quinta-feira, 3 de junho de 2010

Altíssimo nível

Eu sou um pacato cidadão honesto da classe média. Não compro produto pirata (nem um mísero DVD) e pago imposto de renda e todos os demais, diretos e indiretos.


Daí vem o seu presidente afirmar, em discurso realizado na noite de 31/5, no encerramento do Seminário de Alto Nível da Comissão Econômica para América Latina (Cepal) – aliás, que “alto nível” auto-elogioso é esse?!

- “Tem muita gente que se orgulha de dizer: "No meu país, a carga tributária é de apenas 9%"; "No meu país, a carga tributária é apenas 10%". Quem tem carga tributária de 10% não tem Estado! O Estado não pode fazer absolutamente nada. Está aí, cheio de exemplos para a gente ver. É só percorrer o mundo para a gente perceber que exatamente os Estados que têm as melhores políticas sociais são os que têm a carga tributária mais elevada. Vide Estados Unidos, Alemanha, França, Suécia, Dinamarca. E os que têm a carga tributária menor não têm condições de fazer absolutamente nada de política social.”

A carga tributária brasileira é uma das maiores do mundo. Ela sim é de alto nível. Mas o que temos está muito aquém do que o poder público oferece à população desses países citados.

Senhor presidente, sinceramente, eu não tenho problemas em relação ao imposto que pago. Tenho em relação ao que recebo do governo. De todos os governos. O seu e o de seus antecessores. Nas esferas federal, estadual e municipal.

Ensino de qualidade nas escolas públicas, rede de saúde, saneamento, bons serviços públicos, menos burocracia, sistema judiciário ágil e eficiente, segurança pública, estradas e ruas asfaltadas com um mínimo de decência, previdência oficial, malha de transportes, etc etc etc.

Enfim, absolutamente tudo que depende do alto imposto que nós brasileiros pagamos para gerar o tal Estado forte e funcionar bem, não funciona a contento. O Estado é forte para arrecadar, mas fraco para realizar.

O problema não está do lado de cá, dos pagadores. Está do lado dos gestores e prestadores de serviço. Do seu lado, portanto. Do lado da turma de “alto nível”.

Um comentário:

Mirelle Matias disse...

Os impostos aqui na França são realmente altissimos. Mas ninguém reclama. Aqui tem greve contra tudo, mas jamais contra os impostos que são pagos, veja so.

Vai ver é pq aqui as estradas não possuem buracos, educação e saudade são gratuitas e de qualidade, e a segurança é enorme. Ou seja, vale a pena;

Vc tem toda razão Leandro, o roblema não é pagar, é pagar por nada.