domingo, 30 de janeiro de 2011

Movimento

Sexta à tarde no escritório, calor da porra. Do nada, o L. disse que o que move o mundo é a preguiça. Defendeu sua tese aparentemente contraditória, argumentando que o homem investe algum tempo em descobrir uma forma de não mais fazer aquela coisa, porque tem preguiça de fazê-la. Exemplos: inventou o santo controle remoto para não ter que levantar para mudar o canal da TV, o são micro-ondas para não ter tanto trabalho na hora de assar, cozinhar ou esquentar um comida. E para fazer pipoca sem muito esforço. Voltando na história, o homem inventou a roda porque tinha preguiça de andar tanto.


Sem preguiça alguma, a polêmica se instalou.  A. levantou uma hipótese brutal ao dizer que o que move o mundo é a guerra. Que todas as tecnologias e progressos a que o homem chegou derivam de pesquisas com fins bélicos.

A M. disse que o que move o mundo é a culpa. É por ela que as mães chegam em casa depois de um dia inteiro de trabalho estressante cheias de paciência com os filhos, ao invés de lhes darem uns tabefes pela bagunça e pelas travessuras. Sem parecer se importar com a razão pela qual o cônjuge estaria se sentindo culpado, M. disse que não há nada melhor que um marido culpado, porque ele satisfaz todas as vontades de sua mulher. E a recíproca é verdadeira, se for a mulher quem estiver costurando para fora.

Donde se pode inferir que se o motivo da culpa for um caso extraconjugal, amantes melhoram um casamento ao invés de destruí-lo. A C. disse que essa conclusão faz sentido. E ela também defendeu a culpa: as mulheres malham na hora do almoço porque se sentem culpadas pela Coca-Cola e pelo chocolate que comeram vorazmente na TPM.

Eu pensei em dinheiro. Pensei em sexo. Porque todo o resto é atividade-meio. Cogitei falar que é o amor. Mas iria me sentir culpado se dissesse essa inverdade, por mais romântica que seja.

Preferi simplificar. O que move o mundo é o movimento de rotação.

111

Ouço na praia, e confirmo lendo o jornal, que um matemático "tarado" descobriu que, em 2011, se qualquer pessoa somar a idade que fará este ano com os dois últimos algarismos do ano de seu nascimento, o resultado será invariavelmente 111.


No meu caso, farei 43 em agosto. Nasci em 68. A soma dá...

Sabem o que isso significa?

Porra nenhuma. É apenas um fato curioso.

Não se preocupem. O mundo só vai acabar em 2012.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Longo prazo de dias curtos

Foto: Leandro Wirz


Eu poupo livros. É uma poupança forçada, é verdade. Ou melhor, é um fundo de previdência. Espero sacá-los da estante quando me aposentar. Creio, realista, que só depois que eu pendurar as chuteiras no trabalho terei tempo para ler todos os volumes que se acumulam. Por certo, na companhia dos livros, meus dias de il dolce far niente não serão tediosos.


Visitando as prateleiras, constato que já há mais livros por ler do que lidos. O que desconheço é muito mais vasto do que aquilo que conheço. E eu continuo comprando aqueles que me interessam e recebendo presentes generosos. Claro que leio alguns, mas é como enxugar gelo ou empurrar pedra morro acima.

Não é o tipo de poupança que tranquiliza à medida que o saldo aumenta. Ao contrário, gera angústia. Não gosto de postergar a vida. Ela é imprevisível. Mas os dias, esses sim, são curtos.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Escolha de Sofia

Eu não assisto a novelas. Mesmo. E não é por pedantismo pseudo-intelectual, não. As telenovelas são um gênero legítimo, com tramas e diálogos desenvolvidos por escritores talentosos como Gilberto Braga, Silvio de Abreu, Manoel Carlos (o “garoto” do Leblon), Benedito Ruy Barbosa, Gloria Perez, e o finado Cassiano Gabus Mendes, entre outros.


Assisti a algumas no passado, acho que “O Clone” foi a última. Faz tanto tempo que ela já foi até reprisada. Hoje, não tenho nem tempo, nem interesse, nem saco.

Mas eu leio notícias e vejo propaganda de maneira geral. Então sei que hoje estréia uma novela chamada “Insensato Coração”. E que o triângulo amoroso é formado pelo ator felizardo Eriberto Leão e pelas atrizes Fernanda Machado e Paola Oliveira.

Neste caso específico, não há outra escolha sensata que não seja ficar com as duas ao mesmo tempo agora.







ps 1.: apesar desse forte duplo apelo, não, não vou acompanhar a novela.

ps 2.: em tempo e para registro: nem por dinheiro, nem por gostosas, eu assisto ao Bíceps Bundas Boçais.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Dissonância cognitiva

                                                                           Reef 


Quem acompanha o blog, sabe que temos um Golden Retriever. E o bicho é grande. Parrudo, ótimo pedigree, porte de campeão. Modéstia às favas.



Por natureza e temperamento, o Reef é super dócil, cachorro estilo corrimão ou maçaneta, em que todo mundo passa a mão. Mas ele é anti-social com outros machos.


Estávamos no elevador quando uma moradora abriu a porta e seu cachorro, um desses tipo salsicha, que já foi “garoto-propaganda” da marca de amortecedores Cofap, latiu bravamente e, sem noção, ameaçou partir para cima.


Temi que, em uma briga, ele pudesse matar o Reef. Engasgado. Mas nosso cachorro ficou impassível, apenas olhando o miúdo, provavelmente “pensando”: “Tá de sacanagem, né?”


Enquanto isso, a dona do salsicha – uma vizinha argentina (não sei porque, mas acho que isso tem a ver) – gritava com sotaque forte buscando conter a ferinha: “Apolo! Apolo!”


- “Apolo?!”. E pensei como o Reef.

sábado, 1 de janeiro de 2011

um do um de um um

Foto: Tereza Wirz



"Para ser grande, sê inteiro: nada
teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
brilha, porque alta vive."

Fernando Pessoa
 
 
É isso, caros e caras, pão e poesia pra vocês em 2011.
Ou melhor, croissant. Leiam o belo texto em que Carol Nogueira saúda o novo ano.
http://le-croissant.blogspot.com/2010/12/viva-2011.html
 
 
E já que ontem é passado e o futuro a ninguém pertence, faça o melhor que puder. Seja feliz hoje. E tente colecionar hojes felizes.