domingo, 26 de setembro de 2010

Eu quero distância

Uma amiga recente me perguntou qual a minha posição política, se sou de direita ou de esquerda. Respondi que minha posição é distante.


Na verdade, faço o possível para me manter distante. Pura auto-defesa. Política no Brasil só causa frustração, nojo, revolta, raiva. Então, tento me manter longe e impassível.

Difícil. Semana passada, fui a São Paulo assistir a um seminário de Comunicação. Estava almoçando com colegas em um restaurante – e as TVs nas paredes dos restaurantes são uma praga – quando passou a propaganda eleitoral gratuita.

A primeira candidata a se apresentar foi Cameron Brasil, atriz pornô que, vestindo espartilho e cinta liga, mostrou sua proposta flácida. De longe e com dezoito doses de uísque, posso achar que ela lembra vagamente a Cameron Diaz. Depois, veio uma tal de Mulher Pêra, que de sainha e top, rebola cantando seu jingle brega. Enfim, nem pela bunda eu conseguiria diferenciá-la das outras mulheres horti-fruti. Aí veio o ex-pugilista Maguila que murmura qualquer coisa inintelegível e esmurra o ar. Pronto. Resolveu na porrada.

Então, surgiu o palhaço Tiririca que, segundo as pesquisas, será o candidato a deputado mais votado do Brasil, com cerca de 900 mil votos. Tiririca diz que não sabe o que faz um deputado, mas que quando for eleito, conta “pá nóis”. Diz que todo mundo vai votar nele, até a sua sogra. E o seu slogan é “Pior do que está não fica.” Uma titica.

Enquanto isso, nosso salomônico STF empata na decisão sobre o projeto de lei da Ficha Limpa (incrível não ter um mecanismo de desempate!) e Maluf, Jader e outros continuam elegíveis por aí. Sem falar em Roriz que, num escárnio, retira sua candidatura e lança a esposa em seu lugar.

Entende, minha amiga, por que prefiro me manter longe da política? Não há solução que torne o Brasil viável neste século. Esta é a dimensão do meu desencanto.

E Chávez será eleito para mais um mandato.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Vale a pena ver de novo

O peixe mais recente no cardume deste mar de coisa é Robert Frost. Não sei se é nome de batismo ou apenas um heterônimo. Mas resolvi lhe dar as boas-vindas e, por seu intermédio, estender meu agradecimento a todos os que nadam por estas águas.

Por isso, reproduzo aqui um post que publiquei originariamente em 7 de setembro de 2008, nos primórdios do blog. Nunca é demais reler Mr.Frost.

“Quando eu era adolescente, minha mãe me apresentou a este poema do norte-americano Robert Frost, escrito em 1915. Imediatamente, tornou-se meu poema de cabeceira e pautou algumas de minhas escolhas. Publico o original em inglês, seguido de uma tradução livre.


THE ROAD NOT TAKEN

Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;


Then took the other, as just as fair
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that, the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.


I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
two roads diverged in a wood, and I -
- I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.


A ESTRADA NÃO SEGUIDA

Duas estradas divergiam em um bosque amarelo
e lamentando não poder seguir por ambas
e ser um viajante, longamente eu permaneci
e olhei uma delas até o mais longe que pude,
para onde ela sumia entre os arbustos.


Então, segui a outra, igualmente bela
e tendo talvez clamor maior
porque era gramada e convidativa;
Embora quanto a isso, as passagens
houvessem lhes desgastado quase que o mesmo,


e ambas naquela manhã se estendiam
em folhas que nenhum passo enegrecera,
Oh, eu guardei a primeira para um outro dia!
Contudo, sabendo como um caminho leva a outro,
eu duvidei de que um dia voltasse.


Eu estarei contando isso com um suspiro
a eras e eras daqui:
Duas estradas divergiam em um bosque, e eu –
Eu escolhi a menos percorrida,
e isto fez toda a diferença.


Quando lecionei Ética e Legislação Publicitária, eu costumava encerrar o semestre letivo com estes versos. Afinal, falamos de liberdade, de responsabilidade, de escolhas, de ousadia e da possibilidade de fazer um mar de coisas de um modo diferente.”

