sábado, 30 de abril de 2011

E que sejam felizes

Antes mesmo do casamento de William e Kate começar eu já não aguentava mais ouvir falar dele. Saturado por sua presença quase unânime na mídia (exceção foi o jornal The Guardian, que ofereceu uma versão alternativa do seu site na qual ignora solenemente qualquer notícia sobre o casamento e, assim, suscita questões interessantes sobre decisões editoriais).


Pelo Facebook, pelas ruas e no escritório, me deparei com centenas de comentários sobre o vestido da noiva e das convidadas, o cabelo, a tiara, a maquiagem, o buquê, os brincos e mais um longo etc de detalhes que, claro, só as mulheres reparam.

Honestamente, eu não estou lá muito interessado no casamento real da monarquia britânica. Acho também que as pessoas não estão interessadas em casamentos reais, mas sim em casamentos de fantasia. Contos de fada. Ilusões.

Vi mulheres maduras envolvidas pelo casamento a tal ponto que pareciam adolescentes românticas em quartos ainda cor de rosa. É impressionante como a educação que recebemos em casa, os filmes, os livros, as telenovelas, as canções, a publicidade, tudo isso nos catequiza em mitos e contos cinderelescos de “príncipe encantado”, “amor da minha vida”, “felizes para sempre”.

A única coisa que me interessou no casamento, além de algum eventual decote das convidadas, foi o Aston Martin azul conversível no qual o casal partiu para sua lua-de-mel. Carrinho vintage maneiríssimo.

Pensando bem, não são só as meninas que continuam as mesmas...


2 comentários:

Anônimo disse...

fecho com 'the guardian'.

portanto, o comentário aqui é sobre outra coisa, muito intrigante.

você é publicitário e escreve um dos comentários mais ácidos e corrosivos (sem ofender, jornalístico) a respeito do mecanismo que move esse mundo. mesmo sua sedução com o modelo vintage do carro vem crivada desse desmonte, não adianta negar.

eu, que sou jornalista, faço um blog literário e ofereço ilusões aos meus dois ou três leitores.

fiquei pensando que tem alguma coisa fora de lugar nisso.

ou que, juntos, deveríamos abrir um blog jornalístico-literário e oferecer sonhos e realidades em doses maciças.

sei lá, delírios dominicais, acho...

paulo paniago

Celso Cavalcanti disse...

A cobertura do casamento deu no saco mesmo. Mas sejamos justos: o príncipe casou com uma princesa...