui no blog que, num restaurante “não-turístico” de Buenos Aires, um cara entrou com uma camisa igual a que eu estava usando e não era um modelo básico e nem era de nenhuma marca globalizada.
A mais recente coincidência da lista é que eu estava visitando o Metropolitan de Nova York quando ouço C.P. me chamar. Era o dia do aniversário dela e o meu seria dali a quatro dias. Ambos comemorávamos da mesma forma. Na noite seguinte, em plena Times Square lotada, esbarrei com quem? Sim, C.P. Mais alguns dias adiante, estava no aeroporto de Atlanta – e não mais em NY - aguardando minha conexão para o Rio. E quem está lá? Sim, de novo C.P., que voltaria no mesmo voo.
Acho que o apelido que H. me deu não é mera coincidência.
Quando regressou ao Brasil, Carmem Miranda foi acusada de ter voltado americanizada. Eu não tenho nenhuma semelhança com a cantora e pretensão alguma de ser comparado à Pequena Notável, mas tomaria como lisonjeiro se dissessem que estou americanizado, europeizado ou primeiro mundizado. A razão é que lá se vive com muito mais dignidade e qualidade do que aqui. A verdade, caros patrícios, é que estamos anos-luz atrás em termos de desenvolvimento.
Não que EUA, Canadá e a nata dos países europeus sejam nações perfeitas. Claro que não. Todos têm problemas sociais, econômicos e políticos, alguns gravíssimos. Mas de maneira geral a vida rotineira dos cidadãos médios é muito mais fácil, prática e tranquila.
A impressão que tenho quando estou nos EUA é que tudo é feito para fluir, andar, desonerar, produzir. Como se estivéssemos em uma grande esteira. Nada deve emperrar o fluxo dos negócios, das pessoas, dos processos. A fila sempre anda e anda rápido. Se você estiver devagar demais, vai atrapalhar o andamento geral e você será rapidamente posto de escanteio.
Duas pequenas, mas significativas, ilustrações. Na escada rolante do aeroporto de Pittsburgh, há uma placa, avisando: se vai ficar parado, deixando-se levar no ritmo da escada, fique à direita. Se vai caminhar na escada rolante para chegar mais rápido, vá pela esquerda. Nas estradas, você leva multa se ultrapassar as 70 milhas por hora. E igualmente é multado se andar a menos de 45 mph. Simples e objetivo. Você não precisa colar na traseira do murrinha à sua frente, piscar o farol alto e gritar “vaza da esquerda, porra!”
A cultura americana é fortemente calcada no mérito. Exige-se produtividade, celeridade, qualidade. Não há muita paciência com quem não acompanha o ritmo ou não alcança os resultados. Por outro lado, há uma certa dificuldade em fazer qualquer coisa que fuja ao padrão.
Já por aqui, tudo é feito para não funcionar, para não andar, para atrasar. E daí que, para conseguir algo, você tem que ir pelo caminho do relacional. Tem que ser amigo do fulano, tem que conhecer o beltrano, dar um drible e reinterpretar a norma, ou tem que usar o famigerado “jeitinho brasileiro”. Nada tem padrão e para tudo dá-se um jeito. Mas sempre é um jeito mais ou menos de fazer as coisas. Este é o país da gambiarra.
Toda vez que eu volto de viagem, me dá uma preguiça de Brasil. Um cansaço, um saco cheio. Saudade zero. Dessa zona, desse caos, dessa sujeira. Quando você abre o jornal, quando você circula por essas ruas esburacadas, quando você tanta gente vivendo em condições indignas para um ser humano, quando você vê tanta corrupção, tanto descaso com a educação, tanto desrespeito ao cidadão, bate uma tristeza, um desânimo.
E ainda encontro o Flamengo nesse estado lamentável...
“Minhas férias”: invariavelmente, este era o tema das redações demandadas pelas professoras do primário (hoje, ensino fundamental) na volta do recesso escolar. Tia Myriam, Tia Jane, Tia Zenith e a linda Tia Raquel me fizeram essa mesma encomenda a cada semestre letivo. Devo a elas, também e em parte, o gosto que tomei por escrever.
Escrever tornou-se meu trabalho, meu hobby, meu divertimento, meu modo possível de estar no mundo.
De férias, eu sempre gostei. O único defeito que elas costumam ter é que acabam.
Viajei para dois países, os Estados Unidos e Nova York. Não, não sou ruim de geografia. É que os EUA e NYC são lugares muito, muito distintos, habitados por pessoas bastante diferentes também.