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Favor não confundir

Ontem, na coluna do Joaquim Ferreira dos Santos:


“Homem bom é...

Domingo, durante a peça ‘Não existe mulher difícil’, Marcelo Serrado perguntou à platéia qual o tipo de homem que mulher gosta. Uma senhora gritou logo ‘Riiiiico’. Não só foi aplaudida como ninguém citou outra qualidade masculina. Morreu aí.”

Depois, a mulherada reclama daquele ditado/brincadeira que diz “mulher gosta de joia, quem gosta de homem é viado.”

Calma, não se ofendam, ninguém aqui está chamando vocês de interesseiras, mercenárias ou putas (eu particularmente não acho uma ofensa chamar alguém de puta). Mas vamos olhar friamente, sem preconceitos e juízos morais. “Mulher gosta de joia”. Ou “de dinheiro”, em uma variante do mesmo dito popular. No sentido lato, podemos entender que mulher gosta do conforto e da segurança que a estabilidade financeira traz. É uma atualização do bom e velho neanderthal caçador capaz de prover e assegurar a sobrevivência da mulher e de sua prole. Será isso? E qual o mal? Um amor e uma cabana só funciona em conto de fadas e novela ruim.

Acho que mais até que a segurança material, mulher gosta mesmo de segurança emocional. E é claro que mulheres também gostam de sexo. Mais ainda, gostam de se sentir desejadas.

Vamos expandir também o “quem gosta de homem é viado” e sua variação mais grosseira que é “quem gosta de pau é viado”. De maneira geral, mulher se interessa menos por sexo do que o homem. Antes de negar essa afirmação, minha cara, pense em quantas vezes você não esteve a fim nessa semana. Contou? Mal coube em uma das mãos, não é?  Vamos lá: um homossexual masculino é um homem que sente tesão por outro, como o próprio termo expressa. E qual a prioridade de um homem, gay ou hetero? Sexo. Pode apostar todo o seu dinheiro nisso, moça. E favor não confundir com amor.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Independência ou morte?

O artista pernambucano Gil Vicente tem muitos inimigos. E os executa, impiedosamente. Ao menos em seus desenhos, que serão exibidos na Bienal de São Paulo, a partir de terça feira.


As obras fazem parte da série Inimigos, que reúne desenhos bem realistas em carvão sobre papel, nos quais o próprio artista é retratado apontando uma arma para a cabeça de FHC ou segurando uma faca, prestes a degolar Lula. Entre seus desafetos, todos na iminência de serem mortos nos desenhos, estão a rainha da Inglaterra, Elizabeth II; o papa Bento XVI, o ex-presidente americano George W. Bush; o ex-secretário geral da ONU, Kofi Anan; o ex-premier israelense Ariel Sharon; e dois candidatos ao governo de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos e Eduardo Campos.

Você pode ver os desenhos em http://www.gilvicente.com.br/inimigos/inimigos.html

Talvez seja a única chance de vê-los, porque a seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) quer impedir a exposição, alegando apologia ao crime.

O presidente da Fundação Bienal de São Paulo, Heitor Martins, assegurou que as obras não serão retiradas da mostra. "Um dos pilares da Bienal, que vai completar 60 anos, é a independência curatorial e a liberdade de expressão dos artistas. Não vamos exercer nenhum tipo de censura", afirmou.

Caso a posição da curadoria da Bienal não mude, a OAB-SP promete recorrer ao Ministério Público Estadual para pedir a retirada das obras e o indiciamento dos responsáveis.

E então? A arte estimula matar? Ou o que mata é a censura?

domingo, 19 de setembro de 2010

Desbloqueando

Recebi propaganda eletrônica para participar da Bloqueata, que é uma manifestação em favor da liberdade criativa e da espontaneidade do Carnaval de Rua do Rio de Janeiro. Óbvio que não vou.


