No táxi em São Paulo, o motorista banca o guia e avisa que aquela avenida fica cheia de putas e travecos à noite. Expliquei que não me chamo Ronaldo e não curto travecos. Ele então começou a contar a noite em que uma prostituta pediu para trocar de roupa em seu carro.
- Posso trocar de roupa aqui atrás?
- Claro, fique à vontade, mas eu não tenho insul-film. Se você não se incomodar...
- Não, tudo bem, tá tranquilo.
Minutos depois, o taxista viu pelo retrovisor que a moça, completamente nua, começava a vestir uma roupa discreta, comportada.
Ela explicou que é garota de programa, mas troca de roupa antes de chegar em casa, porque diz para o marido que é babá. E que não dá telefone fixo do emprego, porque a patroa proíbe que ela receba ligações particulares no serviço. Bem, tem gente que acredita em Papai Noel, em duendes, na idoneidade dos governantes. Então, deixa o marido acreditar no que lhe convém.
Em súbita crise de consciência, ela comentou:
- Chato, né, mentir para o marido...
O taxista contrapôs:
- Mas quem disse que você está mentindo? Só muda o tamanho da criança...
E assim, sábio e cínico, consolou a pobre moça.