Foi minha terceira vez nos EUA e a segunda em NYC. O barato é que pela primeira vez fui a cidades que normalmente estão fora do circuito turístico mais clássico dos brasileiros nos Estados Unidos: Atlanta, na Geórgia; Charleston, na Carolina do Sul; e Pittsburgh, na Pensilvânia.
Claro que as férias renderam histórias e algumas devem gerar crônicas, em breve por aqui.
Digo "em breve", porque Tico e Teco ainda estão devagar, preguiçosos, neste dolce far niente que são as férias...
Minha mulher é Diretora de Saúde, Bem-estar & Nutrição. Eu sou o Diretor de Entretenimento & Lazer. Orgulhosamente integramos o staff do Reef, nosso cachorro. Inquestionavelmente, o mais lindo do mundo.
Quando estamos à mesa, fazendo as refeições, lá está ele largadão, confortavelmente deitado ao nosso lado, imerso em seus pensamentos mais profundos que podem ser resumidos em comida, brincadeira, carinho, sono, passeio, necessidades fisiológicas e umas cachorras popozudas.
Eu ando com uma inveja danada (mas do Bem) dele. Tudo é tão simples. Sem maiores preocupações com trabalho, produtividade ou grana, sempre com gente paparicando, e sem nenhuma grande questão filosófica a açoitar a alma.
O uso da expressão “vida de cão” como uma vida árdua, difícil, precisa ser revisto. A gente sabe disso desde o “Rock da Cachorra”, do Eduardo Dusek, nos longínquos anos 1980: “...Tem muita gente por aí que está querendo levar uma vida de cão, eu conheço um garotinho que queria ter nascido pastor alemão...”
Pelo menos a vida dos cachorros da classe média – desde que tratados como cachorros mesmo e não como humanóides ou bibelôs de madame - é um vidão mesmo. Mas nada de lacinho, sapatinho, coleira de ouro, festinha de aniversário.
Só o basicão: ração na tigela e água fresca. E um cafunézinho, que sempre cai bem. Isso e alguém que me leve para passear. Tô precisando de férias.
Estavam juntos há algum tempo, aquele tempo em que relação faz a curva para deixar de ser paixão e virar amor ou nada. Tempo em que já se conhece o suficiente a outra pessoa, mas ainda falta algo que não se sabe o que é. Tempo em que tudo começa a cair na rotina, o que não é necessariamente ruim. Exceto no sexo.
Uma em cada cinco vezes em que transavam, ela não gozava. Não chegar lá sempre não a incomodava. Era como muitas outras mulheres e contentava-se com a intimidade, com os carinhos, com a presença carinhosa do companheiro e com o fato de ser capaz de deixá-lo excitadíssimo.
Ela estava sentada sobre ele, deitado. Estava de costas, de modo que ele pudesse olhar a sua bunda enquanto ela se movimentava. Era uma de suas posições favoritas, mas naquela noite, sabe-se lá porque, ela se desconcentrou do ato e olhou mais atentamente para os pés dele.
Aquelas unhas compridas eram simplesmente inaceitáveis!
Ela desejou mais do que nunca que ele terminasse rápido. Antes que o dia amanhecesse, ela pediu que fosse embora.
Nunca disse a ele a verdadeira razão, apesar de suas insistentes ligações nas semanas seguintes. Ela sabia que as unhas dos pés dele voltariam a crescer. Sempre e sempre.
Li na BBC que um mexicano tem o nome mais comprido do país e provavelmente um dos mais exóticos do mundo: Brhadaranyakopanishadvivekachudamani Erreh Muñoz.
Não errei a digitação, não. O nome é esse mesmo.
"Brhada", como o chamam os seus amigos, é veterinário no norte do México. Ele diz que carrega seu nome de 36 letras com muito orgulho. Tanto que passou o nome para o seu filho, apenas com uma pequena variação. A mudança está no sobrenome, que foi fundido em uma palavra só: Errehmuñoz.
Tá de sacanagem, né não?
José Refúgio é o pai de Brhadaranyakopanishadvivekachudamani, o primeiro. Esse nomão todo nada mais é do que a combinação do nome de dois filósofos hindus. Seu Refúgio deve ter pensado assim: “O que é um peido para quem já está todo cagado, né?” E aí, batizou o filho.
José, nominho simples, disse que não sabia qual dos nomes dos filósofos escolher, e acabou decidindo unir os dois.
Também no México há uma mulher nascida em 1914 e registrada com mais de 30 sobrenomes. María Saldivar chama-se, oficialmente, María de la Asunción Luisa Conzaga Guadalupe Refugio Luz Loreto Salud Altagracia Cármen Matilde Josefa Ignacia Francisca Solano Vicenta Ferrer Antonia Ramona Agustina Carlota Inocencia Federica Gabriela de Dolores de los Sagrados Corazones de Jesús y de María Saldivar y Saldivar.