Na tarde deste domingo, diversos blocos de rua se concentram na Praça XV para o Bailão Pró Carnavalesco da Cidade. Os (des)organizadores afirmam: “a gente não quer promover bagunça, mas o excesso de normatização pode acabar com a espontaneidade dos blocos de carnaval do Rio de Janeiro. Queremos cair na folia com o povo no meio da rua, cantar hinos e marchinhas a plenos pulmões, criar nossos roteiros ao sabor do acaso e da vontade dos participantes, estimular o livre dançar e aproveitar a melhor época do ano na cidade do Rio”

Democraticamente, sinta-se à vontade para ler o Manifesto Momesco:

http://desligadosblocos.blogspot.com/2010/09/manifesto-momesco.html

Democraticamente, eu me sinto à vontade para ser contra. Vocês sabem, eu sou um sujeito antipático, rabugento, anti-social e odeio a zona que os blocos impõem como se todos na cidade tivessem que se submeter ao caos que o Carnaval traz. Os blocos de rua pleiteiam o seu livre direito de ir e vir, cerceando o mesmo direito daqueles que não estão a fim de se enturmar. Eu quero saber quando e onde será a folia para poder ir em direção oposta. Já que sou o incomodado, eu que me mude.

Sou a favor da máxima normatização dos blocos para que a sua festa seja ótima. Inclusive para os que não querem participar dela.

Sim, a praça é do povo. E eu sou tão povo quanto você, folião. Não quero bloquear o bloco, mas não quero que sua marchinha me bloqueie.

sábado, 18 de setembro de 2010

Deus não tem nada com isso

Primeiro foi aquele pastor evangélico na Flórida, Terry Jones, que ameaçou queimar exemplares do Alcorão em 11/9 em protesto contra a construção de uma mesquita próxima ao Marco Zero, em NY. A mídia equivocadamente se encarregou de dar a um sujeito irrelevante com uma ideia idiota na cabeça toda a notoriedade que ele queria. O assunto ganhou proporções mundiais, incitou a fúria de grupos muçulmanos radicais e poderia ter tido consequências gravíssimas.


Depois, foi um professor de Direito quem fez a coisa errada. Alex Stewart, australiano, ateu, resolveu enrolar tabaco em páginas arrancadas do Alcorão e da Bíblia e fumar para supostamente ver qual é o melhor. Fez um videozinho de 12 minutos e postou a babaquice no You Tube. O vídeo já foi retirado do ar. E o professor também, suspenso por tempo indeterminado pela Universidade de Queensland.

Daí, vem o papa Bento XVI em visita ao Reino Unido e declara: "Nós conseguimos lembrar como a Grã-Bretanha e seus líderes se levantaram contra a tirania nazista que queria erradicar Deus da sociedade e negava nossa humanidade comum a muitos, especialmente os judeus, que eram vistos como indignos de viver. Quando formos refletir sobre as lições sombrias do extremismo ateísta do século 20, nunca nos deixemos esquecer de como a exclusão de Deus, religião e virtude da vida pública leva em última instância a uma visão truncada do homem e da sociedade e, portanto, a uma visão reducionista das pessoas e seus destinos."

Insinuar relação entre ateísmo e nazismo é perverso, porque uma coisa não tem nada a ver com outra. Olhe antes para o seu próprio umbigo papal e lembre-se que o catolicismo produziu barbáries como a Inquisição e tantos outros crimes (in)justificados pela fé.

Religião e virtude nem sempre caminham de mão dadas. A verdade é que existem pessoas idiotas e más em todas as religiões e também entre os ateus. Todas as religiões merecem igual respeito, mas não é a sua religião que torna um indivíduo melhor ou pior. É o caráter.





...

Ainda sobre religião e preconceito, a matéria que li sobre o caso do professor australiano o definia com seguinte expressão: “ateu confesso”. Ora bolas, eu conheço “réu confesso”. É preciso confessar ser ateu? Como se fosse algo errado? Você, por acaso, é católico confesso, judeu confesso, evangélico confesso? Ateu. E ponto.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

All I got and all I want...

A Ausländer é uma grife moderninha com algumas roupas descoladas. Tenho uma camiseta com uma caveira de headphone fumando que eu adoro. Entrei lá há algumas semanas, atraído pela palavra mágica “sale” e olhando despretensiosamente as araras, parei numa camiseta onde estava escrito:


-“I went to Salvador and all I got was this herpes.”

