Uma amiga recente me perguntou qual a minha posição política, se sou de direita ou de esquerda. Respondi que minha posição é distante.
Na verdade, faço o possível para me manter distante. Pura auto-defesa. Política no Brasil só causa frustração, nojo, revolta, raiva. Então, tento me manter longe e impassível.
Difícil. Semana passada, fui a São Paulo assistir a um seminário de Comunicação. Estava almoçando com colegas em um restaurante – e as TVs nas paredes dos restaurantes são uma praga – quando passou a propaganda eleitoral gratuita.
A primeira candidata a se apresentar foi Cameron Brasil, atriz pornô que, vestindo espartilho e cinta liga, mostrou sua proposta flácida. De longe e com dezoito doses de uísque, posso achar que ela lembra vagamente a Cameron Diaz. Depois, veio uma tal de Mulher Pêra, que de sainha e top, rebola cantando seu jingle brega. Enfim, nem pela bunda eu conseguiria diferenciá-la das outras mulheres horti-fruti. Aí veio o ex-pugilista Maguila que murmura qualquer coisa inintelegível e esmurra o ar. Pronto. Resolveu na porrada.
Então, surgiu o palhaço Tiririca que, segundo as pesquisas, será o candidato a deputado mais votado do Brasil, com cerca de 900 mil votos. Tiririca diz que não sabe o que faz um deputado, mas que quando for eleito, conta “pá nóis”. Diz que todo mundo vai votar nele, até a sua sogra. E o seu slogan é “Pior do que está não fica.” Uma titica.
Enquanto isso, nosso salomônico STF empata na decisão sobre o projeto de lei da Ficha Limpa (incrível não ter um mecanismo de desempate!) e Maluf, Jader e outros continuam elegíveis por aí. Sem falar em Roriz que, num escárnio, retira sua candidatura e lança a esposa em seu lugar.
Entende, minha amiga, por que prefiro me manter longe da política? Não há solução que torne o Brasil viável neste século. Esta é a dimensão do meu desencanto.
E Chávez será eleito para mais um mandato.
Video de estréia! | 13anosdepois
Há 9 anos