Ta de sacanagem, né não? Se eu fosse ela assinaria Maria Etc... Ficava até chique. Enigmático.
O cara com nome mais estranho que eu conheci, estudou comigo no colégio. Chamava-se Wintscéas. E também era Júnior. Gente boa, o Wint. Tô achando o nome dele supernormal agora.
O homem do nome dos filósofos fundidos e a dona Maria 30 nomes parecem também fruto da indecisão dos pais. Na dúvida sobre o nome, eles botam todos.
Mas o cúmulo da indecisão não são esses nomes, nem é você decidir se dá ou não. O cúmulo da indecisão está na placa que ilustra este texto. Talvez. Ou será apenas um anúncio instigante, resultado de genial estratégia, descontado o erro de português? Não sei. Não sei mais nada.
Domingo é um dia em que eu gosto de encerrar cedo o expediente. Ou seja, a partir de uma determinada hora não quero compromisso nenhum, quero só ficar largado em casa.
Daí que ontem eu preguiçosamente assisti ao Fantástico e entre tantas coisas "fantásticas" que são exibidas na revista eletrônica semanal, uma me chamou atenção.
O quadro A Liga das Mulheres, apresentado pela Renata Ceribelli, trazia o caso de uma paulistana chamada Kátia, de 27 anos, bem empregada, simpática, a quem o programa gentil e generosamente classificou como bonita. Ela queria saber porque não consegue arrumar namorado sério.
Profundamente sensibilizado com a sua história, resolvi dar uns conselhos para a moça, a partir do que o programa exibiu:
Um) eu sou muito limitado para alcançar as elevadas razões que fazem uma pessoa se expor dessa forma em rede nacional e pagar esse mico. Seja como for, nunca mais faça isso outra vez, ok? Isso afugenta as pessoas. As normais, pelo menos.
Dois) sei que não é culpa só sua, mas pare de acreditar em príncipe encantado, cara metade, metade da laranja, tampa da sua panela e baratos afins. Esse mito cinderelesco do amor romântico que nos enfiam na cabeça desde cedo é perverso e falacioso. Somos inteiros e não em partes.
Três) pelamordideus, mana, você tem 27 anos! Não há justificativa para você ter um ursinho de pelúcia e um Fofão sobre a sua cama. E também não dá para você ser entrevistada usando uma camiseta vermelha do Mickey!
Quatro) pelo mesmo motivo, jamais, jamais, jamais repita a expressão “meu coração tá dodói...”
Cinco) nunca mais justifique você usar decotes pronunciados com o argumento de que você gosta dos seus “menininhos”, referindo-se aos seus seios. Chame de seios, de peitos, de mamas, de tetas, de melões, de airbag, de comissão de frente. De qualquer coisa! Mas de “menininhos” não dá!
Seis) uma regra básica da vida é se você não sabe brincar, não desce pro Play. Então, se você quer bancar a mulher independente, sedutora e com iniciativa, é no mínimo incoerente você reclamar que, já no terceiro encontro os caras queiram te levar para o “M luminoso”. No seu dicionário próprio “M luminoso” quer dizer “motel”. Meu Deus...
Olha, moça, numa boa, assim vai ser difícil. Muito difícil.
Esta música, “Moriria por vos”, está no álbum Estrella del Mar, da Amaral, lançado em 2002.
A letra é belíssima e cheia de referências.
Nicolas Cage no filme Leaving Las Vegas é o cara que resolve deixar a cidade com um único propósito: beber até morrer. Para saber se ele consegue seu objetivo e o que acontece, alugue o filme na locadora. É excelente.
Robinson é, obviamente, o náufrago Crusoé, personagem do romance clássico de Daniel Defoe.
Dorian Gray é o dândi amoral e inescrupuloso que faz um pacto com o diabo para jamais envelhecer, na obra-prima de Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray.
Marquee Moon é o nome da canção que dá título ao álbum da banda pré-punk nova-iorquina Television, lançado em 1977, e incensado pela crítica como um dos melhores discos de estréia da história do rock.