Eu não sou, nem quero ser e não gosto do politicamente correto. Mas fiquei perplexo. Que escroto! Quem veste isso?!

Mas não vou só lançar pedras na vidraça alheia. Em uma coleção anterior, a marca acertou em cheio em duas camisetas que sintetizam os desejos masculinos e femininos. Na versão testosterona, estava escrito: “Money & Beer & Poker & Cicciolina”. Não necessariamente nessa ordem, mas nossos interesses não variam muito além disso, não. Ficando claro que a “Cicciolina” não é a própria, evidentemente, mas um ícone. Afinal, ela já deu o que tinha que dar.

A versão para as mulheres estampava a seguinte wishing list: “Chocolate & Shoes & Diamonds & Jude Law.” Me digam vocês, meninas, se não é isso. Ou quase.

Ricardão pop-up no Aurélio

No ano do centenário de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, crítico, tradutor e lexicógrafo brasileiro, a editora Positivo lança a 5ª edição do Dicionário Aurélio, revista e ampliada.


Segue uma amostra das novidades: agrobusiness, allnews, bandeide, barwoman, biojoia, blue tooth, blu-ray disc, blu-ray player, bollywoodiano, botox, bullying, chef, chocólatra, chororô (certamente, em homenagem aos botafoguenses!), ciabatta, combo, cookie, data-show, donut, doula, e-book, ecobag, ecojoia, ecotáxi, ecoturismo, empreendedorismo, Enem, flex, fotolog, glamorizar, hora-aula, hotspot, mix, mochileiro, nerd, odontogeriatria, pet shop, petit gâteau, pop-up, pré-sal, ricardão, saidinha de banco, SAMU, sex shop, tablet, test drive.

E também entraram no dicionário os verbos blogar e tuitar. Agora meu pai já sabe o que eu faço.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Ralação

Sei lá de onde tiraram mais essa ideia esdrúxula que alguns veículos de comunicação estão tentando fazer pegar: hoje é o Dia do Sexo. Seis do nove remete a sessenta e nove, aquela posição, sacou? Dãããã.

Mas para que um Dia do Sexo? Para lembrar de fazer sexo? O dia que eu precisar de um lembrete desses, prefiro estar morto. Eu já acordo pensando é no sexo do dia. Como, onde, quando. Com quem, já está definido.

Então o Dia do Sexo serve para as pessoas falarem sobre sexo? Ah, então tá, umas sacanagens ao pé do ouvido funcionam super bem em certos momentos. Se for para falar do assunto com viés de educação sexual também é válido e útil. Mas se for para discutir a relação (sexual), então, pelamordideus, arruma coisa melhor para fazer. E aproveita que hoje é dia.

Propósito comercial? Ok, vai se vender mais preservativos, vibradores, brinquedos sexuais, lingeries, lubrificantes, filmes eróticos, e tudo mais que essa indústria movimenta, além de corpos dignamente remunerados ou não.

Enquanto isso, os americanos comemoram hoje o Labor Day. Sim, lá não 1º de maio como no Brasil e na Europa, é na primeira segunda-feira de setembro. O Dia do Trabalho deles é o nosso Dia do Sexo. Huum, acho que a gente está melhor de motivo, mesmo sem ser feriado por aqui. Amanhã, Dia da Independência, a gente descansa. De hoje.





ps 1.: posso contar uma piada horrível?

- Vamos fazer um sessenta e oito?
- Sessenta e oito?! Como assim? Como é que é?
- Você faz em mim e eu fico te devendo uma...


ps 2.: Eu avisei antes que a piada era horrível.

domingo, 5 de setembro de 2010

A história de todos nós



Sua avó já dizia que homem é tudo igual. Seu avô já dizia que as mulheres são assim mesmo. Todo mundo é parecido quando ama e quando sente dor.


Por isso, fomos assistir à “História de Nós 2”. Que é, de forma bem realista, a história de todos nós. A peça mostra com bom humor todas as fases de um relacionamento amoroso. Do início, onde até os defeitos parecem perfeitos, até o fim, destino mais provável de todas as relações. Passando pelo período do meio, onde nada acontece na cama e tudo acontece fora dela.

