Sexta à tarde no escritório, calor da porra. Do nada, o L. disse que o que move o mundo é a preguiça. Defendeu sua tese aparentemente contraditória, argumentando que o homem investe algum tempo em descobrir uma forma de não mais fazer aquela coisa, porque tem preguiça de fazê-la. Exemplos: inventou o santo controle remoto para não ter que levantar para mudar o canal da TV, o são micro-ondas para não ter tanto trabalho na hora de assar, cozinhar ou esquentar um comida. E para fazer pipoca sem muito esforço. Voltando na história, o homem inventou a roda porque tinha preguiça de andar tanto.
Sem preguiça alguma, a polêmica se instalou. A. levantou uma hipótese brutal ao dizer que o que move o mundo é a guerra. Que todas as tecnologias e progressos a que o homem chegou derivam de pesquisas com fins bélicos.
A M. disse que o que move o mundo é a culpa. É por ela que as mães chegam em casa depois de um dia inteiro de trabalho estressante cheias de paciência com os filhos, ao invés de lhes darem uns tabefes pela bagunça e pelas travessuras. Sem parecer se importar com a razão pela qual o cônjuge estaria se sentindo culpado, M. disse que não há nada melhor que um marido culpado, porque ele satisfaz todas as vontades de sua mulher. E a recíproca é verdadeira, se for a mulher quem estiver costurando para fora.
Donde se pode inferir que se o motivo da culpa for um caso extraconjugal, amantes melhoram um casamento ao invés de destruí-lo. A C. disse que essa conclusão faz sentido. E ela também defendeu a culpa: as mulheres malham na hora do almoço porque se sentem culpadas pela Coca-Cola e pelo chocolate que comeram vorazmente na TPM.
Eu pensei em dinheiro. Pensei em sexo. Porque todo o resto é atividade-meio. Cogitei falar que é o amor. Mas iria me sentir culpado se dissesse essa inverdade, por mais romântica que seja.
Preferi simplificar. O que move o mundo é o movimento de rotação.
Video de estréia! | 13anosdepois
Há 9 anos