Moriria por vos - Amaral
Como Nicolas Cage en Leaving Las Vegas Veo caer la nieve em la hierba, Un Robinson en una isla desierta Como Nicolas Cage en Leaving Las Vegas Soy el invierno contra tu primavera, Un Dorian Gray sin pasado ni pátria ni bandera Será tu voz, será el licor, Serán las luces de esta habitación Será el poder de uma canción, Pero esta noche moriria por vos Será el champagne, será el color de tus ojos verdes De ciencia ficción, La última cena para los dos Pero esta noche moriria por vos Como Nicolas Cage en Leaving Las Vegas No tengo planes más allá de esta cena, Es un mistério hacia dónde la noche nos lleva Como Nicolas Cage en Leaving Las Vegas Vamos, mi niño, a perder la cabeza Como si fuera nuestro último dia em la Tierra Será tu voz, será el licor, Serán las luces de esta habitación Será que suena Marquee Moon Pero esta noche moriria por vos Será el champagne, será el color de tus ojos verdes De ciencia ficción La última cena para los dos Pero esta noche moriria por vos
Questões mal resolvidas em relação à nossa identidade e razões capitalistas talvez expliquem nosso freqüente descaso pela música cantada em espanhol, seja por artistas d’além-mar ou por nossos vizinhos de continente. Ok, de vez em quando temos uma colombiana Shakira (que canta mais in english) e um argentino Fito Paez. Nossos pais ouviam Julio Iglesias e nossos avós, o tango de Carlos Gardel. Mas são poucos exemplos.
Um grande amigo esteve em Barcelona há cerca de 3 anos e lá caiu de amores pela La Oreja de Van Gogh (excelente nome!) e pela Amaral (banda com nome de zagueiro), da qual eu só conhecia a música que gravou com Moby, “Escapar (Slipping away)”. Esse amigo me adiantou de presente de aniversário o último – e ótimo! - disco da Amaral, “Gato Negro, Dragon Rojo” (2008) e ela se converteu, de forma arrebatadora, em minha mais recente paixão.
A Amaral é uma dupla de Zaragoza, Espanha, formada pela cantora e guitarrista Eva Amaral e pelo guitarrista Juan Aguirre, sempre com seu indefectível gorro. A dupla tem doze anos de estrada e cinco álbuns lançados. O som me remete a uma outra dupla, só que inglesa, o Everything But The Girl, especialmente em seus momentos mais calmos, como os do álbum “Acoustic”, só de regravações. A Amaral, no entanto, é mais dramática (como só os latinos são), mais pop-roqueira e menos dançante do que a EBTG.
Amor declarado, dica dada, vocês me dêem licença. Eva me chama.
A Folha de S.Paulo dedica um espaço enorme na edição de hoje à Lei Antifumo do Serra: chamada de capa, três páginas da editoria Cotidiano, e capa e a página três do caderno de cultura, a Ilustrada.
O ator Antonio Fagundes, que estréia o monólogo “Restos”, de Neil LaBute, no dia 20 em São Paulo avisou que vai desafiar a lei e acender cigarros em cena. Seu personagem é fumante inveterado que faz reflexões nostálgicas enquanto o corpo da mulher, recém falecida de câncer, é velado. Diz Fagundes:
“Vou peitar isso e fumar. Temos um problema de censura. É um precedente grave se a gente não fala nada. Fiquei surpreso que os fumantes tenham ficado quietos. O brasileiro está muito quieto para tudo. Espero que os fumantes não votem nas pessoas que aprovaram essa lei. É engraçado porque parece que o Serra é ex-fumante. Não tem coisa pior do que ex”.
Não sei se o Serra é ex-fumante ou não. Eu não sou. Sou um fumante que está sem fumar há dois anos e sete meses. Mas já avisei à minha mulher que quando eu estiver lá pelos 80 anos, chegando na prorrogação, indo para os pênaltis, eu volto, porque fumar, mesmo sendo prejudicial à saúde, é, sim, uma delícia. Para mim. Você pode pensar diferente, ok?
O que não pode é proibir ator de fumar em cena. Isso faz parte da caracterização do personagem. Proibir o ator de fumar em cena é, sem eufemismos, censura. E fumantes e não fumantes não podem se calar diante da censura.
No mais, eu discordo do Fagundes. Não tenho nada contra as minhas ex.
“O blogue desabusado publica um romance novo e promissor (ou pelo menos é o que o autor, um rematado maluco, acredita).”
Com essas palavras enviadas por email, o jornalista, professor, escritor, galã, amigo, desabusado e, claro, “rematado maluco”, Paulo Paniago convida a acompanhar o segundo romance que está escrevendo. O primeiro, “Nervo da vida”, está nas mãos da editora.
Segundo Paniago, o “blogue publica um romance em andamento, ainda sem título, escrito em capítulos sintéticos. Comentários são bem-vindos. Dos 160 capítulos previstos, a ideia é publicar cerca de 150, deixar os leitores em suspense que só será resolvido com a publicação do livro, caso ela exista.”