Os casais na platéia invariavelmente se identificam com as situações e se cutucam aqui e ali, querendo dizer: “Viu? Eu te digo” ou “Igualzinho a você”. Na prática, é como passar um monte de recados, sem você precisar passar pelo tormento de discutir a relação. Muito embora algumas discussões, ou mesmo conversas, sejam monólogos, já que há mulheres que, como a personagem do espetáculo, sofrem de “incontinência verbal”.

O abismo entre expectativas e visões masculinas e femininas fica evidente desde o início, quando ele descreve a noite perfeita como “chegar do trabalho, beber uma cervejinha, assistir ao futebol e namorar a minha mulher.” Ao que ela retruca: “Ele só pensa nisso: cerveja, futebol e sexo. Sinceramente, isso é vida?”. Preciso responder?

Depois que o filho nasce as distâncias aumentam. Ele quer a mulher de volta. Ela quer um pai para o filho. Sexo torna-se artigo raro. Ela concentrada no papel de mãe, com a libido a zero e pressionada pelas “obrigações conjugais” diz: “Já dei essa semana. Agora, se Deus quiser, só semana que vem!”. Ele, por sua vez, cansado de ter que criar mil climas para conseguir o básico, capitula: “Desisto, é muita firula pra uma trepadinha só!”

Mas nem tudo é guerra dos sexos. Há entendimento e harmonia. Há amor. Na história deles dois e nas nossas também. Suas risadas, e até mesmo um ou outro nó na garganta, sinalizarão que, de algum modo, você também está retratado ali. No início, no fim do início, no meio, no começo do fim, no fim. Se há final feliz? Todo final que implica recomeço, juntos ou separados, é um final feliz.

Em tempo: ao contrário do que costuma acontecer a muitos casais, os atores Alexandra Richter e Marcelo Valle não perderam o tesão depois de um ano e meio em cartaz. A dupla está muito afinada em cena. Enfim, recomendo.



Serviço

“A peça conta a história de Edu, dividido entre o desejo de ascender profissionalmente, a vontade de manter um casamento e o sonho de ser eternamente livre, e Lena, uma mulher 'partida' entre carreira, maternidade e paixão.
A trama começa na noite em que Edu, separado de Lena há algum tempo, vai ao apartamento buscar seus últimos pertences. Assim, o derradeiro encontro do casal converte-se num ajuste de contas cômico e emocionante, no qual eles tentam descobrir de quem afinal foi a culpa da separação: da mulher, da mãe, da advogada bem sucedida, do marido, do adolescente eterno ou do publicitário workaholic. Por meio de humorados e reflexivos flashbacks, seis personagens ocupam a cena para mostrar A História de Nós 2.

Ficha Técnica:
Autora: Licia Manzo
Diretor: Ernesto Piccolo
Elenco: Alexandra Richter e Marcelo Valle
Local: Teatro Vanucci, Shopping da Gávea, Rio de Janeiro”

Desinspirado

Vocês sabem, tenho que garantir o leite das crianças. No caso, a ração do cachorro e meus supérfluos imprescindíveis. Por isso, o excesso de transpiração (no escritório, evidentemente) e a falta de inspiração me mantiveram ausente do blog nesses últimos dias.


Não tive cabeça para narrar surreais histórias verdadeiras ou inventar ficções verossímeis. Suspeito que essa depressão criativa também possa ser associada ao período pré-eleitoral. É que nessa época, a coisa toda, “tudo isso que está aí”, vem à tona, ainda mais feia e fedida. E a gente se envergonha e se revolta com a quantidade de pulhas e pândegos que são candidatos, especialmente a cargos no Legislativo. É deprimente.

A falta de ideias também pode ser consequência dos dias secos e do calor que voltou pra valer. Alguém me diz: “Nossa, está um dia lindo, vamos sair!”. Daí eu abro a janela, vejo aquele sol de lascar e sinto o bafo quente. E volto correndo para dentro de casa, em busca de sombra e ar condicionado. Dia lindo para mim é dia cinza, sacou?