É, ele é um sacana. Mas, pelo menos, é sincero. Os últimos dez capítulos, baby, só comprando o livro no futuro.
Paniago me honrou ao me acusar de ser “um leitor pra lá de agudo, atento aos detalhes, aos mínimos” e estou esperando com ansiedade igualmente aguda, a publicação de cada novo capítulo. Foram quatro até agora, mais o prefácio.
Se você não entendeu o título deste post, te adianto que Paniago vive em Brasília. Para saber o porquê do barbeiro, que não é o de Sevilha, vá lá em
Gigi Amorim, from Frisco, Califórnia, postou em seu blog um comercial da Coca Cola com a observação de que era “para matar a saudade de quando eu estudava publicidade e achava tudo o máximo, lindo, inteligente, criativo e até emocionante (faz tempo...).”
Gigi, keep the faith.
É claro que nem todas as campanhas são lindas, inteligentes ou criativas, mas eu continuo apaixonado por propaganda, after all these years, e me emocionando com ela.
O filme que a Gigi postou é interessante e oportuno. Confere lá, no Some flowers in my hair.
Carol Nogueira, do delicioso Le Croissant, escreve que está lá às voltas com sua monografia do mestrado.
Mas, como jornalista e flamenguista, está acostumada a ser safa com essas questões de prazos se aproximando perigosamente do fim.
O texto dela me fez lembrar uma frase maravilhosa do colorado Luis Fernando Veríssimo que certa vez declarou que sua musa inspiradora é o prazo fatal.
Eu, que sou publicitário e flamenguista, também me sinto fortemente inspirado pelos últimos grãos na ampulheta. Adoro acelerar o ritmo no segundo tempo e jogar sob pressão.
Devemos sempre lembrar que depois da pressão, está o chopp.
Justiça censura Estadão para não falar do caso do filho de Sarney. Lula chama críticos do Bolsa Família de imbecis. Psicóloga que dizia curar gays recebe censura pública do Conselho Federal de Psicologia. Não se censura jornal, não pega bem um presidente da república ofender quem critica um programa de governo em um regime democrático e, pelamordideus, não se cura ninguém de sua orientação sexual, mesmo porque ser gay não é doença que precise de tratamento.
Na semana passada, o mundo desabou sobre a cabeça do comediante Danilo Gentili, do CQC, porque ele twittou uma piada de mau gosto e presumidamente racista. A piada era fraca, o racismo é mesmo coisa de imbecis, mas a reação foi desmedida. Não há assunto sério o bastante que não possa ser tratado com humor. Uma das vantagens de nos tornarmos adultos é a capacidade de rirmos de nós mesmos. Não existe piada certa ou errada. Existe piada boa ou ruim. E, sem hipocrisia, admita que às vezes o cruel, ou o trágico, ou o dramático, é mesmo engraçado.
Na semana anterior, a linda atriz Juliana Paes ficou feia ao conseguir na Justiça a proibição de que o colunista Zé Simão envolva seu nome em piadas sobre castidade e casta, por conta de sua personagem na novela Caminho das Índias. Eu não vejo novela e sobre casta e castidade eu só sei que não gosto nem de uma, nem de outra.
Romário, entre milhares de imbroglios financeiros e judiciais, tem que pagar multa de R$ centenas de milhares porque na época em que era proprietário do Bar Café do Gol mandou pintar uma charge do técnico Zagallo defecando na porta do banheiro. Agora, tem que engolir. Não entendo onde está a ofensa. Você conhece alguém que não vá ao banheiro?
Vivendo um período conturbado, com presença constante no noticiário graças às suas confusões e dívidas, e recebendo tratamento de vilão, Romário mandou mais uma pérola bem humorada: “Queria deixar claro que não fui eu quem matou Michael Jackson, nem quem trouxe a gripe suína para o Brasil.” A vida de Romário extra-campo não me interessa. Dentro de campo, ele também nunca foi santo. Mas era um deus.
Falando nisso, o nada admirável político Silvio Berlusconi, primeiro-ministro italiano, também soltou uma boa, depois dos recentes escândalos envolvendo sua vida sexual: “Há milhares de garotas bonitas e empreendedoras por aí. Não sou um santo, eu imagino que vocês já tenham entendido isso.” Tá certo. Entendemos sim, não somos imbecis.
Eu não sei se quem critica o Bolsa Família é mesmo imbecil como Lula disse, mas sei que o Danilo Gentili disse uma coisa certa: “O politicamente correto nos imbeciliza.”